domingo, 26 de novembro de 2017

Psicóloga sofre ameaça de morte por combater ideologia de gênero


Psicóloga sofre ameaça de morte por combater ideologia de gênero

 
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A psicóloga Marisa Lobo foi convidada para fazer uma palestra na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Parte da programação do “I Ciclo de Estudos sobre Corpo Humano, Filosofia e Sociedade: Reflexões sobre aborto, drogas e gênero”, a presença de Marisa acabou provocando a ira de ativistas LGBT. Pelas redes sociais, ela vem recebendo muitas ameaças, inclusive de morte. O caso, segundo a coordenação do evento, é levado à sério e já foram tomadas as medidas legais. As informações são do Notícias Gospel Prime.
Programado para acontecer dia 7 de dezembro no Auditório das Aves no Centro de Biociências (CB), a palestra da psicóloga foi transferida para outro local. A Divisão de Segurança Patrimonial da Universidade afirmou em memorando que “poderá ter dificuldades para garantir a segurança na referida manifestação após vistoria técnica, que constatou a grande diversidade de acessos, que poderá gerar dificuldade em necessidade suplementar de controle”.
Grupos de extrema esquerda também organizaram táticas de intimidação como coordenar desistências por parte de outros palestrantes.
O organizador do evento, Bento Abreu, anunciou que o Conselho do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) comentou: “O que deveria ser um ciclo de palestras com proposta de debate pacifico se tornou uma situação extremamente delicada. As pessoas tentaram de toda forma fazer que o evento fosse cancelado. Estamos lutando contra centros, estudantes e professores que fogem do debate acadêmico”.
Procurada pelo Gospel Prime, Marisa Lobo afirmou que “é lamentável que os que mais dizem defender a democracia, que dizem lutar contra a opressão e a ditadura de opinião, sejam os que mais perseguem o contraditório e, portanto, a democracia. É exatamente assim que o marxismo e a esquerda trabalha, ameaçando, desfilando ódio com ameaças de morte”.
Mesmo assim, ela não irá cancelar sua palestra: “Não tenho medo, não vou desistir de ocupar este espaço que me foi dado por alunos e professores conservadores que estão lutando pela ciência, que estão cansados da esquizofrenia coletiva que está gerando está ditadura ideológica de gênero. Eles estão com medo do meu discurso? Sabe por quê? Porque é científico e não impositivo nem proselitismo”.
A psicóloga diz que as ameaças são causadas por uma questão ideológica, não científica: “A ciência está ao meu lado, não podemos mais aceitar sermos pautados pelo que uma minoria de acadêmicos querem como sociedade. Direitos humanos é para todos, não uma bandeira ideológica das minorias contra as maiorias. Enfrentar a ideologia de gênero com ciência requer coragem e bom senso. Eu tenho os dois”.
A matéria do Notícias Gospel Prime ainda lembra que “recentemente, na Universidade Federal da Bahia, militantes de esquerda fizeram protestos agressivos contra um evento de conservadores. Além de agressões, havia cartazes pedindo ‘morte aos cristãos'”.

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‘Autorização de residência para brasileiros será ampliada’, diz chanceler de Portugal Leia mais: https://oglobo.globo.com/mundo/autorizacao-de-residencia-para-brasileiros-sera-ampliada-diz-chanceler-de-portugal


O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, visita o Museu do Amanhã: no seu entender, há mercado de trabalho para a grande demanda de imigrantes brasileiros que optam por viver no país
Foto: Custódio Coimbra / CUSTÓDIO COIMBRA

