quarta-feira, 20 de abril de 2016

Há 30 anos, Vasco conquistava a Taça Guanabara contra o Flamengo com 2 gols de Romário


Há 30 anos, Vasco conquistava a Taça Guanabara contra o Flamengo com 2 gols de Romário


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Em 20 de abril de 1986, diante de 120 mil torcedores, o Vasco vencia o Flamengo por 2×0 na última rodada.  Um jovem Romário balançaria as redes duas vezes, trazendo para o Cruzmaltino a 4ª Taça Guanabara de sua história, encerrando um jejum de nove anos. Era a 1ª conquista de Eurico Miranda no comando do futebol do clube.
Assim descreveu este jogo histórico o jornalista e vascaíno fanático Tim Lopes:
“Foi uma festa vascaína. Às 19h45, quando o Maracanã apagava seus refletores, o herói e artilheiro da Taça Guanabara descia as escadas para o vestiário suado e cansado, mas feliz. Ele sabia que estava começando ali uma nova era para a equipe de São Januário, a sua era, a era Romário.
Depois de habitar por mais de 17 anos os apaixonados corações dos torcedores vascaínos, o veterano ídolo Roberto Dinamite começa a dividir as luzes da ribalta com seu pequeno sucessor. Romário, 20 anos, mereceu os dois gols que marcou contra o Flamengo, aos 5 e aos 45 minutos do segundo tempo, que deram o título da Taça Guanabara ao Vasco e o colocaram na frente do eterno Roberto na artilharia do campeonato. Agora, Romário tem 12 gols e Roberto 11, o que deixa o Vasco com os dois primeiros goleadores e o ataque mais positivo: 29 gols.
O grito da galera contagiava os jogadores. Afinal, o Maracanã teve público e renda recordes da temporada: 3 377 325 cruzados e 121 093 pagantes. Para ajudar o Vasco, a Mancha Verde, torcida do Palmeiras, também compareceu, o que aumentou a ira rubro-negra. Eram cãnticos de guerra, batalha de bandeiras e muito carnaval, tudo misturado. Na arquibancada, parte da bateria da Escola de Samba Império Serrano empurrava o Vasco em campo. O tradicional “Casaca, casaca, zaca, zaca, zaca…/A turma é boa, é mesmo da fuzarca…” se misturava com o refrão do samba-enredo mais popular do carnaval: “Me dá, me dá, me dá o que é meu / Foram oito anos (tempo em que o Vasco ficou sem o título da Taça Guanabara) que alguém comeu…”
“Nunca perdi uma decisão para o Flamengo”, dizia Romário confiante, ao acordar, domingo, na concentração do clube. Em sua curta carreira, iniciada num time de bairro, o Estrelinha, Romário de Souza Faria sempre foi artilheiro e nunca tremeu diante do Flamengo. Foi campeão juvenil, de juniores e, agora, no profissional, sempre sobre o Flamengo. “Voltei a provar que não faço gol só em time pequeno. Meti logo dois no Flamengo que é para calar a boca de muita gente”, desabafava.
O tão sonhado título vascaíno continuou a ser comemorado, pela quente noite carioca, por dirigentes e jogadores. Boa parte do grupo foi para uma churrascaria em Copacabana, mas o artilheiro Romário preferiu refugiar-se na casa dos pais, no modesto bairro de Vila da Penha. Lá, ele esqueceu a injustiça do corte da seleção de juniores que foi a Moscou e conquistou o bicampeonato mundial. E sonhou em ser, para o Vasco, o que Roberto, o velho Bob Dinamite, representa hoje. Um ídolo e craque inesquecível.”
Assim a imprensa noticiou a conquista vascaína:
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Aos jogadores do Vasco, foi pago um valor recorde pelo título, demonstrando toda importância que tem a Taça Guanabara, uma das competições mais antigas do futebol brasileiro:
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O então vice-presidente de futebol Eurico Miranda comentou sobre a conquista no vestiário pós-jogo:
“Este título não tem preço. A torcida do Vasco estava precisando colocar a mão numa taça e ela veio de maneira sensacional, com uma vitória sobre o Flamengo. então não tem dinheiro que pague este título.”
E também falou sobre a recepção da torcida, que gritou seu nome no Maracanã:
“Esta emoção é algo indescritível. Na verdade, a emoção maior é ver esta torcida com um título que não ganhávamos ha nove anos, desde 1977. Acho que não existe coisa melhor do que isso. agora é comemorar e nos prepararmos para conquistar o segundo turno e o campeonato estadual”
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As notas dos campeões, segundo o jornal “O Globo”:
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Melhores momentos da partida:
A Campanha do Título:
6-0 Goytacaz
3-0 Mesquita
7-1 Portuguesa
2-2 Bangu
2-1 América
3-0 Campo Grande
2-0 Olaria
2-1 Americano
0-2 Botafogo
0-0 Fluminense
2-0 Flamengo
Ficha do Jogo:
20/04/1986 – Vasco 2 x 0 Flamengo – Maracanã
Juiz: Luís Carlos Félix;  Renda: Cr$ 3 377 325;  Público: 121 093
Gols: Romário 5 e 45 do 2º.
Vasco:
Paulo Sérgio, Paulo Roberto, Donato, Fernando e Lira; Mazinho, Gersinho (Geovani) e Josenílton; Mauricinho, Roberto e Romário.
Técnico: Antônio Lopes
Flamengo:
Zé Carlos, Jorginho, Guto, Aldair e Adalberto; Andrade, Valtinho e Gilmar; Bebeto, Chiquinho e Marquinho.
Técnico: Sebastião Lazaroni
Outras vitórias em 20 de abril:
Vasco 2×0 São Cristóvão (Carioca 1930)
Vasco 2×0 Campo Grande (Carioca 1972)
Itabuna 0x1 Vasco (Brasileiro 1978)
Vasco 7×0 Cabofriense (Carioca 1990)
Vasco 1×0 Criciúma (Copa do Brasil 2006)
http://casaca.com.br/site/2016/04/20/ha-30-anos-vasco-conquistava-taca-guanabara-contra-o-flamengo-com-2-gols-de-romario/

