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quinta-feira, 14 de abril de 2016
DEZ PRINCÍPIOS DA ECONOMIA
DEZ PRINCÍPIOS DA ECONOMIA Princípio 1: As Pessoas Enfrentam Trade-offs A primeira lição sobre a tomada de decisões está resumida no provérbio: “Nada é de graça”. Para conseguirmos algo que queremos, geralmente precisamos abrir mão de outra coisa de que gostamos. A tomada de decisões exige escolher um objetivo em detrimento de outro. Consideramos, por exemplo, uma estudante que precisa decidir como alocar seu recurso mais precioso, o tempo. Ela pode passar todo o seu tempo estudando economia, ou estudando psicologia, ou pode dividir seu tempo entre as duas disciplinas. Para cada hora que passa estudando uma matéria, ela abre mão de uma hora que poderia usar para estudar á outra. E, para cada hora que passa estudando qualquer uma das duas matérias, abre mão de uma hora que poderia gastar cochilando, andando de bicicleta, vendo TV ou trabalhando mio período para ganhar dinheiro para alguma despesa extra. Ou consideremos um casal decidindo como gastar sua renda familiar. Eles podem comprar comida, roupas, ou pagar uma viagem para a família. Ou podem poupar parte da renda para sua aposentadoria ou para pagar a faculdade dos filhos. Quando decidem gastar um dólar a mais em qualquer uma dessas coisas, têm um dólar a menos para gastar em outras coisas. Quando as pessoas estão agrupadas em sociedade, deparam - se com tipos diferentes de tradeoff. O tradeoff clássico se da entre “armas e manteiga”. Quanto mais gastamos em defesa nacional (armas) para proteger nossas fronteiras de agressores estrangeiros, menos podemos gastar com bens de consumo (manteiga) para elevar nosso padrão de vida interno. Igualmente importante na sociedade moderna é o tradeoff entre um meio ambiente sem poluição e um alto nível de renda. As leis que exigem que as empresas reduzam a poluição elevam o custo de produção de bens e serviços. Devido aos custos mais elevados, essas empresas acabam obtendo custos menores, pagando salários menores, cobrando preços mais elevados ou fazendo alguma combinação dessas três coisas. Assim, embora os regulamentos antipoluição nos proporcionem o benefício de um meio ambiente com menos poluição e a melhor saúde que dele decorre, eles trazem consigo o custo de redução da renda dos proprietários das empresas, trabalhadores e clientes. Outro tradeoff que a sociedade enfrenta é entre eficiência e equidade. Eficiência significa que a sociedade está obtendo o máximo que pode de seus recursos escassos. Equidade significa que os benefícios advindos desses recursos estão sendo distribuídos com justiça entre os membros da sociedade. Em outras palavras, a eficiência se refere ao tamanho do bolo econômico e equidade, à maneira de como o bolo é dividido. Muitas vezes, quando estão sendo formuladas as políticas do governo, esses dois objetivos entram em conflito. Consideremos, por exemplo, as políticas que têm por objetivo atingir uma distribuição mais igualitária do bem-estar econômico. Algumas delas, como o sistema de bem-estar econômico ou o seguro-desemprego, procuram ajudar os membros mais necessitados da sociedade. Outras, como o imposto de renda das pessoas físicas, requerem que os bem sucedidos financeiramente contribuam mais do que outros para sustentar o governo. Embora essas políticas tragam o beneficio de levar a uma maior equidade, elas têm um custo em termos de redução da eficiência. Quando o governo redistribui renda dos ricos para os pobres, reduz a recompensa pelo trabalho árduo; com isso, as pessoas trabalham menos e produzem menos bens e serviços. Em outras palavras, quando o governo tenta cortar o bolo econômico em fatias mais iguais, o bolo diminui de tamanho. Reconhecer que as pessoas enfrentam tradeoffs não nos diz, por si só, quais as decisões que elas tomarão ou desejariam tomar. Uma estudante não deveria abandonar o estudo de psicologia apenas porque isso aumenta o tempo disponível para estudar economia. A sociedade não deveria deixar de proteger o meio ambiente só porque as regulamentações ambientais reduzem nosso padrão de vida material. Os pobres não deveriam ser ignorados só porque ajudá-los distorce os incentivos ao trabalho. Ainda assim, reconhecer os tradeoffs em nossa vida é importante porque as pessoas somente podem tomar boas decisões se compreendem as opções que lhes estão