RIO — O atual ministro português de Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, é um franco defensor da abertura de fronteiras às nações amigas, no caso, o Brasil, também inserido na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Ele já ocupou cinco pastas em governos comandados pelos socialistas António Guterres, José Sócrates e António Costa. Sociólogo, foi ministro de Educação, Cultura, Assuntos Parlamentares e Defesa Nacional. Após visitar ontem de manhã o Museu do Amanhã, o chanceler explicou ao GLOBO como funcionaria o sistema em que cidadãos destes países circulariam livremente.
“Vou me mudar para Portugal.” Atualmente, esta frase é muito comum nas rodas de conversa no Brasil. Como o governo enfrenta esta avalanche de brasileiros?
Em primeiro lugar, nós acolhemos todos os brasileiros que demandam Portugal porque isso é bom para a sociedade portuguesa, para a economia e para o relacionamento com o Brasil. A comunidade brasileira é a maior comunidade estrangeira de Portugal, com 80 mil pessoas. Assim como a comunidade portuguesa que reside no Brasil é a maior das Américas. Fomos ainda mais longe. Propusemos, no âmbito da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, a criação de um regime de mobilidade interna à comunidade na base da total liberdade de circulação. Parece-nos que esta seria a melhor maneira de construir mais a CPLP: um regime de livre autorização de residência, de portabilidade dos direitos sociais e de reconhecimento recíproco das habilitações acadêmicas e qualificações profissionais. Nós também tivemos nos anos de maior crise a experiência da emigração forçada de portugueses, e isto é sempre ruim. É uma sangria das nossas melhores cabeças, dos nossos melhores braços, da nossa melhor juventude. Eu espero e confio que as dificuldades atuais do Brasil serão superadas e que os brasileiros não se vejam forçados a sair, mesmo que a saída seja para um país tão amigo, como Portugal.
Há mercado de trabalho para tantos imigrantes em Portugal?
Sim, no momento mais agudo da crise, chegamos a ter 17% de taxa de desemprego. Já reduzimos para a metade. Ainda é muito elevada, mas há setores do mercado de trabalho em que se começa a notar falta de mão de obra em Portugal.
‘Nossa proposta ao Brasil tem sido a de facilitar o reconhecimento específico das qualificações e habilitações’
- SANTOS SILVAMinistro dos Negócios Estrangeiros de Portugal
Qual o risco de revivermos o mal-estar diplomático da década de 1990, quando o governo dificultou a permanência dos brasileiros por pressão das categorias profissionais?
Isso tudo está ultrapassado. Neste momento, a nossa proposta ao Brasil tem sido a de facilitar o reconhecimento específico das qualificações e habilitações. Houve avanços em dois domínios muito importantes. Em primeiro lugar, as universidades portuguesas passaram a reconhecer o vestibular como qualificação de acesso ao ensino superior também em Portugal. Por outro lado, houve avanços em relação à aceitação de engenheiros e arquitetos portugueses, por parte das ordens de profissionais brasileiros. Podemos ir mais longe, numa lógica de reconhecimento recíproco automático das habilitações acadêmicas e profissionais.
O senhor acredita que isso é viável?
Depende da nossa vontade. Posso falar apenas do lado de Portugal. Hoje o Brasil é o segundo país que mais se beneficia do nosso regime de autorizações de residência para investimentos, também conhecido como visas gold. A nossa proposta no âmbito da CPLP é que esse regime de autorização de residência anual e renovável seja atribuído não apenas em função do montante de investimento, mas em função da nacionalidade. Isso significa que um brasileiro teria autorização de residência em Portugal por ser brasileiro, seja pobre, rico, empresário ou trabalhador.
Isso quer dizer que as autorizações de residência serão ampliadas ao cidadão de um país da CPLP independentemente se ele investe ou não em Portugal?
Exatamente. Hoje, a autorização de residência faz-se em função de um certo montante de capital. Nós pensamos que isso pode fazer-se também simplesmente em função da nacionalidade. É a nossa proposta que está sendo discutida na CPLP. A regra de ouro dos acordos internacionais é o princípio da reciprocidade. Os visas gold contribuíram para a economia portuguesa, mas as pessoas também contribuem para a economia com o trabalho. Não é preciso ser sócio com capital para contribuir para a economia portuguesa. A nossa proposta é que a CPLP seja um espaço de circulação livre e interna, como funciona a União Europeia.
Já houve avanços nesta proposta?
Nós a apresentamos na Cúpula de Brasília em novembro passado. Foi bem acolhida. Na última reunião com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, combinamos que os dois países estudariam tecnicamente o tema para podermos avançar. Do ponto de vista português, a nossa abertura é total.
‘Numa democracia vigora-se sempre a presunção da inocência’
- SANTOS SILVAMinistro dos Negócios Estrangeiros de Portugal
