segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O CALVINISMO UMA CRÍTICA

Achei este texto interessante :

Depravação Total da Humanidade: teoria desnecessária

Fui apresentado ao calvinismo em 1989 aos 15 anos de idade, quando não havia sequer 1 ano do meu novo nascimento, quando renasci a partir da vida de Deus que passou a habitar em mim. Embora não tivesse lido o Novo Testamento inteiro até aquele momento, as idéias calvinistas desde o princípio não me passavam a impressão de serem bíblicas. Sempre foi claro para mim pela a leitura dos Evangelhos que a salvação era um desejo e uma oferta de Deus para toda a humanidade, só que a maior parte dela a rejeita.

O calvinismo é um corpo teórico imbricado e labiríntico da Reforma Protestante criado para explicar o “simples” Evangelho, sistema tão contraditório e confuso que por tal razão acaba sendo a própria negação do Evangelho. É impossível para um calvinista se impuser com sua “doutrina” sem se contradizer. Nunca considerei o calvinismo bíblico. Após milhares de horas e anos a fio estudando tal sistema, comparando-o com a Bíblia, percebi que o calvinismo não somente não era bíblico, é antibíblico. A tentativa de explicar as Escrituras é a própria ininteligização delas. Tamanha é a capacidade desse sistema teórico para desfigurar o caráter de Deus conforme é descrito na Bíblia, que Ele se torna irreconhecível.

Criei tão grande repulsa pelo calvinismo que infelizmente não posso atender aos pedidos de amigos para que eu “pegue leve”, ou evite prosseguir tocando no assunto, a despeito de me relacionar bem com cristãos calvinistas. Mas há uma boa notícia: por hora é o último artigo que pretendo escrever nesta série. Quero clarificar, contudo que não combato pessoas e sim idéias, as idéias de João Calvino e de outros que as abraçaram.
   

O Que Significa Depravação Total?

“A Depravação Total é um dos assim-chamados cinco pontos do calvinismo. Segundo essa doutrina, o homem não regenerado é absolutamente escravo do pecado. Em virtude disto, ele é totalmente incapaz de exercer sua própria vontade livremente para salvar-se. Assim, no que diz respeito à salvação, este homem depende da obra de Deus, que deve vivificá-lo a fim de que possa crer em Cristo” (Wikipédia).  

Ainda segundo essa teoria o homem é incapaz até mesmo de responder positivamente ao chamado de Deus para a salvação. Não pode crer em Cristo se antes Deus não regenerá-lo para isto. Daí conclui que se alguns são salvos é porque Deus “soberanamente” escolheu alguns para salvar.  Esses são os eleitos. Já os não-eleitos ficam proibidos por Deus de crer em Cristo. Alguns versículos bíblicos são utilizados para sustentar tais explanações. 

Rm 3:9b–12: ...tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. 

Ef 2:1–3,5: Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. ... e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo – pela graça sois salvos -, ... 

6 Tt.3.3-5: Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros. Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com os homens, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo. 

Jo.6.44: Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no última dia 


Ainda de acordo com o calvinismo quando Deus converte um pecador, e o transfere para o estado de graça, Ele o liberta da sua escravidão natural do pecado, e, somente pela graça, o habilita a livremente querer e fazer aquilo que é espiritualmente bom. Mesmo assim, por causa de certas corrupções que permanecem, o homem redimido não faz o bem perfeitamente e nem deseja somente aquilo que é bom, mas também o que é mau. 

Cl.1.13: Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, ... 

Jo.8.36: Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. 

Fl.2.13: ... porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.

Rm.7.15,18,19,21,23: Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e, sim o que detesto. 
Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum: pois o querer o bem está em mim, não, porém, o efetuá-lo
Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço
Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim
... mas vejo nos meus membros outra lei que, guerreando contra a minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. 