A patética "beatificação" de Marighella

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A patética "beatificação" de Marighella

A escolha do nome do guerrilheiro comunista para batizar uma escola baiana revela muito da crise de valores vivida hoje pelo Brasil

JOSÉ FUCS
13/12/2013 15h52 - Atualizado em 14/12/2013 12h40
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Carteira de filiação de Marighella ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1945, antes de liderar a criação da ALN, o grupo guerrilheiro fundado em 1966 (Foto: Arquivo)
Uma eleição patética, realizada há poucos dias numa escola pública de Salvador, revela muito da crise de valores que assola o país. Na eleição, concluída na última terça-feira, dia 10, a dita “comunidade” do Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici, de Salvador, composta em sua maioria por alunos, apoiou a mudança do nome da escola para Colégio Estadual Carlos Marighella, em homenagem ao líder da Ação Libertadora Nacional (ALN), cujo real objetivo, encarado com complacência pelas esquerdas, era implantar a ditadura do proletariado no país.
Marighella, morto em 1969 pelo regime militar, derrotou o geógrafo Milton Santos (1926-2001), que se dedicou ao estudo dos processos de urbanização nos países em desenvolvimento. Agora, o resultado do pleito será encaminhado à Secretaria Estadual de Educação da Bahia e, se depender do apoio do diretor da escola, para quem a mudança representará sua “reinauguração”, ela deverá ser aprovada sem restrições.
Não vou aqui defender o general Emílio Garrastazu Médici (1905-1985), que deixou a tortura correr solta no país durante seu governo (1969-1974) e teve entre seus vassalos o economista Antonio Delfim Netto, hoje venerado pelos esquerdistas de todas as correntes, inclusive pela presidente Dilma Rousseff, ela própria uma ex-terrorista, como Marighela.  Não me alinho com aqueles que aceitam a tortura e a imposição de restrições à democracia, sob qualquer justificativa. 
Sei, porém, que muita gente de bem defendeu e defende até hoje o regime representado pelo general Médici, por seus feitos para livrar o Brasil do comunismo e da anarquia existente no seio das Forças Armadas no início dos anos 1960.  A “Revolução de 1964”, a Gloriosa, não foi apenas uma quartelada, como dizem muitos dos opositores ao regime, mas um movimento com amplo apoio social, especialmente na classe média, afetada pela inflação galopante, que roçava os 100% ao ano, e assustada com as ameaças crescentes contra as liberdades democráticas, chamadas de “burguesas” pelos comunistas, e contra a propriedade privada dos meios de produção.
Até consigo entender que o nome de Médici não encha de orgulho os estudantes de Salvador, nem o diretor do colégio em que eles estudam. Agora, daí a escolher  o nome de um guerrilheiro como Marighella, que agia com base na máxima de Maquiavel, segundo a qual “os fins justificavam os meios”, para batizar a escola, há uma longa distância. É difícil aceitar a barbaridade perpetrada pelos pequenos revolucionários soteropolitanos que pretendem “beatificar” Marighella e transformá-lo em exemplo para as futuras gerações.
Entre tantos heróis brasileiros, que lutaram e lutam para fazer do Brasil um país melhor, é frustrante constatar que, para os pimpolhos de Salvador, não havia nome melhor do que o de Marighella para escolher. Poderia ser um cientista, um artista, um empreendedor ou um trabalhador que conseguiu prosperar na vida com o fruto de seu próprio suor. Ou até mesmo o quase desconhecido (ao menos para mim) geógrafo Milton Santos. Mas não. Eles preferiram prestar homenagem ao camarada Marighella, sabe-se lá por inspiração de quem.
Não dá para aceitar também o poder conferido aos adolescentes de Salvador para decidir o nome da escola. Daqui a pouco, qualquer grupelho de alunos adolescentes, num dos rincões do Brasil, vai sugerir o nome de Che Guevara para batizar sua escola. Ou então o de Mao Tsé Tung, o Grande Timoneiro, responsável pela morte de milhões de chineses durante a Revolução Cultural que ele liderou nos anos 1960. De repente, alguém também poderá reivindicar que o Instituto Rio Branco, responsável pela formação dos diplomatas brasileiros, mude de nome porque o Barão do Rio Branco liderou a dizimação de milhares de paraguaios durante a Guerra do Paraguai. Triste do país que tem como herói o senhor Carlos Marighella, ainda mais se seus admiradores forem pouco mais que crianças em processo de desmama.

http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-fucs/noticia/2013/12/patetica-beatificacao-de-bmarighellab.html