disponíveis. Princípio 2: O Custo de Alguma Coisa é Aquilo de que Você Desiste para Obtê-la Como as pessoas enfrentem tradeoffs, a tomada de decisões exige comparar os custos e benefícios de possibilidades alternativas de ação. Em muitos casos, contudo, o custo de uma ação não é tão claro quanto pode parecer à primeira vista. Consideremos, por exemplo, a decisão de ir à faculdade. O beneficio é o enriquecimento intelectual e toda uma vida com melhores oportunidades de emprego. Mas qual é o custo? Para a essa pergunta, você talvez sinta-se tentado a somar os gastos que tem com anuidades, livros, moradia, e alimentação. Mas na verdade esse total não representa aquilo que você sacrifica para passar um ano n faculdade. O primeiro problema dessa resposta é o fato de que ela inclui algumas coisas que não são, na verdade, custos para freqüentar a faculdade. Mesmo que você abandone os estudos, precisará de um lugar para dormir e de comida para se alimentar. Os custos de moradia e alimentação somente são custos se forem mais caros na faculdade do que em outro lugar. Na verdade, o custo de moradia e alimentação pode ser menor na sua faculdade do as despesas com aluguel e comida que você teria caso morasse por conta própria. Neste caso, o quanto você poupa em moradia e alimentação são benefícios de freqüentar a faculdade. O segundo problema desse cálculo está no fato de que ele ignora o maior custo de cursar a faculdade – o seu tempo. Quando você passa um ano freqüentando aulas, lendo livros-texto e fazendo trabalhos, não pode dedicar esse tempo a um emprego. Para a maioria de estudantes, os salários que deixam de ganhar enquanto estão na faculdade são o maior custo da sua educação. O custo de oportunidade de um item é aquilo de que você abre mão para obter. Ao tomarem qualquer decisão, como a de freqüentar a faculdade, por exemplo, os tomadores de decisões precisam estar cientes dos custos de oportunidade que acompanham cada ação possível. Atletas universitários que podem ganhar milhões se abandonarem os estudos e se dedicarem ao esporte profissional estão bem cientes de que, para eles, o custo de oportunidade de cursar a faculdade é muito elevado. Não é de surpreender que muitas vezes concluam que o beneficio de estudar não compensa o custo de fazê-lo. Princípio 3: As Pessoas Racionais Pensam na Margem As decisões que tomamos durante nossa vida raramente são “preto no branco”; elas geralmente envolvem diversos tons de cinza. Na hora do jantar, a decisão não é entre jejuar ou comer ate não poder mais, mais entre aceitar uma colherada a mais de purê de batatas ou não. Quando chega a hora das provas, sua escolha não é entre não estudar mais nada ou ficar estudando 24 horas por dia, mais sim passar uma hora extra a mais revendo suas anotações ou vendo TV. Os economistas usam o termo mudanças marginais para descrever pequenos ajustes incrementais a um plano de ação existente. Lembre-se de que “margem” pressupõe a existência de extremos, portanto, mudanças marginais são ajustes ao redor dos “extremos”, daquilo que você está fazendo. Em muitos casos, as pessoas tomam as melhores decisões quando pensam na margem. Suponhamos, por exemplo, que você tenha pedido conselho a um amigo sobre quantos anos deve dedicar aos estudos. Se ele comparar o estilo de vida de alguém com Ph.D. ao de uma pessoa que tenha abandonado a escola no 1˚grau, você pode se queixar do que essa comparação não auxilia a tomar uma decisão. Você já tem uma certa instrução e provavelmente está querendo decidir se deve passar mais um ano ou dois na faculdade. Para tomar essa decisão, você precisa saber quais os benefícios adicionais que um ano a mais na escola vai oferecer (salários mais altos por toda vida e o incomparável prazer de aprender)
