Ministra dos Direitos Humanos falsificou seu curriculum vitae
Ao divulgar a nomeação da desembargadora aposentada Luislinda Valois para o Ministério dos Direitos Humanos, o Planalto destacou que a biografia dela incluía o "título de embaixadora da paz da ONU em 2012".
O jornal Folha de São Paulo descobriu que este posto não existe. A homenagem à ministra foi dada por uma ONG fundada pelo líder religioso coreano reverendo Moon, que se autoproclamava "messias".
O caso remete a incidente que também envolveu Dilma Rousseff, que tinha incluído um doutorado em economia, na Unicamp, que não possuía.
A entidade que ele dirigia prestava consultoria para a Ecosoc, o braço social da ONU, que reconhece a parceria, mas diz que "nenhuma instituição ou empresa está formal ou legalmente autorizada a representar ou a falar em nome das Nações Unidas ou de qualquer Departamento do Secretariado da ONU".
Com informações e foto do blog do jornalista Políbio Braga.
A UFSC acaba de proibir o evento "Semana Vítimas do Comunismo: 100 anos da Pior Tragédia do Século" que começaria literalmente HOJE.
Transcrevendo a mensagem que recebi:
"Primeiro, a Universidade deletou a divulgação do evento seus meios oficiais: boletim acadêmico, site de notícia e página, tudo deletado. Hoje, pela manhã, informaram que o uso do Auditório para realização do evento foi retirado pelo professor solicitante (deve ter sido muito elogiado pelos colegas, ou não). Por coragem de um outro professor do Centro Socioeconômico (CSE), uma nova requisição para reserva de espaço foi assinada para o evento ocorrer onde já estava reservado e autorizado há 1 mês. Fim da saga? Longe disto:
Agora, recebemos nova ligação do CSE informando que, por decisão da Diretoria de Centro o evento NÃO PODERÁ OCORRER LÁ, apesar de ter sido solicitado e autorizado com mais de 1 mês de antecedência, e ter quase 300 pessoas inscritas."
Provavelmente não demorou mais do que alguns segundos para a italiana Tiziana Cantone, de 31 anos, tomar a decisão que a levaria ao suicídio.
Em abril de 2015, ela enviou pelo WhatsApp uma série de vídeos íntimos para cinco pessoas, entre elas o namorado, Sergio Di Palo, com quem tinha um relacionamento tumultuado. Nas imagens, Tiziana tinha relações sexuais com diferentes parceiros.
"Ela era linda, mas frágil", diz Teresa Petrosino, sua amiga durante 15 anos. "Estava com as pessoas erradas na hora errada."
Os vídeos foram rapidamente compartilhados e publicados em páginas de conteúdo adulto. E o desempenho sexual de Tiziana não foi o que viralizou e virou meme na internet, mas sim as únicas frases que ela dizia durante a filmagem.
"Você está fazendo um vídeo?", perguntava para o homem que segurava a câmera. "Bravo!"
Tais palavras sugeriam uma mulher desinibida, que gostava de ser filmada durante o sexo. Por acaso, também pareciam dar permissão para que as pessoas vissem o vídeo sem restrições: se ela estava tão feliz em ser filmada, não se importaria de ser vista.
Memes, sátiras e camisetas
Mas os italianos fizeram mais do que assistir ao vídeo: transformaram as palavras de Tiziana em meme. Fotos dela com as frases inundaram páginas de humor na internet e estamparam camisetas.
Ninguém se preocupou em saber o que ela poderia estar sentindo, afinal Tiziana parecia bastante satisfeita nas imagens.
"As pessoas confundem ser desinibido com querer se tornar viral", diz a apresentadora e comentarista de TV Selvaggia Lucarelli.
"Você pode fazer um vídeo, compartilhar com algumas pessoas, mas há um acordo implícito de que ele não vai ser passado mais adiante", acrescenta.
Mundo virtual x mundo real
Tiziana Cantone ficou horrorizada.
"Nunca falamos sobre os detalhes dos vídeos", diz a amiga Teresa. "Nunca os vi e nunca quis vê-los. Dava para ver que ela estava sofrendo muito. Mas ela era forte."
A jovem decidiu reagir. Mas não havia uma forma rápida de tirar os vídeos de circulação.
Ela levou o caso à Justiça, argumentando que as filmagens foram colocadas em sites públicos sem o seu consentimento.
Neste momento, já não conseguia levar uma vida normal.
"Ela não queria sair de casa porque podia ser reconhecida. Ela descobriu que o mundo virtual e o mundo real eram a mesma coisa", explica Teresa.
"Em algum momento, entendeu que o caso nunca seria resolvido; que seu futuro marido, seus futuros filhos, poderiam achar os vídeos, que eles nunca iriam desaparecer."
Tiziana Cantone deixou o emprego e voltou a morar com a família em uma rua tranquila de Mugnano, subúrbio de população trabalhadora nos arredores de Nápoles.