O cristianismo é a única expressão de fé, ao contrário de todas as religiões, que afirma ser uma falácia a bondade natural do homem. O filósofo John Locke defendia que o homem nasce como uma tabula rasa, ou seja, em estado de inocência. Por seu turno Russeau, introduzindo a filosofia humanista, dizia que o homem nasce bom e este é corrompido pela sociedade. Semelhantemente, o islamismo expressa que todos os homens nascem puros, naturalmente bons, mas são desviados pelo ambiente. Já para o cristianismo e conforme afirma a Bíblia, o homem nasce em pecado e, não pode ser naturalmente bom. A Bíblia é única escritura a declarar a salvação pela fé e não por obras, sendo estas frutos daquela. 

É óbvio que a idéia do progresso moral do homem, como defende, por exemplo, o kardecismo, não se confirma na história. Com o crescimento de todas as modalidades de violência, o que se percebe é uma involução ou retrocesso moral. O homem não é naturalmente bom e sim pecador, como afirma a Bíblia e a história humana corrobora isto. Entre todas as noções a Bíblia é a única a estar com a razão. Não é opinião pessoal, os fatos atestam isto. Duvida? Você percebeu como a sua cidade está, a cada ano, mais insuportavelmente violenta, e como os noticiários estão cada vez mais banhados de sangue e corrupção?   


Somos Totalmente Depravados?

Que o homem é pecador por natureza é indubitável, defini-lo como imoral ou depravado cabe. Agora é possível afirmar que a humanidade é totalmente depravada como defende o calvinismo?

“Não há ninguém que faça o bem, ninguém que busque a Deus” é um tipo de literalismo que redunda em idéias equivocadas. Embora seja possível afirmar que os homens sejam depravados, é equivocado acrescentar o “totalmente”. Os calvinistas dizem que esse termo refere-se unicamente a “incapacidade total”, simplificação estranha tendo em foco a pesada carga conotativa que tal expressão carrega. O que quer que queira definir, a expressão “Depravação Total da Humanidade” é exagerada. 

Ninguém é totalmente depravado. Nem os maiores déspotas o foram. Em filmes e biografias descobrimos que mesmo Hitler dispensava um tratamento cortês às mulheres e crianças. Quando ele adentrava o banheiro, os colegas apagavam o cigarro em respeito e consideração ao “camarada” Hitler. Se fôssemos totalmente depravados cometeríamos o mal sem restrições, assassinaríamos, nos prostituiríamos, roubaríamos, cometeríamos estupros, gravaríamos filmes pornôs o tempo inteiro. Se a humanidade fosse totalmente depravada já teria chegado a extinção, alguém já teria apertado o botão que daria início a uma sucessão de lançamentos de arsenais nucleares.  Se fossemos totalmente depravados não existiria o humanitarismo. O que falar então dos que salvam vidas? Que a expressão “depravação total” vai além do necessário, é inquestionável.      

A (in)compreensão de que os homens são escravos ou estão mortos e portanto incapazes de responder de forma positiva ao chamado de Deus é outro equívoco. Os calvinistas confundem escravidão ou morte espiritual com escravidão e morte física. Estar espiritualmente escravo ou morto não significa zumbificação da consciência nesta existência. O ser humano claramente é capaz de fazer escolhas morais por que Deus imprimiu Sua lei na consciência de todos os homens, razão pela qual todos são indesculpáveis. O homem está capacitado a escolher o bem ou o mal, a negar ou confessar Cristo. 

Se fossemos totalmente depravados o apóstolo Paulo não teria dito que o querer fazer o bem estava nele, porém não o efetuar”. Teria dito que “querer o mal e praticar o mal” estavam nele. Se fossemos totalmente depravados Jesus não teria dito que os homens “sendo maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos”. Teria dito que “sendo maus só sabem dar más coisas aos filhos”

Os textos como o de Romanos apenas mostram que o homem é pecador, em contraposição a Deus, que é santo. Mostram também a incapacidade do homem para salvar-se pelas obras, porque todas as nossas justiças são como “trapos de imundícia” diante de Deus (Is 64.6)

Os calvinistas igualmente afirmam que se o homem tivesse o poder de escolha para aceitar ou rejeitar a salvação, isto daria a ele o mérito pela salvação em caso de sim à oferta divina. Seria um co-salvador com Cristo. Grave insanidade, uma vez que receber o dom da salvação implica exatamente em reconhecer a total incapacidade para salvar-se. Mais um argumento dispensável para afirmar que Deus ama alguns e os predestinou ao céu. Essa foi a idéia básica de Calvino que, entre aceitar que Deus ama a todos sem fazer acepção de ninguém, como afirmam as Escrituras, preferiu acorrentar-se a loucura: que Deus ama alguns e os salvou soberanamente, uma idéia claramente antibíblica e herética.   

