terça-feira, 30 de maio de 2017

BIOLOGIA E IDEOLOGIA DE GÊNERO



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O segredo dos hiperprodutivos é mais simples do que você imagina

O segredo dos hiperprodutivos é mais simples do que você imagina

Em entrevista exclusiva, autor de best-seller sobre administração do tempo explica o mecanismo surpreendentemente simples por trás da alta performance

São Paulo — Na contramão do que muita gente pensa, um profissional altamente produtivo não é o que resolve um grande número de tarefas em pouco tempo; na verdade, é aquele que sabe selecionar as poucas atividades que merecem sua atenção  e não desiste até que estejam concluídas.
Entender essa diferença conceitual é o primeiro passo para alavancar o seu rendimento e ter sucesso em um mercado de trabalho cada vez mais exigente, explica Brian Tracy, especialista em administração do tempo e autor do best-seller “Comece pelo mais difícil” (Sextante, 2017).
Em entrevista exclusiva a EXAME.com, ele afirma que só 10% das tarefas são responsáveis por 90% dos resultados. Todo o resto é irrelevante e pode ser delegado ou eliminado. “O seu rendimento vai dobrar ou até triplicar se você se dedicar exclusivamente às suas prioridades”, diz o especialista.
Tracy não acredita em multitasking, defende que o uso da tecnologia seja regulado pela autodisciplina e diz que a palavra-chave quando se fala em gestão do tempo é “consequência” — isto é, que uma atividade só merece ser executada se tiver efeitos a longo prazo.
Confira a seguir os principais trechos da conversa com o autor norte-americano:
EXAME.com – De um lado, a crise econômica que se arrasta há anos no Brasil produziu uma legião de desempregados. De outro, criou “sobreviventes” que preservaram seus empregos, mas acumularam funções. Qual é o seu conselho para quem precisa resolver mais tarefas em menos tempo?
Brian Tracy – A única saída para enfrentar esse desafio, que aparece não só no Brasil mas no mundo inteiro, é investir na sua própria produtividade. Na crise, é comum ter medo de ser substituído por outra pessoa mais eficiente do que você. Mas se tornar mais produtivo é mais simples do que parece.
O grande problema de hoje é que as pessoas desperdiçam tempo com coisas que não têm nenhum valor, que não produzem nenhum resultado, sem perceber. Uma das ferramentas para escapar disso é o que chamo de “Lei das Três Tarefas”.
Funciona assim: se você fizer uma lista com tudo que precisa fazer ao longo de um mês, chegará a uns 30 itens. Se analisá-los bem, descobrirá que apenas 3 são responsáveis por 90% dos seus resultados; todo o resto é perda de tempo. Quem passa muito tempo envolvido com as outras 27 tarefas irrelevantes é menos produtivo. Com isso, tem mais chances de ser demitido quando a economia vai mal.
Então pessoas que estão sempre ocupadas são menos produtivas do que parecem?
Sim. Se você está ocupado com dezenas de tarefas irrelevantes, então não está trabalhando naquelas poucas que seriam relevantes. Pessoas que “trabalham duro” estão prejudicando a si mesmas. Elas estão gastando sua energia em coisas que não têm o menor valor para a vida delas.
As pessoas realmente produtivas, por outro lado, delegam, terceirizam ou eliminam todas as tarefas que não interessam. Perguntaram para Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo, qual era o segredo do seu sucesso. Ele respondeu que simplesmente dizia “não” para tudo que não estivesse ligado às duas ou três tarefas mais importantes do seu dia.  Veja também: Como delegar tarefas melhor? 
Como descobrir quais são essas três tarefas cruciais?
Pegue um papel e faça uma lista com tudo que você precisa fazer hoje. Faça então a seguinte pergunta: se eu pudesse fazer só uma coisa, qual seria? Então comece a trabalhar nela, e apenas nela, até concluí-la. Use esse mesmo raciocínio para determinar as outras poucas atividades que realmente precisam ser feitas. As empresas não querem pessoas que concluem muitas tarefas, elas querem pessoas que trazem resultados. O seu rendimento vai dobrar ou até triplicar se você se dedicar exclusivamente às suas prioridades. 
O que é uma prioridade?
Uma prioridade é algo que levará você até a realização do objetivo mais importante da sua carreira. Uma não-prioridade é algo que não aproxima ou até afasta você desse objetivo.