Briga na Justiça
Após a morte, demorou semanas para que a mãe, Maria Teresa Giglio, encontrasse forças para falar com os jornalistas.
"Minha filha era boa, mas também era vulnerável", disse à BBC.
"Desde que nasceu, ela sofria com a falta de uma figura paterna. Ela nunca conheceu o pai e isso afetou toda a sua vida", continuou.
Mãe e filha moravam juntas. Nos tempos felizes, Tiziana ouvia músicas italianas, lia romances e tocava piano. Mas depois que os vídeos íntimos caíram na internet, desistiu de tudo.
"Sua vida foi arruinada diante de todo mundo", diz a mãe. "As pessoas riam dela, faziam paródias em sites de pornografia. Ela era chamada de nomes infames."
Em setembro do ano passado, um tribunal de Nápoles determinou que os vídeos íntimos fossem retirados de sites e dos mecanismos de busca na internet.
Mas a corte também exigiu que ela pagasse 20 mil euros (R$ 66,4 mil) de custas legais.
No dia 13 de setembro de 2016, Maria Teresa Giglio saiu para trabalhar na prefeitura e deixou a filha em casa.
Mais tarde, recebeu um telefonema.
'Minha vida acabou'
"Minha cunhada me ligou e, muito calma, me pediu para ir para casa. Quando cheguei, vi a polícia, a ambulância e rapidamente entendi tudo", diz, chorando.
"Minha cunhada tentou salvá-la. Meus vizinhos não me deixaram sair do carro. Quase desmaiei. Não me deixaram entrar aqui em casa. Não pude nem vê-la pela última vez", continua.
"No dia em que ela morreu, minha vida acabou."
Maria Teresa enterrou a filha em um caixão branco. O aviso, na entrada do funeral a descrevia como "um doce, lindo e frágil anjo".
Há um triste paradoxo neste caso. Ao cometer suicídio, Tiziana Cantone chamou ainda mais atenção para os vídeos que queria ver esquecidos.
A mãe foi forçada a ver as gravações.
"Você fica imaginando como é. Eu quis ver os detalhes para poder entender a verdade. Aquela não era a minha Tiziana", disse, convencida de que a filha estava sob o efeito de drogas.
Ela acredita que a distribuição dos vídeos na internet não aconteceu por acaso.
"É como se fosse premeditado, um plano criminoso. Só queriam mostrar aquela pobre menina, com a intenção de expô-la na internet", continua.
Maria Teresa quer que o ex-namorado da filha, Sergio Di Palo, explique exatamente qual o seu papel no compartilhamento dos vídeos.
"Não vai me ajudar a salvar a vida dela. Mas talvez me ajude a chegar à verdade. Estou desesperada."
Interrogatório
Em novembro de 2016, Di Palo foi interrogado pelos promotores durante dez horas. Eles queriam saber se alguém teria contribuído para o suicídio de Tiziana.
Di Palo rejeitou os pedidos de entrevista da BBC.
"Nos abstemos de fazer comentários, em respeito à pobre Tiziana que sofreu tanto com a imensa publicidade que seu caso recebeu", disse Bruno Larosa, advogado do ex-namorado.
"Acreditamos na Justiça e devemos lembrar que nosso cliente não é acusado de nada."
Depois do suicídio de Tiziana Cantone, o tom do debate em torno da pornografia e da privacidade mudou na Itália.
"Acho que este caso marca uma diferença, quase drástica, na maneira como a imprensa italiana trata casos de revenge porn" (pornô de vingança, em inglês), afirma a comentarista Selvaggia Lucarelli.
"O jornalistas costumavam ter uma abordagem muito despreocupada, e a morte dela mudou isso. Em casos seguintes, um deles envolvendo uma celebridade, eles foram muito mais cuidadosos", acrescenta.
Mas também é uma lição para qualquer pessoa que compartilha vídeos íntimos nas redes sociais.
O legado de Tiziana
"As pessoas acham que a vida social e a vida real são realidades paralelas," adverte Lucarelli. "Não são. Elas são coincidentes. A rede é a nossa vida. Por isso, tudo o que você não faz na vida real não deve ser feito online."
Os vídeos de Tiziana não podem mais ser localizados pelos principais mecanismos de busca da internet, mas ainda existem.
A mãe dela quer que a Itália e todos os países da União Europeia aprovem um dispositivo ágil para a retirada rápida de material privado da rede e que faça as gigantes da internet agirem com responsabilidade.
"Falo em nome de outras mães que podem estar sofrendo como eu", disse.
O político Antonello Soro, que é presidente da autoridade independente italiana responsável pela proteção de informações pessoais, concorda que deve haver mudanças, mas não especificou o que o governo italiano pode fazer.
"Precisamos de um mecanismo de resposta rápido para diferentes plataformas online, mas é também necessário aumentar o respeito online", afirmou Soro em um comunicado.
"Precisamos investir fortemente na educação digital para promover uma cultura e sensibilidade adequadas ao novo mundo online."