Pelo menos quatro executivos de construtoras brasileiras envolvidas na Lava-Jato tentaram obter vistos permanentes para morar em Portugal por meio de compra de imóveis. Quais os procedimentos de segurança que o governo português adota na concessão destes vistos?
O primeiro grande elemento de segurança é o funcionamento do sistema judiciário. Estas suspeitas de manipulação dos visas gold estão sendo investigadas pela Procuradoria portuguesa. Aliás, já se passou a fase de acusação, estamos na fase final do inquérito judicial. O sistema de controle é bastante exigente em Portugal porque as pessoas que pedem visas gold têm que estar sujeitas a um escrutínio de segurança, que é feito pelo nosso serviço de estrangeiros e fronteiras. Se for necessário, pelos serviços de inteligência. Sempre que, na base de dados da Interpol, a pessoa de qualquer nacionalidade está registrada, o visto lhe é negado. O que aconteceu, nos casos que você citou, é que ao tempo em que estas pessoas pediram os vistos, não estavam registradas como suspeitos. E numa democracia vigora-se sempre a presunção da inocência. Se eu não estou registrado sendo suspeito acusado numa polícia judiciária, tenho liberdade de circulação. Os vistos não são eternos. São concedidos numa base anual e depois de outros períodos de renovação, que não é automática.
O senhor foi ministro nos dois governos do ex-premier José Sócrates, que é acusado de corrupção em dezenas de processos. Como encarou a sua prisão?
Com muita preocupação e, no momento inicial, com muita surpresa. Durante quatro anos, José Sócrates foi investigado, chegou a estar detido preventivamente, depois passou para a prisão domiciliar. Agora está livre e na fase de acusação. Em Portugal, infelizmente a investigação judicial acaba sendo vazada para a mídia, enquanto deve ocorrer em segredo. Há a violação do segredo de Justiça. Isso faz com que o processo judicial não possa ser conduzido da forma como deve ser, sob total autoridade judicial. Esta fase passou, e agora o Ministério Público produziu uma acusação contra José Sócrates. Ele vai poder defender-se em tribunal. São os tribunais os lugares próprios para verificar se as pessoas são culpadas ou inocentes.
O caso da brasileira fuzilada na rua pela polícia portuguesa mobilizou muito a opinião pública. Como classifica este episódio?
Foi um choque absoluto. Não havia memória de um erro policial desta dimensão e desta gravidade. A inspeção que controla a atuação dos policiais investiga este fato, que é gravíssimo. Nós não pactuamos com isso.
O atual governo português foi visto como modelo por ter uma coalizão inédita de partidos de esquerda. No entanto, o tecido político começa a esgarçar-se, com socialistas e comunistas acusando-se publicamente. Na sua opinião, até quando esta coalizão consegue sustentar o governo?
No que depender do governo, este acordo parlamentar vai durar até o fim do mandato. Nós cumpriremos amanhã dois anos de mandato, ou seja, a metade. As brigas não correspondem a verdadeiras divergências. A arte do acordo que permite o atual governo português é muito delicada, parece um bordado. Mas que tem dois princípios fundamentais. Em primeiro, há compromissos de engajamento escritos de parte a parte. Os partidos que apoiam o governo votam o Orçamento e comprometem-se a não votar leis que prejudiquem a execução do Orçamento. Há áreas em que os partidos não concordam e estão fora do acordo: políticas de defesa, externa e europeia. O governo é do Partido Socialista.
- SANTOS SILVAMinistro dos Negócios Estrangeiros de Portugal
A Europa está convulsionada por ondas de nacionalismos e partidos extrema-direita em ascensão. Por que Portugal ficou imune aos extremistas?
Há uma razão histórica. Nós vivemos quase 50 anos ininterruptos de uma ditadura de extrema-direita. Sabemos o que é e não queremos voltar a isto. Várias das bandeiras principais do populismo não têm acolhimento em Portugal, como a xenofobia e o nacionalismo. Desde o século XV, os portugueses são um povo de emigrantes. Estas bandeiras que os populistas agitam, como "você deve ter medo de muçulmano" ou "você deve ter medo de negro ou de brasileiros", para nós, não querem dizer nada. Outra razão é a estabilidade do nosso sistema político-partidário. Nós temos dois grandes partidos, de centro-direita e do centro-esquerda, que vão se alternando no poder. Isso é uma barreira ao crescimento de partidos populistas. Somos um belo exemplo na Europa.
Como o senhor enxerga a conjuntura europeia? Qual o impacto do Brexit para Portugal?
Temos duas coisas luminosas e duas sombras. As primeiras são uma espécie de reequilíbrio entre França e Alemanha. A Europa dos 27 reagiu muito bem ao Brexit. Eu pensava num efeito dominó que poderia alimentar tendências de saída da UE em países como Dinamarca e Holanda. O que se verificou foi o contrário, uma maior unidade. A primeira sombra, no entanto, é a presença de lógicas separatistas ou nacionalistas ou regionalistas. O caso catalão exige ser tratado cirurgicamente. O projeto europeu não sobrevive à fragmentação das nações que o compõem. A segunda sombra é que, se a negociação do Brexit com o Reino Unido não for bem-sucedida, nós pagaremos um preço alto. Nós, o Brasil e a economia mundial.