Há objetivos de curto prazo, que exigem providências imediatas. Para identificá-los, a pergunta essencial é: qual é o emprego mais valioso do meu tempo agora? Reconheça essa tarefa crucial e faça-a imediatamente. Cada minuto de cada dia importa.
Já os objetivos de longo prazo são aqueles que têm enorme consequência para a sua carreira. Para resumir, faça a seguinte pergunta: qual é a coisa mais importante que eu preciso fazer hoje para atingir o meu objetivo mais importante no longo prazo?
Uma tendência natural dos seres humanos é adiar trabalhos difíceis, intrincados ou aborrecidos. Seu livro defende o oposto, isto é, que se comece sempre pelo que há de mais desagradável na lista de tarefas. Como encontrar motivação para isso?
Gosto de dizer que a primeira coisa que você deve fazer pela manhã é “comer um sapo vivo”. Esse “sapo” é a sua tarefa mais complicada, mais assustadora. Persevere até ela estar 100% pronta. Por que alguém faria isso? Porque, ao final, a pessoa terá a satisfação de saber que aquilo foi a pior coisa que poderia acontecer com ela naquele dia.
Ao se livrar do que é difícil, o seu cérebro vai liberar endorfina e você se sentirá maravilhosamente bem, cheio de energia. A sensação de motivação será tão grande que você chegará a ter vontade de começar uma nova tarefa.
Adiar trabalhos desagradáveis também dá prazer, daí a razão de existirem tantos procrastinadores crônicos
Sim, é verdade. Mas isso traz felicidade? O filósofo Aristóteles já dizia no século 4 a.C. que o propósito da vida humana é ser feliz. Se eu começo e termino uma tarefa, isso me proporciona uma enorme felicidade. É algo que traz auto-estima, energia, entusiasmo, bem-estar. É por isso que pessoas altamente produtivas são muito mais felizes nos seus empregos do que as improdutivas.
Quando você experimenta isso, acabará fazendo isso todos os dias e se sentirá realizado. Em vez de procrastinar, você vai se sentir motivado a realizar cada vez mais coisas. A produtividade vira um hábito.
Se por um lado a tecnologia facilita e agiliza certos trabalhos, por outro cria distrações quase irresistíveis. Basta ver o tempo gasto em redes sociais, por exemplo. Como usar apenas o lado benéfico da internet?
O propósito de todo avanço técnico é diminuir o tempo e a energia necessários para fazer alguma coisa. O objetivo é aumentar a nossa qualidade de vida. O problema é que a tecnologia também ajuda você a realizar atividades de baixo valor, que no fim das contas resultarão em desperdício de tempo, frustração e infelicidade. A sua disciplina e sua capacidade de planejamento é que vão determinar o bom uso desses recursos. Você precisa saber o que é preciso fazer, ou realmente vai se perder com distrações.
É possível ser mais produtivo realizando várias tarefas simultaneamente?
Há muita pesquisa sobre isso e a resposta é não. Não somos capazes de fazer “multitasking”, na verdade isso nem existe. Nós apenas alternamos tarefas. Esse revezamento da nossa atenção é péssimo para a produtividade. Quem faz uma coisa por vez acaba realizando muito mais.  Para evitar: 7 hábitos que estão matando a sua produtividade 
Isso porque, se você tira o olhar de uma tarefa para fazer outra, demorará cerca de 20 minutos para voltar à sua missão original. Ou seja, se você ficar interrompendo o tempo todo um determinado trabalho, você demorará muito mais para completá-lo. As interrupções causam cansaço e, no fim, frustração. Por isso, em vez de fazer “multitasking”, tente se concentrar numa única tarefa, sem interrupções, ignorando todo o resto.
Como o senhor descreveria o jeito perfeito de começar um dia de trabalho?
Na verdade, tudo começa na noite anterior. Planeje tudo o que você precisa fazer no dia seguinte e organize os seus itens numa lista. Eu sugiro o método ABCDE, que é simplesmente pôr uma dessas letras ao lado de cada tarefa. O critério tem a ver com a palavra-chave da administração do tempo: “consequência”.
A tarefa A é aquela que terá grandes consequências positivas para você se for concluída. A tarefa B é aquela que terá consequências, mas não tão grandes quanto as de A. A tarefa C é aquela que não trará quase nenhuma consequência. A D é aquela que você pode delegar. A E é aquela que você pode eliminar.
Quando chegar ao escritório pela manhã, pegue sua lista e comece a trabalhar em A. Não veja mensagens nem se ocupe com mais nada até concluí-la. Quando isso acabar, aí você pode dirigir a sua atenção para outras coisas e saber que o maior desafio do dia já passou.