Para a mãe de Tiziana, a vida agora se resume a lutar para defender o nome da filha e evitar que outras mulheres tenham o mesmo destino.
"Espero que o nome Tiziana Cantone, em vez de representar deboche, possa salvar a vida de outras mulheres. Quero que isso aconteça. Quero que ela salve outras pessoas", afirma Maria Teresa.
Com o decreto publicado na terça pelo rei da Arábia Saudita, o país poderá deixar de ser reconhecido como o único do mundo onde as mulheres não têm direito a dirigir um carro.
"Conseguimos" ou "começamos de baixo, agora estamos aqui", publicaram dezenas de mulheres sauditas nas redes sociais depois de receber a notícia, que também foi celebrada por governos e organizações defensoras do direitos das mulheres ao redor do mundo.
Mas, até mesmo quando essa medida entrar em vigor e elas deixarem de andar em carros apenas como passageiras - algo previsto para junho de 2018 -, ainda existirão muitas outras práticas cotidianas que continuarão fora do alcance das mulheres em um dos países mais rígidos do mundo.
Entre as coisas que as sauditas não podem fazer sem a permissão de seu "guardião homem" ou tutor (em geral, algum homem da família, como seu pai ou marido), estão sete:
- Solicitar um passaporte
- Viajar ao exterior
- Casar-se
- Abrir uma conta bancária
- Começar alguns tipos de negócios
- Passar por uma intervenção médica
- Sair da prisão depois de cumprir a pena
Essas restrições se devem ao sistema de tutela vigente no país. O wahabismo, uma interpretação mais rígida de lei islâmica, é a fé dominante na Arábia Saudita há dois séculos. Depois do violento incidente de 1979 - a tomada da Grande Mesquita -, essas regras foram reforçadas de maneira ainda mais rígida pelo governo.
Isso ajudou a transformar a Arábia Saudita em um dos países com maior desigualdade entre homens e mulheres do Oriente Médio.
Segundo o Índice Global de Desigualdade de Gênero do Fórum Econômico Mundial de 2016, apenas dois países em guerra superam a Arábia Saudita nesse quesito: Iêmen e Síria.
'Um homem é igual a duas mulheres'
Esse sistema de tutela foi duramente criticado por organizações como a Human Rights Watch, que comparou o estado legal das mulheres com o dos menores de idade, já que "não podem tomar decisões-chave para seu futuro por si mesmas".
Algumas fizeram campanhas contra esse sistema, apesar de ser difícil mudá-lo em um país onde elas nem sequer podem andar na rua em público sem a companhia de um homem.
No sistema de Justiça, as mulheres são claramente discriminadas. Como em outros países com uma interpretação rígida da lei islâmica, o depoimento de um homem é igual ao de duas mulheres nos tribunais.
Direito de imagemGETTY IMAGESImage captionHá dois anos, as mulheres conquistaram o direito de votar na Arábia Saudita
Também é difícil para elas ter a custódia dos filhos depois do divórcio se os filhos são maiores de sete anos (no caso dos meninos) ou nove (se são meninas). Essa dificuldade é ainda maior se a mulher não é muçulmana, ou seja, se é uma estrangeira que vive na Arábia Saudita.
No entanto, alguns aspectos da vida das mulheres da Arábia Saudita têm menos restrições do que se poderia esperar.
Elas podem votar desde 2015. A educação é obrigatória para meninas e meninos até os 15 anos e o número de mulheres que se formam nas universidades supera o de homens.
Contudo, apenas cerca de 16% da classe trabalhadora é composta por mulheres.
Regras no modo de se vestir
A roupa que as mulheres usam para trabalhar não depende delas.
As sauditas devem cobrir completamente seus corpos com uma abaya - a típica túnica larga e solta - em lugares onde possam ser vistas por homens que não têm relação com elas.
Para isso, há espaços exclusivos para mulheres como andares específicos em centros comerciais, onde elas podem retirar a abaya. Fora deles, as mulheres que não seguem essa regra podem ser penalizadas.
Mas há exceções: as não sauditas podem adotar um código de vestimenta mais liberal. Se não são muçulmanas, não precisam cobrir a cabeça.
Mas, em geral, as mulheres estrangeiras que vão ao país dizem ter de se cobrir com uma abaya antes de sair do aeroporto. Mas muitas primeiras-damas estrangeiras que visitaram o país não usaram abayas nem cobriram a cabeça.
Direito de imagemGETTY IMAGESImage captionTanto Melania Trump como Michelle Obama decidiram usar vestidos de manga longa em suas visitas à Arábia Saudita, mas elas não cobriram a cabeça
Boa parte da vida saudita está segregada por gênero, e essa separação se aplica de maneira ampla, incluindo piscinas ou ginásios de hotéis frequentados por viajantes internacionais.
Ainda que vários países no mundo, como Rússia, China ou Israel, proíbam as mulheres de realizar algumas atividades, sem dúvida poucos são tão rígidos quanto a Arábia Saudita.