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FONTE 

Eu, uma ex-apaixonada por Che, fui a Cuba. E essa é a visão que tive por lá




Eu, uma ex-apaixonada por Che, fui a Cuba. E essa é a visão que tive por lá

Fui a Cuba com meu marido, o cara que eu amo, que eu escolhi para, junto comigo, fazer, parir e criar duas pessoas. Meu marido é um dos caras mais sérios, justos e comprometidos com a verdade dos fatos que já conheci na vida. O mais comprometido provavelmente. Tanto que, às vezes, acho que ele tem dificuldade de sonhar. E, talvez por isso, não mede esforços para realizar os meus sonhos. Ir à Cuba era um deles.
Eu devia estar na sétima ou oitava série quando ouvi falar pela primeira vez de um lugar “onde todos eram iguais”, mas as crianças pediam bala e canetas Bic aos turistas na rua. Lembro bem de uma professora que hoje, se estiver viva, deve ter uns 80 e tantos anos, dizendo que, quando menina, sonhava com Fidel fardado chegando em um cavalo branco para levá-la. Eu não entendia bem aquela paixão, era mais da turma das amigas da minha professora, as quais, dizia ela, eram apaixonadas por Che.
Aos 15, ganhei dos meus amigos um pôster do revolucionário argentino clicado por Alberto Korda. Preguei na parte interna do meu armário, onde ficou até eu deixar a casa da minha mãe, aos 24 anos. Na época em que ganhei o souvenir, nossa curtição era usar boina, fumar charuto e discutir sobre a revolução e o absurdo do capitalismo. De lá para cá, já perdi a conta da quantidade de vezes em que participei de discussões acaloradas entre a turma contra e a favor do (socialismo de) Cuba. Em todas elas, sempre havia um sujeito que tentava calar o opositor com o argumento: “Você nunca foi para Cuba, não sabe o que está falando!”
Eu precisava ir a Cuba para saber do que estava falando. Então fomos, um casal de jornalistas, passar nossa nova lua de mel em Cuba. Lá, vi gente cantando e dançando – muito bem – a cada esquina. Ouvir música e dançar em Cuba é comer macarrão com vinho na Itália, amar em Paris, escalar no Himalaia. Em Cuba, vi turistas por todos os lados, carros antigos (custam cerca de 18 mil dólares e são passados de pai para filho), casas de pé direito alto onde os andares são divididos em dois para caber mais gente, casas que desmoronaram de tão velhas, esgoto a céu aberto, mercados só para cubanos onde a maior transgressão é vender amendoim sem passar pelo governo. Vi crianças com uniformes impecáveis e escolas cheias com quadras poliesportivas e prédios não muito diferentes das nossas escolas públicas. Vi pouca gente doente na rua e banheiros públicos limpos, mesmo que não saísse água da torneira ou da descarga (no banheiro do Museu da Revolução, uma senhora abastecia baldes que os visitantes enojados usavam para mandar embora suas necessidades).