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BRASIL É CAMPEÃO PAN-AMERICANO DE KARATÊ COM QUATRO MEDALHAS DE OURO E QUATRO DE BRONZE

BRASIL É CAMPEÃO PAN-AMERICANO DE KARATÊ COM QUATRO MEDALHAS DE OURO E QUATRO DE BRONZE

País ficou em primeiro no ranking geral em Curaçao

Divulgação/CBK
29/05/2017 13:12
O Brasil encerrou o Campeonato Pan-americano de karatê, em Curaçao, com o topo do pódio no ranking geral. Os atletas do país subiram oito vezes ao pódio, com quatro medalhas de ouro e quatro de bronze. O ouro veio com Douglas Brose (60kg), Hernâni Veríssimo (75kg), Valéria Kumizaki (75kg) e a equipe masculina do kumitê. Isabela Rodrigues (+68kg), Wellington Barbosa (+84kg) e as equipes masculina e feminina do kata conquistaram o bronze, deixando o país na liderança do quadro de medalhas.
Entre os medalhistas de ouro, Valéria Kumizaki venceu a cubana Baurely Torres por 3 a 0. Hernâni Veríssimo derrotou o colombiano Juan Landazuri por 4 a 1 e Douglas Brose conseguiu 6 a 1 em cima do também colombiano André Rendon e garantiu seu quarto título pan-americano. Na competição por equipes do kumitê, o Brasil derrotou a Colômbia por 3 a 2. 
Já nos vencedores do bronze, Isabela Rodrigues derrotou a americana Cirrus Lingl por 2 a 1. Wellington Barbosa alcançou o mesmo feito ao vencer por 1 a 0 o dominicano Anel Castillo. Na disputa por equipes masculina do kata, o Brasil venceu a República Dominicana por 3 a 2. No feminino, o Brasil perdeu para a Colômbia por 3 a 2, ficando com o terceiro lugar. 
Fonte :https://www.cob.org.br/pt/Noticia/brasil-e-campeo-pan-americano-de-karate-com-quatro-medalhas-de-ouro-e-quatro-de-bronze


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Mantega admite à Justiça ter US$ 600 mil em conta não declarada na Suíça

 