Teríamos que mudar uma grande quantidade de versículos para que a Bíblia se ajustasse ao calvinismo. Por exemplo, o texto clássico da evangelização, João 3.16, teria que ficar assim: “Porque Deus amou alguns do mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que alguns pré-programados para nele crê não pereçam, mas tenham a vida eterna”.  


Porque o Livre Arbítrio é Necessário

Seria um crime Deus forçar alguns a irem para o céu a contragosto deles, assim como seria criminoso mandar para o inferno quem não desejasse ir para lá. A salvação é um dom, um presente de Deus e um dom só pode ser entregue a alguém disposto a recebê-lo. O convite divino “escolhei hoje a quem sirvais” (Js 24.15) perpassou os séculos e ecoou em todas as mentes. Só o poder de escolha (e o homem está claramente capacitado para isto) poderia gerar genuíno amor

Não há amor ou lealdade verdadeira quando uma mulher não resiste a um estupro, quando alguém se submete a fazer algo contemplando a ponta de uma faca ou a extremidade de uma arma, não há amor ou lealdade genuínos quando se serve a um regime tirano sob o medo da morte. Só o livre arbítrio seria o portal de entrada para o amor autêntico. Deus queria que o homem e os anjos tivessem o poder e a liberdade de escolha para amá-lo espontânea e livremente. Deus jamais desejou criar autômatos ou marionetes pré-programados em um software espiritual na eternidade passada para amá-lO. 

O livre arbítrio foi a porta de entrada do amor e também a porta de entrada do mal. Só o livre arbítrio explica a origem do mal. Deus não poderia ser responsabilizado pelo mal em Lúcifer, como afirma o hipercalvinismo, pois ele foi criado em perfeição, como registra Ezequiel 28.15. Nem culpabilizado pelo mal no homem, posto que, conforme Eclesiastes 7.29, Deus fez o homem reto, mas este se envolveu em muitas intrigas.

E para os calvinistas que dizem que o livre arbítrio só existiu até o Eden, ele prosseguiu em Caim conforme está registrado em Gn 4.7

Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo”.

O Livre Arbítrio é evidente e está expresso em Deuteronômio 11.26-28 assim: "Eis que, hoje, eu ponho diante de vós a benção e a maldição: a benção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, mas desviardes do caminho que hoje vos ordeno...


Os versículos de Deuteronômio 28.1,2;15 são semelhantes: "Se obedeceres à voz do Senhor teu Deus...todas as bênçãos virão sobre ti..." (b) "Mas se não deres ouvidos à voz do Senhor teu Deus...virão sobre ti todas estas maldições... 

E para aqueles que acreditam que a liberdade de escolha fere a soberania divina, cito Jeremias 18.8-10

Se a tal nação, porém, contra a qual falar se converter da sua maldade, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. No momento em que falar de uma nação e de um reino, para edificar e para plantar, se fizer o mal diante dos meus olhos, não dando ouvidos à minha voz, então me arrependerei do bem que tinha falado que lhe faria”.


A Soberania Divina e O Livre Arbítrio Humano Não se Excluem Mutuamente

A soberania de Deus é sempre a palavra final. Benção para a obediência e juízo para a rebelião. Salvação para os que crêem e perdição eterna para os incrédulos. E benção ou juízo são condicionais ao nosso arrependimento ou obstinação pelo pecado. Salvação só em Cristo. Assim está determinado pela soberania divina e o homem não pode mudar isto. Lembra-se de Nínive destinada à destruição não o sendo porque se arrependeu?

E enfatizo: para que as idéias calvinistas prevaleçam, uma profusão de textos bíblicos precisaria ser modificada.


