Este peixe vive no ponto mais profundo do mar e acaba de ganhar um nome oficial
O ponto mais profundo do oceano é a Depressão Challenger, um abismo de 8.184 metros abaixo da superfície. Poucas espécies de peixe conseguem suportar esse ambiente escuro e hostil. Mas cientistas identificaram uma espécie que prospera nele.
Imagem: Mackenzie Gerringer/University of Washington
Conheça o peixe-caracol de Mariana, ou Pseudoliparis swirei, a espécie de peixe mais profunda coletada do fundo do mar. Cientistas recolheram amostras de 7.966 metros na maior profundidade, mas seu vídeo observou alguns a 8.098 metros de profundidade — e, recentemente, uma equipe japonesa encontrou um a 8.178 metros. Isso é muito profundo.
Existem conversas sobre uma nova espécie vivendo tão profundamente assim desde uma visita em 2014 à fossa. Mas, agora, esse animal viscoso tem um nome oficial.
O peixe tem um corpo colorido carnudo, com pele transparente, através da qual seus órgãos e músculos ficam visíveis. Alguns maiores têm manchas pretas na cabeça. Cientistas das Universidades do Havaí, de Newcastle e de Washington observaram o animal em várias viagens de pesquisa entre 2014 e 2017, achando 37 espécimes em uma missão usando o navio de pesquisa R/V Falkor. O peixe recebeu seu nome em homenagem a Herbert Swire, oficial da embarcação HMS Challenger que recebe os créditos pela descoberta da Fossa das Marianas.
O peixe pode parecer bastante fetal, mas é o maior predador na fossa, onde há pouca concorrência para se alimentar de invertebrados, de acordo com um comunicado da Universidade de Washington. A equipe publicou o estudo anunciando a descoberta nesta terça-feira (28), na Zootaxa.
Não é surpresa que esse peixe-caracol escorregadio viva em tamanha profundidade — a espécie ocasionalmente é registrada lá embaixo, incluindo espécies parecidas, como a Pseudoliparis amblystomopsis. Uma análise de DNA determinou que o Pseudoliparis swirei era uma espécie diferente o tempo todo.
Prazer em conhecê-lo, peixe-caracol de Mariana. Divirta-se aí embaixo.
Já aconteceu comigo. Pode ter acontecido com você também.
Primeiro vem aquela feijoada deliciosa, molho de pimenta, farofa, couve, todas as partes imagináveis do porco, regada a meia dúzia de caipirinhas e a risadas generosas, daquelas que a gente solta antes mesmo da piada terminar.
Depois, enquanto esperamos a sobremesa (goiabada mineira de raiz…), entediados, visitamos a mesa de aperitivos e, para manter os maxilares ativos, recorremos àquela última azeitona abandonada após o longo percurso da Grécia até o interior paulista, apertada no pote com suas irmãs gêmeas.
Aposto que você já sabe o que acontece depois. A fatídica azeitona estava estragada. Na hora de empacotá-la, o Péricles deu uma tossida e um perdigoto caiu na salmoura. O trauma apaga de nossa memória os detalhes mais desagradáveis, e o que resta é a lembrança de um mal-estar gigantesco.
Maldita azeitona! Se não fosse ela, tudo teria acabado bem. Sábado que vem, vou me comportar. Só comerei a feijoada, couve, farofa, goiabada… tudo acompanhado de algumas caipirinhas!
O ciclo vai se repetir. Como todos – espera-se – aprendem com a experiência, logo descobrimos que não é a azeitona que causa o mal-estar, ainda que ela não seja das mais frescas.
No Brasil repete-se um discurso que pode nos levar a grandes erros. Aprendemos nos últimos meses que existe muita corrupção entre os políticos e outros cartolas. A corrupção desvia recursos públicos e afeta a qualidade dos serviços, mas não é a causa da crise fiscal.
Se tivéssemos um governo de anjos, apenas teríamos uma crise fiscal menor. Não é só a corrupção que gera os déficits da Previdência. Precisamos reformar a Previdência porque ela prometeu dar mais do que o Brasil pode entregar, e passamos a viver mais e ter menos filhos.
Sim, temos que combater a corrupção – assim como temos que evitar comprar azeitonas estragadas. Mas mesmo com todos os cartolas corruptos na cadeia, ainda vamos precisar reduzir as promessas de aposentadoria, cortar os salários de servidores que recebem vencimentos irreais e fazer o Estado caber no nosso bolso.