Fiz questão de entrar no hospital central de Havana para ver a tal fantástica medicina cubana. Dei de cara com um arremedo de pronto socorro público muito parecido com os que topei em minhas apurações no Brasil. Gente se desmilinguindo na sala de espera, chão limpo, mas todo detonado, salas vazias com paredes caindo aos pedaços e um médico-bedel nervoso com a minha presença. Enfiei a cara dentro do laboratório e fui imediatamente transportada para a década de 1980, quando visitava minha mãe no laboratório de análises clínicas onde ela trabalhava. Nostálgico, mas sei bem o quanto a medicina andou de lá para cá graças aos novos equipamentos tecnológicos. Na rua, conversei com pessoas que têm esperança no governo de Trump. Para eles, Obama nada fez pelos cubanos. A retomada das relações foi apenas cosmética.
Fiz também o roteiro de turismo “oficial” e fui aos museus. Circulando pelas centenas de fotos de Fidel, Che e outros combatentes, suas fardas e pijamas ensanguentados, restos de equipamentos e pôsteres com palavras de ordem e frases de louvor, não conseguia parar de pensar nos trechos do texto que lera dias antes de viagem, do livro “A Verdade das Mentiras”, de Mario Vargas Llosa: “Numa sociedade fechada, o poder não se arregra apenas o privilégio de controlar as ações dos homens, o que fazem e o que dizem: aspira também governar suas fantasias, seus sonhos e, evidentemente, suas memórias.” Lembrei do mesmo texto quando entrei nas livrarias, onde os poucos livros exibidos nas estantes quase vazias eram de autores aliados ao governo cubano.
Não satisfeita, quis ter uma conversa franca com um cidadão, digamos, mais antenado. Na manhã de nosso último dia de viagem, W. (a conversa foi absolutamente informal, não me sinto à vontade de publicar o nome dele aqui), um jornalista cubano que resolveu desafiar o poder e contar a verdade e, por isso, paga com a própria liberdade, veio nos encontrar. Dias atrás, depois de cobrir um ato pró-Trump (sim, houve um ato pró-Trump em Cuba), W. foi preso por uma semana. Para proteger a mulher e a filha de 4 anos, W. não vive na mesma casa que elas. Vê a família apenas aos finais de semana.
Quando foi nos encontrar na manhã do último domingo (20), W. estava tenso. Ele não temia estar sendo seguido. Já desistiu de se proteger. Sua aflição era pela prima, que estava em trabalho de parto desde o dia anterior. Eu, que já passei horas parindo por duas vezes, pensei: “coisa de homem, parto é assim mesmo”. Aí ele explicou melhor. Em Cuba, praticamente não há parto cesáreo. “Tentam o parto normal até o fim.” Cesária é algo raro mesmo quando é necessária. Por isso, uma outra prima de W. perdeu um bebê que, por complicações de parto, morreu cinco dias depois de nascer. Só que o priminho de W. foi registrado como natimorto, uma estratégia safada para camuflar os dados sobre mortalidade infantil. E lembrei de Llosa novamente: “Em uma sociedade fechada, a história se impregna de ficção, pois se inventa e reinventa em virtude da ortodoxia religiosa e da política contemporânea ou, mais grosseiramente, de acordo com os caprichos do poder.”
Ao longo de nossa conversa e do passeio que fizemos pela periferia de Havana, W. criticou a miséria, a insegurança (a maior parte das casas tem grades), a censura e o povo que não promove a mudança, ficando à espera de um salvador. Questionei W. sobre a educação, uma das bandeiras do governo e um dos argumentos mais utilizados pela turma pró-Fidel nas discussões dos bares da Vila Madalena, onde os protagonistas costumam pagar fortunas por escolas onde seus filhos aprendam “a pensar”. W.: “Sim, tem escola para todo mundo. Mas não há educação. Há doutrinação. Educação, para mim, é ensinar a descobrir, a questionar, a fazer perguntas. Não é isso o que se ensina às crianças cubanas.”
