Homens de 18 anos pilotavam caças spitfire para defender Londres, que era bombardeada por pilotos da Luftwaffe, de 19 anos.
Com a guerra milhões morreram e os que sobreviveram voltaram para casa e tiveram que trabalhar duro para reconstruir seus países, tiveram filhos e envelheceram.
Comiam o que tinha pra comer.
Economizavam o que podiam e cuidavam de suas famílias.
Hoje a adolescência vai até os 35 anos.
Muitas crises.
Mundo cruel.
Muitas decisões.
Muita pressão.
Tudo o que fora construído, até hoje, está errado.
Caras de 30 anos tomam toddynho, fazem depilação, usam óleos especiais na barba - desenhada. Praticam Tai Chi Chuan ou treinam Muay Thay.
Não vestem couro, mas cânhamo.
Depois de uma semana árdua de trabalho, de 6 horas com 2 de almoço - digitando em teclados ergonômicos, ou projetando maçanetas menos estressantes para o mundo moderno, ou traduzindo poemas húngaros, ou atualizando blogs, reúnem-se com amigos, igualmente estressados em bares modernos - com ar condicionado, com mesas posicionadas segundo ‘feng chui’, ao som de gemidos de baleias ou de gaivotas imperiais de Vancouver ou de uma cachoeira de alguma serra que ninguém conhece.
Discutem problemas modernos. Para os quais têm todas as soluções. São delfins, gente que faltava para o mundo melhorar. Pena que chegaram tarde.
Pedem suflê de mandioquinha com alho poró, com traços de curry e framboesa selvagem - e harmonizam-na com caipirinha de aguardente de alecrim, com mixed de saquê e vinho crianza catalão, com adoçante natural destilado da casca da mini-jaca colombiana.
Finalizam com uma taça de café gourmet gelado (descafeinado, é claro), aromatizado com favas de baunilha de madagascar e raspas de limão siciliano - curtido no vapor de madeira verde (reciclada) da margem esquerda do rio Loire, cortada na primeira semana do outono.
O fim da night sarau de haicais nas ruínas de uma antiga fábrica ou em um terreno baldio, ou então a performance de algum grande diretor revolucionário desconhecido nu (por ser incompreendido e perseguido pela mídia/crítica burguesa pró-Temer e pró -Trump) que pinta o corpo de idosas igualmente nuas com tinta ecológica elaborada com pigmentos de terra trazida da Córsega, tendo ao fundo fotos - em preto e branco - de um fotógrafo cego - que não tem seu olhar moldado pelas convenções.
Chega em casa - liga a TV - coloca no canal alemão - embora não saiba sequer o presente do infinitivo do verbo Sein. Dorme com camiseta de campanha israelense (comprada de um turco numa viagem a Madrid) e meias pucket - uma de cada cor. Acorda de madrugada - toma água aromatizada, come meio polenguinho, e volta pra cama, mas não consegue dormir - indignado com a operação Lava Jato ou com a crise - orquestrada - na Venezuela.
Sofre, acorda com olheiras, toma um toddynho, pensa em chamar o Uber. Desiste, vai de bike. No caminho recebe a ligação da mãe. Chora e pede pra passar na casa dela depois do trabalho, pra comer peras e para que assistam juntos star trek.
Esse mundo é maravilhoso?
Com a guerra milhões morreram e os que sobreviveram voltaram para casa e tiveram que trabalhar duro para reconstruir seus países, tiveram filhos e envelheceram.
Comiam o que tinha pra comer.
Economizavam o que podiam e cuidavam de suas famílias.
Hoje a adolescência vai até os 35 anos.
Muitas crises.
Mundo cruel.
Muitas decisões.
Muita pressão.
Tudo o que fora construído, até hoje, está errado.
Caras de 30 anos tomam toddynho, fazem depilação, usam óleos especiais na barba - desenhada. Praticam Tai Chi Chuan ou treinam Muay Thay.
Não vestem couro, mas cânhamo.
Depois de uma semana árdua de trabalho, de 6 horas com 2 de almoço - digitando em teclados ergonômicos, ou projetando maçanetas menos estressantes para o mundo moderno, ou traduzindo poemas húngaros, ou atualizando blogs, reúnem-se com amigos, igualmente estressados em bares modernos - com ar condicionado, com mesas posicionadas segundo ‘feng chui’, ao som de gemidos de baleias ou de gaivotas imperiais de Vancouver ou de uma cachoeira de alguma serra que ninguém conhece.
Discutem problemas modernos. Para os quais têm todas as soluções. São delfins, gente que faltava para o mundo melhorar. Pena que chegaram tarde.
Pedem suflê de mandioquinha com alho poró, com traços de curry e framboesa selvagem - e harmonizam-na com caipirinha de aguardente de alecrim, com mixed de saquê e vinho crianza catalão, com adoçante natural destilado da casca da mini-jaca colombiana.
Finalizam com uma taça de café gourmet gelado (descafeinado, é claro), aromatizado com favas de baunilha de madagascar e raspas de limão siciliano - curtido no vapor de madeira verde (reciclada) da margem esquerda do rio Loire, cortada na primeira semana do outono.
O fim da night sarau de haicais nas ruínas de uma antiga fábrica ou em um terreno baldio, ou então a performance de algum grande diretor revolucionário desconhecido nu (por ser incompreendido e perseguido pela mídia/crítica burguesa pró-Temer e pró -Trump) que pinta o corpo de idosas igualmente nuas com tinta ecológica elaborada com pigmentos de terra trazida da Córsega, tendo ao fundo fotos - em preto e branco - de um fotógrafo cego - que não tem seu olhar moldado pelas convenções.
Chega em casa - liga a TV - coloca no canal alemão - embora não saiba sequer o presente do infinitivo do verbo Sein. Dorme com camiseta de campanha israelense (comprada de um turco numa viagem a Madrid) e meias pucket - uma de cada cor. Acorda de madrugada - toma água aromatizada, come meio polenguinho, e volta pra cama, mas não consegue dormir - indignado com a operação Lava Jato ou com a crise - orquestrada - na Venezuela.
Sofre, acorda com olheiras, toma um toddynho, pensa em chamar o Uber. Desiste, vai de bike. No caminho recebe a ligação da mãe. Chora e pede pra passar na casa dela depois do trabalho, pra comer peras e para que assistam juntos star trek.
Esse mundo é maravilhoso?