Mantega admite à Justiça ter US$ 600 mil em conta não declarada na Suíça

Defesa diz que valor mantido no exterior é fruto da venda de um apartamento

POR 




O então ministro da Fazenda, Guido Mantega - Givaldo Barbosa/8-9-2014





SÃO PAULO - O ex-ministrro da Fazenda Guido Mantega admitiu à Justiça Federal do Paraná ter uma conta na Suíça não declarada no Brasil. Em petição ao juiz Sergio Moro, apresentada nesta segunda-feira, os advogados de Mantega afirmaram que a conta Papilon Company, no Banco Picktet, na Suíça, recebeu um único depósito de US$ 600 mil como parte de pagamento pela venda de um imóvel herdado do pai. A defesa disse ainda que tem outras informações bancárias a fornecer não relacionadas com o período sob investigação, que deverão ser prestadas quando o ex-ministro for intimado a depor.
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O ex-ministro abriu mão do sigilo fiscal, bancário e financeiro e informou que a conta na Suíça foi aberta antes de ele ter assumido o Ministério da Fazenda. Na petição, a defesa promete entregar os extratos da conta tão logo os receba do banco suíço.
A defesa diz que Mantega "não espera perdão nem clemência pelo erro que cometeu ao não declarar valores no exterior, mas reitera que jamais solicitou, pediu ou recebeu vantagem de qualquer natureza como contrapartida ao exercício da função pública, conforme poderá inclusive confirmar o extrato da conta, documento que o peticionário se compromete a apresentar tão logo o obtenha da instituição financeira".
O ex-ministro da Fazenda foi alvo de mandado de prisão temporária na 34ª fase da Operação Lava Jato. Surpreendido no Hospital Albert Einstein, onde acompanhava a mulher num tratamento contra o câncer, acabou tendo a prisão revogada pelo juiz Sergio Moro. Na época, o empresário Eike Batista havia afirmado que pagou US$ 2,35 milhões ao PT (cerca de R$ 4,7 milhões na época) a pedido do ex-ministro.
Mantega também foi citado na delação do empresário Marcelo Odebrecht. Segundo ele, durante a negociação da MP 470, conhecida como Refis da Crise, Mantega lhe pediu R$ 50 milhões. A MP permitia o parcelamento da dívida tributária da Braskem, controlada pela Odebrecht, que chegaria a R$ 4 bilhões.
Marcelo disse que Mantega só começou a usar o dinheiro a partir de 2011 e o valor ficou creditado na contabilidade paralela da empresa, na conta "pós italiano". O empresário disse que, ao contrário de Palocci, que negociou e administrou valores do caixa 2 da empresa depois de sair do governo, Mantega teria negociado durante todo o período em que esteve no cargo de ministro.
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Crack – Tudo o que sabíamos sobre ele estava errado




Crack – Tudo o que sabíamos sobre ele estava errado

  • Em livro, um neurocientista improvável revela que estávamos completamente equivocados no combate ao crack
“Por que eu estou aqui de jaleco branco, enquanto esse sujeito está fumando crack?”
Foi essa a pergunta que surgiu na cabeça do neurocientista Carl Hart, em 1998, enquanto ele tomava notas de suas observações para a pesquisa sobre efeitos do crack que estava realizando no Hospital da Universidade Columbia, em Nova York.
Hart era um cientista respeitável de Columbia, com três pós-doutorados, o primeiro negro a ser contratado como professor titular na área de ciências desta que é uma das melhores e mais tradicionais universidades americanas. O homem à sua frente era negro também, também na quarta década de vida, embora sua expressão indicasse muito mais idade. Era um vendedor ambulante, que tinha o hábito frequente de fumar crack nas ruas de Nova York, e que tinha concordado em participar da pesquisa em troca de droga grátis e algum dinheiro.
Os dois não poderiam estar em situação mais diferente. Mas Hart sabia bem que, por pouco, ele próprio tinha escapado do destino do outro. É essa a história que ele conta no livro Um Preço Muito Alto, que demole vários mitos sobre o crack.