e quais os custos adicionais que você incorreria (custo da instrução e o salário que você deixara de receber enquanto você tiver estudando). Comparando esses benefícios marginais com os custos marginais, você pode avaliar se um ano a mais na faculdade vale a pena. Como outro exemplo, imagina uma companhia aérea ao decidir quanto cobrar de passageiros que estejam na lista de espera. Suponhamos o vôo de um avião de 200 lugares costa a costa, através do país, custe à empresa USS 100 mil. Neste caso, o custo médio de cada assento será de USS 100 mil / 200, ou seja, de USS 500. Poderia ser tentador concluir que a empresa jamais deveria vender uma passagem por menos do que USS 500. Na verdade, entretanto, a empresa pode aumentar seus lucros pensando na margem. Vamos imaginar que o avião esteja prestes a decolar com dez assentos vagos e que um passageiro em espera esteja disposto a pagar USS 300 pela passagem. A empresa deve vender a passagem a esse preço? Claro que sim! Se o avião esta com assentos vagos o custo de acrescentar mais um passageiro é minúsculo. Embora o custo médio por passageiro seja de USS 500, o custo marginal é apenas o custo do saquinho de amendoins e do refrigerante que o passageiro extra consumirá. Desde que o passageiro pague mais do que o custo marginal, vender a passagem para ele é lucrativo. Como esses exemplos mostram, pessoas e empresas podem tomar decisões melhor pensando na margem. Um tomador de decisões racional executa uma ação se e somente se o beneficio marginal da ação ultrapassa o custo marginal. Princípio 4: As Pessoas Reagem a Incentivos Como as pessoas tomam decisões por meio de comparação de custos e benefícios, seu comportamento pode mudar quando os custos ou benefícios mudam. Em outras palavras as pessoas reagem a incentivos. Quando o preço de uma maçã aumenta, por exemplo, as pessoas optam por comer mais pêras e menos maçãs porque o custo de comprar maçãs ficou maior. Ao mesmo tempo, os donos de pomares de macieiras decidem contratar mais trabalhadores, e comer mais maçãs porque o beneficio de vender maçãs também aumentou. Como veremos, o efeito do preço sobre o comportamento dos compradores e dos vendedores num mercado – o mercado de maçãs, neste caso – é cruel para entender como a economia funciona. Os formuladores de políticas públicas nunca devem esquecer-se dos incentivos, já que muitas políticas alteram os custos e benefícios para as pessoas e, portanto, alteram seu comportamento. Um imposto sobre a gasolina, por exemplo, e um incentivo para que as pessoas usem carros menores e que consomem menos gasolina. Também é um incentivo para que prefiram o transporte público ao carro particular e para que vivam mais perto de seu local de trabalho. Se o imposto fosse elevado o bastante, as pessoas começariam a usar carros elétricos. Quando os formuladores de políticas deixam de considerar como suas políticas afetam os incentivos, muitas vezes chegam a resultados diferentes do desejado. Vamos pensar, por exemplo, na política pública quanto à segurança no transito. Hoje, todos os carros têm cintos de segurança, mais isso não ocorria há 50 anos. Na década de 1960, o livro Unsafe at Any Speed, de Ralph Nader, gerou uma grande preocupação pública com a segurança. O congresso norte-americano reagiu com leis que impunham os cintos de segurança como equipamento obrigatório em todos os carros novos. Que efeito tem uma lei de cintos de segurança sobre a segurança no transito? O efeito direto é óbvio: quando uma pessoa usa cinto de segurança, a probabilidade de que sobreviva a um acidente grave aumenta. Mas a historia não acaba aí, uma vez que a lei também afeta o comportamento ao alterar incentivos. O comportamento em questão aqui é a velocidade e o cuidado com que os motoristas conduzem seus carros. Dirigir de vagar e cautelosamente é custoso porque consome tempo e energia do motorista. Ao decidirem o nível de cuidado tomado ao dirigir, as pessoas racionais comparam o beneficio marginal de dirigir cuidadosamente com seu custo marginal. Elas dirigem mais devagar e mais cuidadosamente quando o beneficio do aumento da segurança é elevado. Não é de surpreender, por exemplo, que as pessoas dirijam mais lentas e cuidadosamente quando as estradas estão molhadas e escorregadias do que quando elas estão secas. Consideremos agora como uma lei sobre cintos de segurança afeta o calculo de custo-benefício de um motorista. Os cintos de segurança reduzem os custos dos acidentes porque diminuem a probabilidade de ferimento ou morte. Em outras palavras, os cintos de segurança reduzem o beneficio de se dirigir lenta e cuidadosamente. As pessoas reagem aos cintos de segurança da mesma maneira que reagiriam a uma melhora das condições das estradas – dirigindo com velocidade mais alta e com menos cuidado. Assim, o resultado de uma lei sobre cintos de segurança é um maior numero de acidentes de acidentes. A diminuição da condução cuidadosa tem um efeito claro e adverso sobre os pedestres, que passam a terem maiores