Remédios homeopáticos vendidos sem necessidade de prescrição nos EUA agora terão que conter um aviso dizendo que são baseados em teorias antiquadas “não aceitas pela maior parte dos médicos” e que “não existe evidência científica de que o produto funciona”. Caso contrário, os fabricantes de remédios homeopáticos terão de enfrentar a Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês).
A agência argumenta que alegações não comprovadas de benefícios para a saúde, incluídas no marketing de alguns desses remédios, violam leis que proíbem propaganda enganosa e regulam a rotulagem de medicamentos que não exigem receita médica.
A FTC lançou uma declaração de política de execução esclarecendo que drogas homeopáticas não estão isentas das regras que se aplicam a outros produtos de saúde no que diz respeito a afirmações de eficácia, e não deveriam ser tratadas de maneira diferente. Para que nenhuma declaração feita nas propagandas ou embalagens do produtos seja considerada enganosa para os consumidores, deve ficar claro que o produto em questão é baseado em hipóteses desenvolvidas no século XVIII e que faltam evidências para apoiá-las, diz a declaração do órgão.
Também menciona que a FTC irá “examinar minuciosamente propagandas e outras formas de marketing de medicamentos homeopáticos vendidos sem necessidade de receita… para garantir que reproduzam adequadamente o caráter limitado das alegações quanto a benefícios para a saúde”.
Ferramentas de pedra, fogueiras e adornos recém-encontrados no Mato Grosso e datados de quase 30 mil anos têm dado combustível a uma discussão histórica na arqueologia moderna: a data de chegada dos seres humanos às Américas.
Há diferentes teorias, desde as que afirmam que o evento ocorreu há cerca de 12 mil anos até as que apostam em 100 mil anos ou mais.
A descoberta recente foi feita no sítio arqueológico de Santa Elina, a 80 km de Cuiabá. Os arqueólogos responsáveis pelas escavações, Denis Vialou e Águeda Vilhena Vialou, do Museu Nacional de História Natural da França, afirmam que essa região brasileira já era habitada há pelo menos 27 mil anos.
"Uma prova é a presença de mais de 300 objetos de pedra lascada, com serrilhados e retoques, que só poderiam ter sido feitos pela mão do homem", afirma Águeda, que realiza escavações na região da Serra das Araras desde 1995.
Outra prova da presença humana, segundo ela, são restos de fogueiras.
'Tripla raridade'
O material encontrado foi datado por três métodos diferentes, envolvendo desde radiocarbono 14 até luminescência ótica.
Segundo Águeda, o sítio de Santa Elina traz uma tripla raridade : "A primeira é que ocupações humanas pleistocênicas (entre 2,588 milhões e 11,7 mil anos atrás) são raras e por enquanto lá é o único local descoberto no centro do continente sul-americano."
A segunda e a terceira raridades dizem respeito aos adornos encontrados: alguns foram feitos com ossos de preguiças-gigantes do gênero Glossotherium, já extinto.
"É o primeiro caso no Brasil de uma perfeita associação do homem com a megafauna extinta", explica ela. "Há a confecção de objetos simbólicos com ossos da megafauna, transformando-os em adornos."
Discussão desde Colombo
A discussão sobre a data de chegada da Humanidade às Américas remete aos tempos de Cristóvão Colombo, quando desembarcou no Caribe em 12 de outubro de 1492.
Ele foi recebido pelos tainos, um povo amistoso, que o navegador genovês a serviço da Espanha achou que fossem indianos, pois estava convencido que havia chegado à Índia - e permaneceu com essa convicção até a morte.
O descobridor da América não sabia, mas sua chegada ao continente marcou, na verdade, o reencontro de duas linhagens evolutivas do Homo sapiens, que estavam separadas havia pelo menos 50 mil anos: a sua própria, europeia, e a dos primeiros americanos, mongoloides, aparentados com os povos asiáticos.
Desde então, persiste o mistério: como e quando os povos encontrados por Colombo chegaram às Américas?
Teorias não faltam. A mais antiga e resistente é o modelo conhecido em inglês como Clovis-first (Clóvis-primeiro). Deve seu nome a um sítio arqueológico assim denominado, descoberto em 1939, no Novo México, Estados Unidos.