Naquele ponto da conversa – e da viagem – já estava tristíssima, mas ainda não havia perdido a esperança de encontrar aquela partícula animadora dos meus amigos tão encantados pelo país. Queria ver algo de realmente bom, algo esperançoso. Queria achar o samba e o futebol dos cubanos. Então perguntei: “W., os cubanos, pelo menos, são felizes de alguma maneira?” W. deu um sorriso irônico e contou uma história para responder minha pergunta.
Há pouco tempo, W. foi contratado por uma agência de notícias para fazer um documentário com o tema “Projeto de Vida”. A ideia era entrevistar conterrâneos para saber quais eram os planos para o futuro deles. “Todos deram a mesma resposta: ‘meu projeto de vida é sair daqui, quero deixar Cuba’. Não, os cubanos não são felizes”, disse W.
Terminamos aquela manhã com tristeza e um buraco no peito. Eu e meu marido continuamos rodando a cidade a pé (quase não usamos carro ou outro tipo de transporte), enfrentamos a fila da chocolataria onde cubanos e turistas esperam um tempão para comer o chocolate mais doce que eu já provei na minha vida, demos de cara com a loja da Benetton em Cuba (!!!) e dissemos “não” às crianças que, na rua, pediam “caramelos” (balas, em português). Voltamos ao hotel, jantamos no único lugar onde encontramos uma comida dessas que acolhem o estômago e a alma, o Paladar Los Amigos, uma espécie de restaurante que funciona dentro de uma casa. Depois, não tivemos mais disposição emocional para fazer nada. E fomos dormir para enfrentar a viagem de volta.
No dia seguinte, na fileira atrás de nós no avião, uma brasileira chorava copiosamente. Aflitos, os passageiros ao lado tentavam confortá-la. Parei a leitura que acabara de começar, “A Insustentável Leveza do Ser”, de Milan Kundera, para ouvir o que ela contava. Chorava porque o “marido” tinha ficado em Cuba. Meses antes, os dois se conheceram no Brasil. Médico, ele viera trabalhar no Programa Mais Médicos. Apaixonaram-se, tentaram fazer com que ele ficasse aqui, mas não teve jeito. Por determinação do governo, ele precisou voltar. Ainda assim, tinha a esperança de ser enviado para uma nova missão, o que lhe foi negado. A moça voltava de uma temporada de um mês com seu amor, seu “marido”, ela dizia aos companheiros de voo.
Ouvi a história, abracei meu marido, trocamos carinhos e retomei minha leitura com o coração apertado. Logo cheguei à parte do livro em que a Checoslováquia é invadida pelos russos e Tomas, um dos protagonistas, tem a possibilidade de emigrar para a Suíça. No início, pensa em ficar. Afinal, Tereza, sua mulher, estava no auge da carreira de fotojornalista. Surpreendentemente, ela diz que está disposta a se mudar, apesar de saber que, na Suíça, vivia uma das amantes de Tomas. Sobre isso, Kundera escreve: “aquele que quer deixar o lugar onde vive não está feliz.” E eu completo: seja ele um personagem de ficção, um venezuelano, um cubano ou eu mesma, quando, em viagem a trabalho, quero voltar para perto dos meus amores.