chances de serem envolvidos em um acidente, mas (ao contrário dos motoristas) não gozam do beneficio da maior segurança decorrente da utilização do cinto de segurança. À primeira vista, esta discussão sobre os incentivos e os cintos de segurança pode parecer mera especulação. Mas, em um estudo realizado em 1975, o economista Sam Peltzmam demonstrou que as leis de segurança no trânsito apresentavam muitos efeitos como esse. De acordo com as evidências apresentadas por Peltzmam, essas leis produzem tanto menos mortes por acidentes quanto um maior número de acidentes. O resultado líquido é uma pequena variação do número de mortos de motoristas e um aumento do número de mortes de pedestres. A análise que Peltzmam fez da segurança no transito é um exemplo do princípio segundo o qual as pessoas reagem a incentivos. Muitos dos incentivos que os economistas estudam são mais diretos do que os das leis de segurança no trânsito. Ninguém estranha o fato de que as pessoas usarem caros menores na Europa, onde os impostos sobre a gasolina são elevados, do que nos Estados Unidos, onde esses impostos são baixos. Mas, como demonstra o exemplo dos cintos de segurança, as políticas públicas podem ter efeitos que não são tão óbvios antes de ocorrerem. Ao analisarmos qualquer política, precisamos considerar não apenas seus efeitos diretos, mas também os efeitos indiretos que operam por maio dos incentivos. Se a política mudar os incentivos, ela provocara alteração no comportamento das pessoas. Princípio 5: O Comércio Pode Ser Bom para Todos Você provavelmente já tomou conhecimento pelos noticiários de que o Japão concorre com os Estados Unidos na economia mundial. De certa forma isso é verdade, á medida que empresas norte-americanas e japonesas produzem muitos bens do mesmo tipo. A Ford e a Toyota concorrem pelos mesmos clientes no mercado de carros. A Compaq e a Toshiba concorrem pelos mesmos clientes no mercado de computadores pessoais. Mas e fácil se enganar na competição entre países. O comercio entre os Estados Unidos e o Japão não é como uma competição esportiva, em que um lado ganha e o outro perde. Na verdade, o que acontece é o contrario: o comércio entre dois países pode ser bom para ambas as partes. Para sabermos porque, vamos pensar como o comércio afeta sua família. Quando um parente seu procura por emprego, está concorrendo com membros de outras famílias que também querem estar empregados. As famílias também competem umas contra as outras quando vão as compras, uma vez que cada uma quer comprar os melhores bens aos melhores preços. Assim, de certa forma, cada família existente na economia está concorrendo com todas as demais. Apesar dessa competição, contudo sua família não se daria melhor isolando-se de todas as outras. Se o fizesse precisaria produzir sua própria comida, confeccionar suas próprias roupas e construir sua própria casa. É evidente que sua família se beneficia muito de sua própria habilidade de comerciar com as outras pessoas. O comercio permite que as pessoas
se especializem na atividade em que são melhores, seja ela a agricultura, a costura ou a construção. Ao comerciar com os outros as pessoas podem comprar uma maior variedade de bens e serviços a um custo menor. Assim com as famílias, os países se beneficiam – se da possibilidade de comerciar um com os outros. O comercio permite que elas se especializem naquilo que fazem melhor e desfrutem de uma maior variedade de bens e serviços. Os japoneses, como os franceses, os egípcios e os brasileiros, são tanto nossos parceiros na economia mundial como nossos concorrentes. Princípio 6: Os Mercado São Geralmente uma Boa Maneira de Organizar a Atividade Econômica O colapso no comunismo na União Soviética e no leste Europeu na década de 1980 pode ser a mudança mais importante que aconteceu no mundo nos últimos 50 anos. Os países comunistas operavam com base na premissa de que os planejadores centrais do governo estavam na melhor posição para conduzir a atividade econômica. Esses planejadores decidiam que bens e serviços produzir, quanto produzir de cada um e quem os produziria e consumiria. A teoria desenvolvida a partir do planejamento central era de que apenas o governo poderia organizar a atividade econômica de uma maneira que promovesse o bem-estar econômico de todo o país. Hoje, a maioria dos países que tiveram economias de planejamento central