A Correta Compreensão da Predestinação 

Quero dizer que a predestinação existe nas Escrituras, entretanto não conforme a ótica calvinista. No Evangelho de Mateus capítulo 10, versículo 16, Jesus diz que “muitos são chamados, mas poucos escolhidos”. Ou seja, há um chamamento geral de Deus para a salvação, um convite a todas as pessoas para que venham a crer em Jesus Cristo como único salvador. Os poucos “escolhidos” são os que foram receptivos ao chamado divino e, portanto, eleitos, predestinados para a vida eterna. Deus já os conhecia antes da fundação do mundo (Rm 8.29,30; 1 Pe 1.1,2) e os conduziu a Jesus conforme João 6.44 que diz: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia”

Judas Iscariotes não foi predestinado por um decreto soberano divino (não seria tirano?) para trair Jesus, tanto que o Mestre não desistiu de recuperá-lo até o último minuto. Jesus não excluiu Judas da ceia mesmo sabendo que este iria traí-lo, e até o chamou de amigo. No alto da cruz, Jesus orou pelos “predestinados” a crucificá-lo ou pedir a Sua crucificação: “Pai perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”.  E creio que essa oração foi atendida por Deus no dia de pentecostes quando cerca de 3 mil pessoas foram salvas. E foram porque Jesus orou, e creio que muitas daquelas pessoas estavam entre os que pediram a crucificação do Messias.


O Inferno: O Maior Louvor ao Livre-Arbítrio Humano

O inferno é o maior louvor ao livre-arbítrio humano. Não há nada mais lógico. Se alguém, com suas palavras ou atos, declarar: “Deus, deixe-me em paz!”, como fazem os luciferianos, satanistas e ateus, para exemplificar, Deus vai respeitar esse desejo. É como se Deus dissesse assim: “Seja feita a tua vontade! Criei o inferno para o diabo e seus anjos, mas se você quer ficar separado de mim eternamente, tai o inferno para você!” A soberania de Deus é solapada? De modo nenhum, porque a soberania de Deus já decretou qual é o único caminho para a entrada no céu: Jesus. Nenhum ser humano que queira entrar no paraíso conseguirá isto com os métodos da religião. Os que respondem positivamente ao chamamento divino e são predestinados para o céu são os que dizem para Deus: “Seja feita a tua vontade”. E a vontade de Deus é que “todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2.4), é que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pe 3.9)


Sentença: A Predestinação Calvinista Difama o Caráter de Deus

A opção calvinista de que Deus tiranamente predeterminou quem seria salvo e quem iria passar a eternidade no inferno é indiscutivelmente a franksteinização das Escrituras, a difamação do caráter amoroso de Deus, e se alguém aceitá-la tem que, inescapável e forçosamante, aceitar que a Bíblia é contraditória. Tudo o que foi defendido nos últimos artigos é a única opção coerente. A teoria predestinalista precisa ser rejeitada e, melhor, denunciada como aberrante. 


Convite à Razão

Findo por hora minha saga anti-calvinista, podendo retomá-la se julgar necessário em qualquer tempo. Deixo claro que não estou combatendo os calvinistas. Entendo que são meus irmãos na fé. São salvos (exceto os que são crentes nominais), porém o erro deles é terem feito de Calvino um “papa infalível” e acreditar que foram salvos por terem sido selecionados como “favoritinhos” de Deus na eternidade passada. Não posso e me recuso a aceitar e respeitar um sistema teórico que transforma Deus em um Hitler divino, que selecionou a sua raça ariana espiritual na eternidade passada para a salvação, baseado numa injusta arbitrariedade, trazendo aos demais a “solução final” do tipo hitleriana: o inferno. Rejeito a idéia de que Deus é o autor de uma apartheid espiritual, que não ama a todos, que odeia a maioria e mostra isso enviando-os gratuitamente ao tormento eterno, que não deseja que  ímpio se arrependa, ao contrário, que se dane, que detém a autoria do mal, culpado pelo pecado daquele que o nega. 

Definitivamente, o “deus” de Calvino não está na Bíblia.

