domingo, 23 de setembro de 2018

Alegoria da caverna

Mito da caverna de Platão

FILOSOFIA


Mito da caverna - Conta conceitualmente o que os homens teriam dificuldades para entenderem
Mito da caverna - Conta conceitualmente o que os homens teriam dificuldades para entenderem
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O mito ou “Alegoria” da caverna é uma das passagens mais clássicas da história da Filosofia, sendo parte constituinte do livro VII de “A República” onde Platão discute sobre teoria do conhecimento, linguagem e educação na formação do Estado ideal.
A narrativa expressa dramaticamente a imagem de prisioneiros que desde o nascimento são acorrentados no interior de uma caverna de modo que olhem somente para uma parede iluminada por uma fogueira. Essa, ilumina um palco onde estátuas dos seres como homem, planta, animais etc. são manipuladas, como que representando o cotidiano desses seres. No entanto, as sombras das estátuas são projetadas na parede, sendo a única imagem que aqueles prisioneiros conseguem enxergar. Com o correr do tempo, os homens dão nomes a essas sombras (tal como nós damos às coisas) e também à regularidade de aparições destas. Os prisioneiros fazem, inclusive, torneios para se gabarem, se vangloriarem a quem acertar as corretas denominações e regularidades.
Imaginemos agora que um destes prisioneiros é forçado a sair das amarras e vasculhar o interior da caverna. Ele veria que o que permitia a visão era a fogueira e que na verdade, os seres reais eram as estátuas e não as sombras. Perceberia que passou a vida inteira julgando apenas sombras e ilusões, desconhecendo a verdade, isto é, estando afastado da verdadeira realidade. Mas imaginemos ainda que esse mesmo prisioneiro fosse arrastado para fora da caverna. Ao sair, a luz do sol ofuscaria sua visão imediatamente e só depois de muito habituar-se com a nova realidade, poderia voltar a enxergar as maravilhas dos seres fora da caverna. Não demoraria a perceber que aqueles seres tinham mais qualidades do que as sombras e as estátuas, sendo, portanto, mais reais. Significa dizer que ele poderia contemplar a verdadeira realidade, os seres como são em si mesmos. Não teria dificuldades em perceber que o Sol é a fonte da luz que o faz ver o real, bem como é desta fonte que provém toda existência (os ciclos de nascimento, do tempo, o calor que aquece etc.).
Maravilhado com esse novo mundo e com o conhecimento que então passara a ter da realidade, esse ex-prisioneiro lembrar-se-ia de seus antigos amigos no interior da caverna e da vida que lá levavam. Imediatamente, sentiria pena deles, da escuridão em que estavam envoltos e desceria à caverna para lhes contar o novo mundo que descobriu. No entanto, como os ainda prisioneiros não conseguem vislumbrar senão a realidade que presenciam, vão debochar do seu colega liberto, dizendo-lhe que está louco e que se não parasse com suas maluquices acabariam por matá-lo.
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Este modo de contar as coisas tem o seu significado: os prisioneiros somos nós que, segundo nossas tradições diferentes, hábitos diferentes, culturas diferentes, estamos acostumados com as noções sem que delas reflitamos para fazer juízos corretos, mas apenas acreditamos e usamos como nos foi transmitido. A caverna é o mundo ao nosso redor, físico, sensível em que as imagens prevalecem sobre os conceitos, formando em nós opiniões por vezes errôneas e equivocadas, (pré-conceitos, pré-juízos). Quando começamos a descobrir a verdade, temos dificuldade para entender e apanhar o real (ofuscamento da visão ao sair da caverna) e para isso, precisamos nos esforçar, estudar, aprender, querer saber. O mundo fora da caverna representa o mundo real, que para Platão é o mundo inteligível por possuir Formas ou Ideias que guardam consigo uma identidade indestrutível e imóvel, garantindo o conhecimento dos seres sensíveis. O inteligível é o reino das matemáticas que são o modo como apreendemos o mundo e construímos o saber humano. A descida é a vontade ou a obrigação moral que o homem esclarecido tem de ajudar os seus semelhantes a saírem do mundo da ignorância e do mal para construírem um mundo (Estado) mais justo, com sabedoria. O Sol representa a Ideia suprema de Bem, ente supremo que governa o inteligível, permite ao homem conhecer e de onde deriva toda a realidade (o cristianismo o confundiu com Deus).
Portanto, a alegoria da caverna é um modo de contar imageticamente o que conceitualmente os homens teriam dificuldade para entenderem, já que, pela própria narrativa, o sábio nem sempre se faz ouvir pela maioria ignorante.
Por João Francisco P. Cabral
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:
CABRAL, João Francisco Pereira. "Mito da caverna de Platão "; Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/mito-caverna-platao.htm>. Acesso em 23 de setembro de 2018.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Delações da Odebrecht: Manuela d'Ávila é suspeita de receber doações via caixa 2