abandonou esse sistema e está tentando desenvolver economias de mercado. Numa economia de mercado, as decisões do planejador central são substituídas por decisões de milhões de empresas e famílias. As empresas decidem quem contratar e o que produzir. As famílias decidem em que empresas trabalhar e o que comprar com seus rendimentos. Essas empresas e famílias interagem no mercado, em os preços e os interesses próprios guiam suas decisões. À primeira vista, o sucesso das economias de mercado é enigmático. Afinal, numa economia de mercado, ninguém cuida do bem-estar econômico de toda a sociedade. Os mercados livres contem muitos compradores e vendedores de diversos bens e serviços e todos estão interessados, antes de mais nada, no seu próprio bem estar. Ainda assim, apesar da tomada descentralizada de decisões e de tomadores de decisões movidos pelo interesse particular, as economias de mercado têm se mostrado muito bem-sucedidas na organização da atividade econômica de maneira a promover o bem-estar econômico geral. O economista Adam Smith, em seu livro A Riqueza das Nações, publicado em 1976, fez a observação mais famosa de ciência econômica: as famílias e as empresas, ao interagirem nos mercados, agem como se fossem guiadas por uma “mão invisível” que as leva á resultados de mercados desejáveis. Estudar economia, você aprendera que os preços são o instrumento com que a mão invisível conduz a atividade econômica. Os preços refletem tanto um valor de um bem para a sociedade quanto o custo social de produzi-lo. Como as famílias e as empresas observam os preços para decidir o que comprar e o que vender, levam em consideração, involuntariamente, os custos e benefícios sociais de suas ações. Conseqüentemente, os preços levam os tomadores de decisões individuais, a resultados que muitos casos maximizam o bem-estar de sociedade. Há um corolário importante que se deduz da atividade da mão invisível como condutora da atividade econômica: quando o governo impede que os preços se ajustem naturalmente à oferta e à demanda, impede que a mão invisível coordene os milhões de famílias e empresas que compõe a economia. Esse corolário explica por que os impostos têm um efeito adverso sobre a locação de recursos: eles distorcem os preços e com isso as decisões das empresas e das famílias. Explica também o mau ainda maior que pode ser causado por políticas de controle direto dos preços, como a de controle dos aluguéis. E explica o fracasso do comunismo. Nos países comunistas, os preços não eram determinados no mercado, mais ditados pelos planejadores centrais. Os planejadores não tinham as informações que são refletidas nos preços quando estes reagem livremente às forcas de mercado. Os planejadores centrais falharam porque tentaram conduzir a economia como uma mão amarrada nas costas – a mão invisível do mercado. Princípio 7: Às Vezes os Governos Podem Melhorar os Resultados dos Mercados Se a mão invisível do mercado é tão boa, porque precisamos do governo? Uma resposta é o fato de que a mão invisível precisa que o governo a projeta. Os mercados só funcionam bem quando os direitos de propriedade são garantidos. Os fazendeiros não cultivaram alimentos se acharem que suas colheitas serão roubadas, e os restaurantes só servirão refeições se tiverem à garantia de que os clientes pagarão antes de ir embora. Todos confiamos no governo para providenciar policia e tribunais para fazer valer nossos direitos sobre aquilo que produzimos. Há ainda outro motivo pelo qual precisamos do governo: embora os mercados sejam, geralmente uma boa maneira de organizar a atividade econômica, essa regra esta sujeita algumas exceções importantes. Há dois motivos genéricos para que o governo intervenha na economia – promover a eficiência e promover a equidade. Ou seja, a maioria das políticas tem por objetivos ou aumentar o bolo econômico ou mudar a maneira como o bolo é dividido. Embora a mão invisível geralmente leve os marcados a alocar os recursos de forma eficiente, isso nem sempre acontece. Os economistas usam a expressão falha de mercado para se referir a uma situação em que o mercado, por si só, não consegue produzir uma alocação eficiente de recursos. Uma possível causa de falha de mercado é a externalidade, que é o impacto de das ações de uma pessoa sobre o bem-estar dos que estão próximos. Um exemplo clássico de custo externo é a poluição. Outra