Como ele escapou

Nos anos 80, quando estava no ensino médio, num bairro pobre de Miami, o pai alcoólatra, a mãe desequilibrada, cada um numa casa, a vida sem perspectivas, Hart traficava maconha. Ele circulava com um fuzil no porta-malas, ameaçava brancos que se aventurassem pelo bairro, roubava baterias de lojas de autopeças e televisores da casa dos vizinhos.
Por sorte (e por ser jogador de basquete e futebol americano e, portanto, correr bem), nunca foi pego. Se fosse, a ficha suja acabaria com suas chances de sucesso. A maioria das pessoas à sua volta – amigos e família – saiu-se pior. Uns se afundaram no crack, outros mofaram na cadeia. Um morreu com um buraco de bala numa execução na rua.
Hart usou drogas e tomou todas as decisões erradas possíveis. Mas encontrou um caminho para uma vida produtiva, de pagador de impostos e educador da juventude. “Foi sorte”, admite. Mas não só sorte. Hart se salvou agarrando-se a oportunidades que apareceram. Primeiro: ele tinha jeito com matemática – e descobriu ainda adolescente o prazer de ser bom em algo.
Segundo: teve na família algumas referências sólidas de valores. Uma avó ensinou-lhe a ética do trabalho duro, outra transmitiu-lhe a importância de obter uma educação. Graças a isso, quando terminou o ensino médio e se deu conta de que o sonho de ser atleta profissional não passava de ilusão, ele teve forças para entrar na Força Aérea. No quartel, pôde começar uma faculdade, viajar o mundo e conhecer algumas referências de negros de sucesso, algo que não existia em seu bairro.
Terceiro: ele teve chances. Havia vagas em universidades de primeiro time para gente talentosa que viesse de uma vida miserável. Hart foi estudar na prestigiosa (e caríssima) Yale, com bolsa. Encontrou mentores que o guiaram e descobriu que, além do talento matemático, ele tinha capacidade de observação e habilidade para fazer cirurgia cerebral em ratos de laboratório. E aí uma carreira acadêmica se abriu para ele.
Ele decidiu tornar-se especialista nos efeitos do crack, para entender como a droga tinha destruído sua comunidade. E virou um neurocientista improvável, com seus dreadlocks e os três dentes de ouro, lembranças dos tempos de pobreza.
Enquanto Hart avançava na carreira, um incômodo crescia. Ao mesmo tempo em que se aprofundava nos dados científicos, ele acompanhava o debate público sobre a droga. Todo mundo dizia que o crack transformava pessoas em zumbis. Que era uma epidemia se alastrando. Que viciava logo na primeira vez que alguém experimentasse. Que matava em poucos anos e que transformava gente comum em criminosos.
O problema é que nenhuma dessas certezas tão repetidas estava de acordo com o que ele observava no laboratório.
– (Marcio Moreno)

“Procuram-se crackeiros”

“Procuram-se usuários de crack que não estejam dispostos a parar de fumar.” Era esse o texto do anúncio que Hart publicou num jornal gratuito de Nova York, em setembro de 1998.
Sua ideia era ousada: dar crack a pessoas que já eram usuárias e pretendiam continuar (não seria ético fornecer droga a um não-usuário ou a alguém que estivesse tentando parar). Dessa forma, ele poderia observar os efeitos de maneira científica, controlada, objetiva. Não foi fácil aprovar o estudo, dadas as complicações éticas e a dificuldade de financiamento para um projeto tão polêmico. Mas Hart conseguiu porque já tinha uma reputação na área e o apoio de uma universidade respeitada.
Foi assim que começou seu projeto de registrar cientificamente os efeitos do crack, em vez de acreditar no que se dizia na TV. Por meses, ele deu doses de crack ou placebo (para comparação) a vários sujeitos. Eles então eram convidados a escolher entre mais crack ou outra coisa (dinheiro, por exemplo). Hart percebeu que os usuários são sim capazes de tomar decisões. Se a alternativa era boa, eles abriam mão do crack.
“Como qualquer um de nós, dependentes não são sensíveis a só um tipo de prazer”, escreveu. O vício realmente “estreita o foco” – um “crackeiro” tem mais dificuldade de achar graça em outras coisas, assim como um faminto prioriza comida. “Mas o vício grave não transforma a pessoa num ser incapaz de reagir a outro tipo de incentivo”, diz. Mesmo na fissura, um dependente é capaz de tomar decisões racionais, quando a alternativa compensa. Ele não se transforma num zumbi criminoso.
Essa descoberta está de acordo com pesquisas feitas com ratos pelo canadense Bruce Alexander. Ratos mantidos sozinhos em gaiolas apertadas, quando recebem crack, drogam-se tanto que às vezes se esquecem de comer e morrem. Mas, se a gaiola tiver diversão, interação social e um cantinho para ficar a sós com as ratinhas, eles acabam escolhendo os prazeres alternativos e deixam a droga de lado.
O problema é que, em muitos lugares, como no bairro onde Hart cresceu, não há muitas alternativas que compensem. Dependentes de crack não são irracionais: são pessoas que não enxergam saída na vida e que optam por fugir do estado consciente, ainda que isso lhes faça muito mal e possa matá-los. O próprio Hart escapou das drogas não porque ficou longe delas, mas porque encontrou outros interesses, que o motivaram a trabalhar duro.