Tática do "apelo ao sonho" para inocentar Fidel é uma das coisas mais nojentas que Aécio já disse

Tática do "apelo ao sonho" para inocentar Fidel é uma das coisas mais nojentas que Aécio já disse

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Aécio Neves realmente decidiu se tornar uma figura repulsiva. Como se já não bastasse seu texto de saudação ao psicopata Fidel Castro no Facebook – já visto aqui – ele também deu entrevista ao Jornal Nacional para mentir sobre as intenções do monstro que defendeu.
Assista abaixo. São apenas 20 segundos, mas é suficiente para causar ânsia de vômito:
 Qualquer problema assiste o vídeo na fonte 
Quer dizer: Fidel Castro matou 100.000 pessoas em Cuba mas é por que tinha “sonhos de uma sociedade igualitária”.
Vá mentir na casa do caralho, Aécio!
Se ele realmente tivesse “sonhos de uma sociedade igualitária”, não teria criado miséria para seu povo de propósito, enquanto vivia como um sultão.
É preciso de muito cinismo e falta de sensibilidade para dizer que Fidel tinha “sonhos de uma sociedade igualitária”.
Mentir sobre as reais intenções de um monstro para tentar aliviar a barra dele é de uma imoralidade ímpar! Mas se Fidel tinha “sonhos de uma sociedade igualitária”, o que podemos dizer de Stalin, Hitler e Pol Pot?
Na verdade, todos estes tinham sonhos de criar um mundo de horror para viverem como nababos às custas do sofrimento dos outros.
Outro momento ridículo de Aécio é aquele no qual ele disse que Fidel Castro “emocionou muitos jovens”.
E a emoção das famílias das 100.000 pessoas assassinadas por Fidel, Aécio? São essas emoções que contam, e não as emoções dos seguidores de um assassino.
Aécio, que discursinho nojento. É coisa de inimigo da humanidade.

Dizer que Fidel Castro destruiu Cuba "em nome de uma utopia" é uma grande bobagem

Dizer que Fidel Castro destruiu Cuba "em nome de uma utopia" é uma grande bobagem

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No meio da justa comemoração pela morte de Fidel Castro, já vi algumas bestas quadradas dizendo: “O povo cubano sofreu por causa de uma utopia”. Nada pode estar mais distante da verdade.
Acreditar que Fidel Castro tinha “uma utopia em mente” é tão infantil quanto dizer que o vendedor de falsos bilhetes premiados da Loto possui uma “utopia na qual todos os seus clientes seriam transformados em milionários”.
Em momento algum Castro acreditou em qualquer tipo de “utopia”. Na verdade, usou a narrativa da utopia para facilitar seu caminho na obtenção de poder totalitário, o qual conseguiu em sua plenitude, às custas de muitas mortes, tortura e escravidão.
Cuba não foi vítima do horror lançado por Fidel por causa de “boas intenções que deram errado”. Foi o exato oposto: Cuba foi torturada e destruída por várias décadas por causa de más intenções levadas até o fim.
Se existe uma “utopia” na qual Fidel acreditava era esta: ser dono de um grande curral de gente, que pode ser destruído, esmagado e torturado conforme sua conveniência. Isso ele conseguiu. Por isso os cubanos livres – não aqueles que vivem sob o regime hoje nas mãos de seu irmão Raúl Castro – comemoram a morte de Fidel.

Hoje completou um ano da morte de um dos psicopatas mais repulsivos da era atual: Fidel Castro

Hoje completou um ano da morte de um dos psicopatas mais repulsivos da era atual: Fidel Castro

O filme “A Morte Do Demônio” (de Sam Raimi, de 1982, refilmado em 2013) deveria ter recebido uma tradução mais decente no Brasil. “The Evil Dead” teria sido melhor traduzido como “Mortos Demoníacos” ou algo do tipo.
O título “A Morte do Demônio” caberia melhor para uma obra narrando o dia em que Fidel Castro morreu, em 25 de novembro de 2016, há exatamente 1 ano.
Como diz matéria do UOL, a comemoração de 1 ano da morte do genocida em Havana não teve muitas solenidades.
Os grupos comunistas, sempre sádicos, fizeram homenagens a Fidel. Mas é claro que a maioria do povo comemora por dentro.
Também pudera. Fidel matou mais de 100.000 cubanos. Tornou o país o paraíso da prostituição de luxo. Ainda hoje seu irmão Raul Castro é dono de todo o povo, como se fosse um grande curral de gente.
Mas o mais macabro de tudo é como muita gente ainda elogia esse sujeito. Pior ainda: em público. Isso é ainda mais demoníaco.