causa possível de falha de uma falha de mercado é o poder de mercado, que se refere à capacidade de uma pessoa (ou um pequeno grupo de pessoas) influenciar indevidamente os preços de mercado. Se, por exemplo, todas as pessoas de uma cidade precisar de água, mas houver apenas um poço, o proprietário do poço não estará sujeito à forte competição por meio da qual a mão invisível costuma controlar os interesses particulares. Quando há externalidades ou poder de mercado, políticas públicas bem sucedidas podem aumentar a eficiência econômica. A mão invisível pode também não conseguir garantir que a prosperidade econômica seja distribuída eqüitativamente. Uma economia de mercado recompensa as pessoas de acordo com sua capacidade de produzir coisas pelas quais as outras pessoas estejam dispostas a pagar. O melhor jogador de basquete do mundo ganha mais do que o melhor jogador de xadrez simplesmente porque as pessoas estão dispostas a pagar mais para assistir uma partida de basquete do que para assistir um jogo de xadrez. A mão invisível não garante que todos tenham comida suficiente, roupas decentes e atendimento médico adequado. Muitas políticas públicas, por exemplo, o imposto de renda e o sistema de seguridade social, têm por objetivo atingir uma distribuição mais eqüitativa do bem-estar econômico. Dizer que o governo pode, por vezes, melhorar os resultados do mercado não significa que ele sempre o fará. A política pública não é feita por anjos, mas por um processo político que esta longe de ser perfeito. Às vezes, as políticas são concebidas somente para recompensar os politicamente poderosos. Às vezes, são feitas por lideres bem – intencionados, mas mal informados. Um dos objetivos do estudo da economia e ajudar você a julgar quando uma política governamental e justificável para promover a eficiência ou a equidade e quando não é. Princípio 8: O Padrão de Vida de um País Depende de sua Capacidade de Produzir Bens e Serviços As diferenças de padrão de vida em todo o mundo são assustadoras. Em 2000, o norte-americano médio teve renda de aproximadamente USS 34.100. No mesmo ano, o mexicano médio ganhou USS 8.790 e o nigeriano médio, USS 800. Não é de surpreender que essa grande variação do nível de rendimento se reflita em diversos indicadores de
qualidade de vida. Os cidadãos de países de renda elevada têm mais televisores e carros, melhor nutrição, melhor assistência médica e uma expectativa de vida mais longa do que os cidadãos do países de baixa renda. As mudanças do padrão de vida ao longo do tempo também são grandes. Nos Estados Unidos, historicamente as rendas crescem cerca de 2% ao ano (após ajustes que ocorreram devido a alteração no custo de vida). A essa taxa, a renda media dobra a cada 35 anos. No ultimo século, a renda media aumentou aproximadamente oito vezes. O que explica essa grande diferença de padrão de vida entre países e ao longo do tempo? A resposta e surpreendentemente simples. Quase todas as variações de padrão de vida podem ser atribuídas a diferenças de produtividade entre países – ou seja, a quantidade de bens e serviços produzidos em uma hora de trabalho. Em países onde os trabalhadores podem produzir uma grande quantidade de bens e serviços por unidade de tempo, a maioria das pessoas desfruta de padrões de vida elevados; em nações onde os trabalhadores são menos produtivos, a maioria das pessoas precisa enfrentar uma existência com maior escassez e, portanto, menos confortável. De forma semelhante, a taxa de crescimento de produtividade de um país determina a taxa de crescimento de sua renda média. A relação fundamental entre produtividade e padrão de vida é simples, mas suas implicações são profundas. Se a produtividade é o determinante principal do padrão de vida, outras explicações devem ser de importância secundária. Por exemplo, poderia ser tentador creditar aos sindicatos de trabalhadores ou as leis de salário mínimo a elevação do padrão de vida dos trabalhadores norte-americanos durante o século passado. Mas a verdadeira heroína dos trabalhadores norte-americanos é a sua produtividade crescente. Vejamos outro exemplo: alguns comentaristas afirmaram que a competição crescente vinda do Japão e de outros países explica o lento crescimento de renda nos Estados Unidos nas décadas de 1970 e 1980. Mas na verdade o vilão não era a competição internacional, e sim o menor