No local, foram encontrados artefatos de pedra lascada, datados de 11,4 mil anos. Segundo essa teoria, defendida principalmente pela comunidade arqueológica americana, a chegada teria ocorrido há cerca de 12 mil anos.
Já o chamado "modelo das três migrações", sugerido em 1983 por Christy Turner, se baseia num amplo levantamento de diversidade dentária, que concluiu ter havido três levas migratórias da Sibéria para a América.
A primeira, há 11 mil anos, teria dado origem a todos os índios das Américas Central e do Sul e à maioria dos povos nativos norte-americanos. A segunda teria chegado há 9 mil anos e originou os índios ancestrais dos Apaches e Navajos, sobretudo na costa pacífica do Estados Unidos e Canadá. A última seria bem mais recente, há 4 mil anos, e composta pelos ancestrais dos esquimós e povos aleutas (no Círculo Polar Ártico).
Teorias brasileiras
Cientistas brasileiros também têm suas teorias da ocupação das Américas.
Uma delas foi desenvolvida pelo biólogo e antropólogo Walter Alves Neves e pelo geógrafo Luís Beethoven Piló, ambos da Universidade de São Paulo (USP). Eles propõem que os primeiros americanos chegaram ao continente em duas levas migratórias, a primeira há 14 mil anos e a segunda há 11 mil, vindas da Ásia pelo estreito de Bering.
De acordo com eles, a primeira leva seria composta por uma população com traços semelhante aos dos africanos e aborígines australianos. A segunda era de mongoloides, semelhantes aos asiáticos e índios americanos atuais.
Uma segunda teoria foi proposta por três geneticistas brasileiros e um antropólogo argentino, defendendo que houve apenas uma leva migratória, há 18 mil anos.
Antes disso, os ancestrais dos migrantes haviam ficado "presos" na Beríngia, região que unia o Alasca ao nordeste da Sibéria e que naquela época não estava submersa (era o ápice do último período glacial e o mar estava 120 metros abaixo do nível atual).
"Essa população abrigava desde tipos semelhantes aos africanos até os parecidos com os índios atuais", explica Maria Cátira Bortolini, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, uma integrante do grupo.
Há ainda uma terceira teoria sobre a ocupação da América. Bem mais polêmica, ela foi proposta pela arqueóloga Niéde Guidon, com base em suas descobertas em vários sítios arqueológicos no sul do Piauí.
Para ela, o homem chegou à região há nada menos que 100 mil anos, vindo diretamente da África, cruzando o Atlântico, numa época em que o planeta também estava num período glacial, com o mar 120 metros abaixo de seu nível atual.
"Com o isso, o número de ilhas entre a costa euro-africana e a costa sul-americana era bem maior", diz. "Além disso, as correntes marítimas favoreciam a passagem para leste, para o Caribe e para o litoral norte do Brasil."
Controvérsia
É nesse contexto que a descoberta do casal Vialou aumenta a controvérsia.
Alguns pesquisadores brasileiros a veem com cautela e outros, como a confirmação de que os humanos chegaram ao continente muito antes do que propõem algumas teorias.
"Os autores são arqueólogos com excelente formação, portanto suas publicações devem ser levadas em consideração", diz Guidon. "Todas as descobertas são importantes na arqueologia, pois os vestígios estão geralmente sob a terra e podem desaparecer com o passar dos anos."
O geneticista Fabrício Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), outro membro do grupo que propôs a teoria de uma leva só de migrantes, é mais cauteloso.
"É mais um sítio com datas antigas", afirma. "Parece que é bem datado, mas não tem ossos humanos, só dois utensílios furados. Abre perspectiva de que pode ser mais antiga a ocupação da América do Sul, mas faltam mais evidências com vários restos humanos e também ossos."
No que todos concordam é que o modelo Clóvis-primeiro está ultrapassado, por causa de uma série de descobertas nas últimas décadas.
"A ideia de que a cultura Clóvis teria sido a primeira a surgir na América foi definitivamente descartada devido à antiguidade incontestável do sítio Monte Verde, no Chile, de 12,5 mil anos atrás, diz o pesquisador Francisco Mauro Salzano, do Departamento de Genética do Instituto de Biociências, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS).
"Além disso, uma série de outras datações na América do Sul e do Norte serviram de reforço ao abandono dessa teoria, inclusive uma ponta de flecha encontrada enterrada na costela de um mastodonte, no sítio Manis, Washington, EUA, datada de 13,8 mil anos atrás."