No entanto, ser anti-calvino não dá o direito a ninguém de me rotular de arminiano. Os arminianos também erram ao acreditarem que o crente pode perder o dom da salvação depois de recebê-lo. Compreendem mal à perseverança dos crentes, ou o “cair da graça”. Salvação não é algo que se conquista ou se perde por mérito ou demérito. Se assim fosse, a salvação seria pelas obras e não por fé. Todos os que são salvos perseveram na fé. E mesmo que se afastem temporariamente dos caminhos de Deus, como “filhos pródigos” voltam e se reconciliam com o Pai. Alguém rejeitar a salvação depois de recebê-la é algo estranho. Novo nascimento desfeito? Representação estética do grotesco! Como ficariam então os textos de Jo 5.24 e 10.27-29? Entendo que os apóstatas nunca foram salvos, embora tenham experimentado alguns benefícios de Cristo.

Nem calvinista, nem arminiano. Tenho plena certeza que os apóstolos condenariam as correntes teológicas e os rótulos separatistas. Sejamos apenas bíblicos!

Com efeito, um sistema religioso é desafiado. Tentar me enquadrar não funciona, sou um pensador livre dos esquemas prontos, norteado apenas pelas Escrituras. Pensamentos teológicos são retidos positivamente em minha mente somente em se coadunando com a “Palavra”. Severo? Sim, se julgar pertinente. Estou cansado da ética permissiva do aberrante e do medonho, blindadora do biblicamente aparente, todavia profano. Deus como um tipo de Hitler? Não me curvarei ao politicamente correto que declara herege o pseudocristão, mas que se cala diante do que confunde e divide o corpo de Cristo.  

Os que apontam para as esquisitices do calvinismo são acusados de antiintelectualismo. Em revanche, evidencio em minhas letras o pseudointelectualismo travestido de útil, mesmo que o caráter de Deus seja desfigurado, tornado irreconhecível. Não sou antiintelectualista, detesto a ignorância. Deus também, afinal, declarou que seu povo é destruído por falta de conhecimento. A ignorância - e o emocionalismo – é a mãe de muitos aliciados, mormente no cristianismo contemporâneo. 

Estou preparado para estar só, não nas idéias - posto que a maioria dos cristãos de todas as épocas sempre pensou de modo semelhante a mim - mas no enfrentamento do óbvio: não tocar no assunto. É uma maneira de curto-circuitar os efeitos de uma alucinação coletiva que ocasiona deslumbramento em alguns. Em mim prefiro a repulsa de um sistema teórico que torna em turbulência a objetividade bíblica.

Fica o convite ao leitor não discordante que reverbere esta mensagem aos vitimizados pelo terror dissuasivo para que vejam a sua servidão da asneira. Aos compactuantes com o que aqui é combatido que, a partir de uma avaliação intelectualmente honesta, elaborem uma compreensão revisionista e coadunante com as Escrituras. 


Conclusão

Finalizo com uma frase: só as Escrituras. Ironicamente originada na Reforma que concebeu algumas idéias combatidas aqui. A primeira das 5 solas, corretamente criada, mas negada na prática quando idolatricamente os escritos de Agostinho, Lutero e Calvino, além de confissões e catecismos sobrepõem-se em número de citações à própria Bíblia. Somente a leitura da Bíblia é suficiente para que, com os olhos da graça, entendamos as verdades reveladas por Deus. Sola Scriptura é uma necessidade mesmo. Seja muito cauteloso com teorias teológicas que querem enquadrar Deus, colocá-lO numa embalagem religiosa. As estranhas teologias como Graça Irresistível só estendida por Deus aos eleitos, Expiação Limitada, etc, precisam ser postas à prova para que saibamos se estão de acordo com a palavra de Deus ou não. Sigamos sempre o paradigma dos bereanos que procuravam saber se os ensinos de Paulo eram conforme às Escrituras. Você crê que Deus teria o prazer de destinar bilhões de pessoas ao inferno sem lhes permitir qualquer escolha? Mistério??? Isto é rebaixar o Pai celeste à categoria de ser humano vil. É impossível conciliar tais doutrinas com a Bíblia! Mantenha uma distância bem definida da irracionalidade! 