“Crack não vicia muito”

Em maio último, Hart veio ao Brasil para lançar o livro. Uma noite ele participou de um debate com o médico Drauzio Varella, numa livraria de São Paulo. Drauzio, que passou décadas trabalhando em cadeias, deu um depoimento que chocou o público: “uma coisa que eu percebi olhando os presos é que o crack na realidade não vicia muito”.
Mas como? Não se diz que o crack vicia automaticamente, logo na primeira vez? Pois, segundo os dados, isso é outro mito: simplesmente não é verdade. “Oitenta por cento dos que experimentam não se viciam”, diz Hart. “Largar o cigarro é mais difícil que largar o crack”, concordou Drauzio.
Mas, para conseguir largar, é preciso ter o que Hart chama de “reforço alternativo” – uma outra opção, que seja atraente o suficiente. Por exemplo: família, uma carreira interessante, uma paixão, algo que motive a largar a fumaça inebriante.
Para as pessoas que estão na rua, sem perspectiva, não há reforço alternativo. Ficar sem crack, para eles, é pior, porque obriga-os a conviver de cara limpa com a sujeira, a desesperança, a violência. Por isso que, embora crack seja usado por gente de todas as classes e etnias, os brancos e os de classe média geralmente não se viciam, porque têm algo a mais a esperar da vida. Quase sempre quem se dá mal são os mais pobres, os que vêm de famílias desestruturadas e os membros de minorias raciais.
– (Marcio Moreno)
Hart sabe disso não só pelas suas pesquisas, mas por sua história. “É impossível crescer num mundo que despreza pessoas que têm a sua aparência e não sucumbir secretamente à insegurança”, escreveu. Ele próprio acreditou que, por ser negro num bairro pobre, jamais poderia aspirar muito. Mas, à medida que portas foram se abrindo e ele foi entrando, Hart recebeu “reforços positivos”, que foram condicionando-o a continuar tentando. É psicologia básica.
Os dados ajudam a enxergar a desigualdade racial dos danos ligados ao crack. Nos EUA, 52% dos usuários são brancos, enquanto só 15% são negros. Mas, entre os que acabam sendo presos, 79% são negros e só 10% são brancos. No Brasil também, a imensa maioria de quem chega ao fundo do poço é negra ou mestiça. Segundo uma pesquisa recente da Fiocruz, 80% da população das chamadas cracolândias tem pele escura.
“Acho ofensivo vocês brasileiros chamarem as cenas de uso de cracolândia”, disse Hart na livraria. “Passa a ideia de que tudo o que acontece lá é por culpa do crack. E não é. O que está acontecendo lá é desespero, é racismo, é pobreza. O crack não cria a pobreza.” Na realidade, o uso excessivo é consequência, não causa, das cenas degradantes.
Outra ideia disseminada é a de que há uma “epidemia” de crack. Segundo Hart, trata-se de outro mito. Os números da Fiocruz mostram que há 370 mil usuários de crack nas capitais do País. Se extrapolarmos esse número para todas as cidades do Brasil, chegaríamos a 700 mil usuários – número provavelmente exagerado porque o crack ataca mais as cidades grandes. É muito, mas longe de ser uma epidemia – não chega a 0,4% da população. E não está crescendo de maneira explosiva.
Há sim um alastramento do vício em crack entre os mais pobres, desestruturados e desesperados. Mas isso não vira epidemia porque o vício não se alastra para fora desses grupos.

Como vencer?