Por G1 RS
 



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Manuela d'Ávila é suspeita de receber doações via caixa 2
O ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar afirmou em depoimento a investigadores da operação Lava Jato que a empreiteira fez doações oficiais e não oficiais, no total de R$ 360 mil, entre 2006 e 2010 para Manuela d'Àvila, hoje deputada estadual no Rio Grande do Sul pelo PCdoB.
Manuela consta na lista do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, que solicita investigação pela Procuradoria-Geral da República a partir de delações de ex-executivos da Odebrecht.
Em 2008, a política teria recebido R$ 300 mil de forma ilícita durante campanha para a Prefeitura de Porto Alegre. "Nós doamos para campanha da prefeitura R$ 300 mil via caixa 2", observou o ex-diretor da empreiteira.
Alexandrino Alencar relata que foi Beto Albuquerque, coordenador de campanha de Manuela, quem o procurou em 2008. O encontro ocorreu em um restaurante.
"Ele pediu a reunião conosco. Pediu para que contribuíssemos para a campanha para a então candidata à Prefeitura de Porto Alegre, Manuela d'Ávila. E nós dissemos que demos uma doação acima dos padrões para trocar de prefeitura, R$ 300 mil, e que esse valor seria via caixa 2."
Alencar afirma que Beto Albuquerque e Manuela d'Ávila sabiam que a doação era via caixa 2. "[Ele] sabia, pelo volume que estava estabelecido. (...) Ela sabia, porque quem me informou foi o próprio deputado Beto Albuquerque."
Manuela também teria recebido de forma ilícita R$ 50 mil em 2010, durante campanha para deputada federal. O delator explica que reconhece o pagamento para a política devido ao uso do codinome "avião" em uma planilha do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, conhecido por setor de propinas.
Alencar explica ainda que, em 2006, foram feitas "doações legais" para ela. "Se não me equivoco, um valor de R$ 10 mil em 2006", observa Alencar.
O ex-diretor da Odebrecht também explica porque a empreiteira passou a fazer pagamentos via caixa 2. "Nós não queríamos dar mais doações vias legais para não expor o grupo. Aí foram dadas mais contribuições via caixa 2."
Alencar disse que conheceu Manuela em 2004, quando era candidata a vereadora de Porto Alegre. "Uma jovem, tinha 20 e poucos anos. Uma jovem pessoa, muito bem estruturada, muito bem fundamentada. E eu percebi que ali teríamos uma pessoa no campo político com potencial de crescimento diferenciado."

Contraponto

Em nota, a deputada comunicou que não foi informada pela Justiça, mas que tem a "tranquilidade de quem há 13 anos constrói sua via pública com transparência e ética".
Beto Albuquerque, também citado, disse que nunca recebeu da Odebrecht "qualquer coisa ilegal". Informou ainda que, como seu nome consta na lista, vai buscar informações para se manifestar.