O leitor tem a oportunidade de exercitar seu livre arbítrio. Escolha a quem servir: ao deus Calvino ou ao Deus da Bíblia.

Em Cristo, que nos chamou para vivermos em liberdade, inclusive para discernirmos as doutrinas religiosas humanas feitas divinas, porém sendo contrárias as verdadeiras Doutrinas Escriturísticas.


Por Sandro Moraes


São Luís-MA/Brasil
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O que diz o calvinismo :

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 III.3- Eleitos e não eleitos.
Pelo decreto de Deus e para manifestação da sua glória, alguns homens e
alguns anjos são predestinados para a vida eterna1 e outros preordenados para a
morte eterna.2 Ref.:
1- I Tm 5.21; At 13. 48; Rm 8.29,30; Jo 10.27-29.
2- Mt 25.41; Rm 9. 22,23; Jd 4.
Síntese:
1- Uns são predestinados para salvação, outros preordenados para perdição.
2- A predestinação inclui homens e anjos.
A doutrina da predestinação escapa à compreensão humana, mas, a mim me
parece, é inegável à luz das Escrituras. Alguns antipredestinistas sustentam que a
eleição é somente para funções especiais, ofícios, ministérios, santificação ou
37 - Consultem “Eleitos de Deus” de R. C. Sproul, ECC, SP, 1998, 1ª Ed., cap. 6, Presciência e
Predestinação. O autor se vale de sua experiência de ex-arminiano nesta questão para expor com clareza a
predestinação.
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Deus preordena para a perdição
Os textos seguintes revelam-nos que o Supremo Criador e Salvador tanto
predestinou de antemão os que seriam chamados, justificados e regenerados quanto os
que não seriam chamados internamente e, portanto, ficariam privados da redenção ou
simplesmente deixados como vítimas eternas da queda, quer homens reprovados quer
anjos caídos:
Conjuro-te perante Deus, Cristo Jesus e os anjos eleitos, que guardes estes
conselhos, sem reprovação, nada fazendo com parcialidade ( I Tm 5.21). Aqui, Paulo
fala de “anjos eleitos” e, consequentemente, os que caíram eram reprovados.
Então o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos ( Mt 25.41 ). Jesus
decreta a mesma destinação final de perdição eterna tanto aos homens “malditos” como
aos anjos reprovados.
Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu
poder, suportou com longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim
de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia,
que para a glória preparou de antemão ( Rm 9. 22,23 ). Alan Richardson entende que
esses “vasos de ira” são povos ou nações; e que Deus tem misericórdia de quem quer, e
também endurece a quem lhe apraz em termos de lideranças nacionais. Diz o referido
autor: Deus é Senhor das nações, e pertence inteiramente à sua vontade e graça que
esta ou aquela nação seja eleita ao serviço de seu propósito universal38. A nação que
Deus escolheu, com propósitos missionários, foi somente Israel. Esta, porém, cumprido
o seu papel, perdeu o “direito de Povo de Deus”. Hoje, a Igreja não se estrutura por
nações, mas se constitui de eleitos vocacionados de todas as raças, etnias e nações:
Depois destas coisas vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de
todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro,
vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e aclamavam em grande voz,
38 - Alan Richardson em “Introdução à Teologia do Novo Testamento”, ASTE, SP, 1ª Ed., 1966, pág. 273.
Ver todo os capítulos: O Eleito de Deus”, “Eleição e Graça” e “A Graça de Deus”, da pág. 270 a 282.