O Brasil tentou vencer o crack com repressão. A polícia prendia os usuários que viviam na rua, queimava seus barracos improvisados, levava-os algemados a um tratamento compulsório. O resultado foi que as cenas de uso, antes concentradas, se espalharam por toda parte. As pessoas que eram forçadas a se tratar podiam até parar por algum tempo, mas, sem “reforço alternativo”, acabavam voltando para a rua. Afinal, sempre haverá um beco escuro para se drogar. E sempre haverá uma pedra de crack para comprar, já que é impossível vigiar toda a imensa fronteira entre a Amazônia brasileira e os países produtores de cocaína – Bolívia, Colômbia e Peru.
Como todo mundo diz que crackeiros são “zumbis”, eles próprios acabam muitas vezes acreditando nessa visão, e se julgando incapazes de escapar – aí não têm motivação nem para tentar. Assim, as cracolândias vão ficando maiores e mais comuns. Foi o que aconteceu nos últimos 15 anos no Brasil.
Ultimamente, algumas cidades começam a se dar conta disso, inspiradas por experiências de outros países. Em São Paulo, 2014 começou com uma nova estratégia na região da Luz, a primeira cracolândia brasileira. A ideia central do programa Braços Abertos é tratar as pessoas vivendo na rua como gente. A prefeitura disponibilizou chuveiros, passou a oferecer atendimento médico, cedeu quartos em pequenos hotéis da região a 400 dependentes que queriam melhorar de vida, e agora está ajudando-os a regularizar seus documentos.
Vários dos ex-moradores da rua passaram a trabalhar na varrição das vias, com remuneração. O resultado é um ambiente um pouco menos degradante. Cento e vinte dos usuários já têm carteira de trabalho. Quarenta deles estão prestes a conquistar um emprego, fora dali. Reforço positivo.
Numa segunda de manhã, vou passear pela região. Entro em alguns dos hotéis: simples, mas dignos. Ando pelas ruas e vejo, aqui e ali, alguma beleza. Converso com as pessoas. Há muitos problemas ainda – desconfiança mútua entre usuários e governo, rivalidade entre a prefeitura (do PT) e o Estado (do PSDB), dúvidas quanto à qualificação de quem trabalha no programa. Mas sinto que há alguma esperança no ar.
– (Marcio Moreno)

Mundo real

Quando chegou ao Brasil, Hart avisou que não veio para cá apenas para conversar com médicos. Queria ver o mundo real. Foi visitar uma das cenas de uso de crack mais terríveis do Brasil: a cracolândia da favela de Manguinhos, no Rio, um canto que a própria favela segrega.
No última dia dele em São Paulo, ofereço uma carona até o aeroporto. Foi o único horário que consegui em sua agenda, em meio a reuniões, debates em livrarias e visitas a cracolândias. Pergunto se ele se chocou com o que viu. Ele não parecia surpreso. “É a mesma cena de pobreza no mundo todo”, diz.
Pergunto se ele não tem medo de que a exposição de sua vida pessoal prejudique a carreira que ele construiu com tanto esforço. “Eu costumava ter esse medo, sim”, ele responde. “Mas já tenho 47 anos e é minha obrigação contar o que eu sei. Se eu não fizesse isso, minha consciência não me deixaria olhar no espelho.” Ele acha que boa parte de seus colegas é omissa. “A ciência já compreende há 20 anos a farmacologia do crack, mas as pessoas que sabem permanecem em silêncio.” Hart chama a ciência de “clube de elite”, sem muito interesse pelos problemas dos negros e dos mais pobres. “Além disso, muitos cientistas se beneficiam dessa perspectiva errada, porque o governo gasta uma fortuna combatendo as drogas e esse dinheiro acaba financiando suas pesquisas.”
Assim, gasta-se muito, não resolve-se nada. Afinal, não é o exército, nem o governo, nem a polícia que vão vencer o crack. É cada usuário, cada dependente, tendo como arma apenas a vontade que encontrar dentro de si. Só o que o resto da sociedade pode fazer é oferecer incentivos que sirvam de reforço, e informação confiável que aumente sua capacidade racional de decidir melhor.
Fonte :http://super.abril.com.br/comportamento/crack-tudo-o-que-sabiamos-sobre-ele-estava-errado/amp