crescimento da produtividade no país. A relação entre produtividade e padrão de vida também trás implicações profundas para a política pública. Quando se pensa sobre como alguma política afetara os padrões de vida, a questão-chave e como ela afetara nossa capacidade de produzir bens e serviços. Para elevarem os padrões de vida, os formuladores de políticas precisam elevar a produtividade garantindo que os trabalhadores tenham uma boa educação, disponham das ferramentas que precisam para produzir bens e serviços e tenham acesso à melhor tecnologia disponível. Princípio 9: Os Preços Sobem Quando o Governo Emite Moeda Demais Na Alemanha, em janeiro de 1921, um jornal custava 30 centavos de marco. Menos de dois anos depois, em novembro de 1922, o mesmo jornal custava 70.000.000 marcos. Todos os outros preços da economia subiram na mesma medida. Esse episódio é um dos exemplos mais espetaculares de inflação, um aumento no nível geral de preços da economia. Embora os Estados Unidos nunca tenham conhecido uma inflação próxima de que ouve na Alemanha na década de 1920, a inflação tem sido, por vezes, um problema econômico. Durante os anos 70, por exemplo, o nível geral de preços mais do que dobrou e o presidente Gerald Ford referiu-se a inflação como “inimigo publico número 1”. Pó outro lado na década de 1990, a inflação foi de cerca de 3% ao ano; a essa taxa, seria preciso mais de 20 anos para que os preços dobrassem. Como uma inflação elevada impõe diversos custos a sociedade, mantê-la em níveis baixos é um objetivo dos formuladores de políticas econômicas de todo o mundo. O que causa a inflação? Em quase todos os casos de inflação elevada ou persistente, o culpado é o mesmo – um aumento na quantidade de moeda. Quando um governo emite grandes quantidades de moeda, o valor da moeda diminui. Na Alemanha no inicio da década de 1920, quando os preços estavam, em media, triplicando a cada mês, a quantidade de moeda também triplicava mensalmente. Embora menos dramática, a história econômica dos Estados Unidos aponta para uma conclusão semelhante; a inflação elevada da década de 1970 estava associada a um rápido crescimento da quantidade de moeda e a baixa inflação dos anos 90 estava associada a um lento crescimento da quantidade de moeda. Princípio 10: A Sociedade Enfrenta um Tadeoff de Curto Prazo entre Inflação e Desemprego Quando o governo aumenta a quantidade de moeda na economia, uns do resultado é a inflação. Outro resultado, pelo menos no curto prazo, é um menor nível de desemprego. A curva que representa este tradeoff de curto prazo entre inflação e desemprego é chamada de curva de Phillips, em homenagem ao economista que examinou pela primeira vez essa relação. A curva de Phillips continua a ser um tópico controverso entre os economistas, mas a maioria deles hoje admite a idéia de que a sociedade enfrente um tradeoff de curto prezo entre inflação e desemprego. Isso significa que em períodos de um ou dois anos muitas políticas econômicas empurram a inflação e o desemprego em direções opostas. Os formuladores de políticas enfrentam esse tradeoff independentemente de a inflação e o desemprego estarem em níveis elevados (como estavam no inicio da década de 1980), em níveis baixos (como no final da década de 1990) ou em algum ponto intermediário. A escolha entre inflação e desemprego é apenas temporária, mas pode durar muitos anos. A curva de Phillps é, portanto, crucial para o entendimento de muitos fenômenos na economia. Mas especificamente, é importante para o entendimento do ciclo de negócios – as flutuações irregulares e altamente imprevisíveis da atividade econômica, medidas pelo numero de pessoas empregadas ou pela produção de bens e serviços. Os formuladores de políticas podem explorar o tradeoff de curto prazo entre inflação e desemprego usando diversos instrumentos de política. Mudando o montante de gastos do governo, mudando o valor arrecadado de impostos e mudando o montante de emissão de moeda, os formuladores de políticas podem influenciar a combinação de inflação e desemprego que a economia apresenta. Uma vez que esses instrumentos de políticas monetária e fiscal são potencialmente tão poderosos, as maneiras como os formuladores de políticas devem utilizá-los para controlar a economia e mesmo se devem ou não utilizá-los é objeto de constante debate.
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