III.6- Predestinação dos fins e dos meios.
Assim como Deus destinou os eleitos para a glória, assim também, pelo eterno
e mui livre propósito da sua vontade, preordenou todos os meios conducentes a esse
fim1; os que, portanto, são eleitos, achando-se caídos em Adão, são remidos por
Cristo2, são eficazmente chamados para a fé em Cristo pelo seu Espírito, que opera
no tempo devido3; são justificados4, adotados5 santificados6 e guardados pelo seu
poder por meio da fé salvadora8. Além dos eleitos não há nenhum outro que seja
remido por Cristo, eficazmente chamado, justificado, adotado, santificado e salvo8.
Ref.:
1- Ef 2.10: II Ts 2.13; I Pe 1.2; Ef 1.4.
2- Rm 5.19; I Ts 5.9,10; Tt 2.14.
3- Rm 9.11; II Ts 2. 13,14; I Co 1.9.
4- Rm 8.30.
5- Ef 1.5.
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Predestinação: misericórdia e justiça.
III.7- Segundo o inescrutável conselho da sua própria vontade, pela qual ele
concede ou recusa misericórdia, como lhe apraz, para a glória do seu soberano poder
sobre as suas criaturas1; o resto dos homens, para louvor da sua gloriosa justiça2, foi
Deus servido não contemplar e ordená-los para a desonra e ira por causa dos seus
pecados3. Ref.:
1 Mt 11.25,26.
2 Ap 15.3,4.
3 Rm 2.8,9; II Ts 2.10-12; Rm 9. 14-22.
Síntese
Eleitos e réprobos estão sob a justiça divina; tudo para sua glória.
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 Todos os predestinados à salvação, e exclusivamente eles, são eficazmente
chamados. Deus não deixa os seus eleitos se perderem por falta de oportunidade de
crença no Salvador. Os que viveram antes do advento de Cristo, os que pertenceram ao
mundo gentílico, os que não foram alcançados diretamente pela pregação do Evangelho,
os que morreram na infância, os que possuíram debilidades mentais natas ou adquiridas,
se predestinados por Deus em Cristo Jesus, foram salvos. Cristo não começou a
salvação a partir de sua encarnação; ele é eternamente o Salvador e nele, desde toda a
eternidade, os seus redimidos estavam preordenados à remissão
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Nossa fortaleza é Deus.
XVII.2- Esta perseverança dos santos não depende do livre arbítrio deles,
mas da imutabilidade do decreto da eleição, procedente do livre e imutável amor
de Deus Pai1, da eficácia do mérito e intercessão de Jesus Cristo2, da permanência
do Espírito e da semente de Deus neles3, da natureza do pacto da graça4; de todas
estas coisas vêm a sua certeza e infalibilidade5. Ref.:
1- II Tm 2. 19; Jr 31. 3; Ef 1. 4,5; Jo 13. 1; Rm 8. 35-39.
2- Hb 10. 10,14; Jo 17. 11,24; Hb 7. 25; Hb 9. 12-15; Lc 22. 32.
3- Jo 14. 16,17; I Jo 2. 29; I Jo 3. 9.
4- Jr 32. 40; Hb 8. 10-12.
5- II Ts 3. 3; I Jo 2. 19; Jo 10. 28; I Ts 5. 23,24; Hb 6. 17-20.
Síntese
A perseverança não depende da capacidade humana nem de seu livre arbítrio.
A perseverança firma-se: na eleição eterna; na imutabilidade dos feitos de Deus; no
insondável amor divino; na mediação intercessória de Cristo; na permanência do
Espírito Santo no eleito regenerado; na semente de Deus no redimido; na natureza da
graça.
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e- A do Reformado Calvinista: Morrendo agora ou em qualquer momento, na
qualidade de eleito regenerado, concessão exclusiva de Deus, serei levado para o céu,
onde estarei eternamente com Jesus. Disso estou absolutamente convicto, pois a
salvação não foi opção pessoal, nem a mantenho por esforço próprio; o Redentor ma
concedeu, incondicionalmente, por sua inefável e infinita graça. A sentença de morte
que pesava sobre mim e sob a qual minha alma angustiava, o Pai celeste a fez recair em
seu Filho amado, nosso Senhor Jesus Cristo. Até a fé, que me leva à firme crença
naquele que por mim morreu, é dádiva de Deus. A graça atua no eleito para orientá-lo e
dirigi-lo na direção do Salvador: Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem
de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie ( Ef 2.8,9 ). Os que
Deus predestinou, a esses chamou, regenerou, justificou, salvou, concedeu-lhes a vida
eterna e glorificou (Rm 8.30).
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