segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O capitalismo alimenta um mundo faminto







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Economia
Publicado em 29 de fevereiro de 2016 | por Marian L. Tupy and Chelsea German
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O capitalismo alimenta um mundo faminto

O fantasma de Malthus assombra o discurso público

A revista Forbes publicou recentemente o artigo “Se mudanças não ocorrerem, o capitalismo matará a humanidade de fome em 2050,” [em inglês] por Drew Hansen. Hansen, um empresário e escritor corriqueiro para a Forbes, começa o artigo dizendo que o capitalismo “falhou em melhorar o bem-estar humano em escala.”
Durante as últimas décadas, no entanto, centenas de milhões de pessoas saíram da extrema pobreza. Na verdade, a porcentagem da população mundial, assim como o número total de pessoas vivendo na pobreza, está no nível mais baixo de todos os tempos, apesar da população ter crescido 143% desde 1960. O Instituto Brookings, de viés esquerdista, prevê que a pobreza absoluta será praticamente eliminada do mundo por volta de 2030. Se essa não é uma boa notícia, o que será?
Hansen argumenta que o capitalismo é responsável pela enorme extinção de espécies animais, destruição de florestas e por um risco crescente de fome. Vamos examinar cada uma das três afirmações de Hansen separadamente.
Primeiramente, Hansen afirma que “espécies estão sendo extintas em uma proporção 1000 vezes maior que a natural.” Matt Ridley, jornalista e membro do conselho do site Human Progress, rebate essa afirmação no seu livro O Otimista Racional:
Não há dúvidas que os seres humanos causaram um pulso de extinção, principalmente ao introduzir ratos, insetos e plantas invasoras em ilhas oceânicas à custa das espécies endêmicas…
Mas agora que a maioria dessas introduções acidentais às ilhas já ocorreram, a taxa de extinção passou a cair, ao invés de subir, pelo menos entre aves e mamíferos. Extinções de aves e mamíferos chegaram a um pico de 1,6 espécies ao ano por volta de 1900 e estão num nível atual de 0,2 espécies ao ano.
Ridley também observa que a taxa de extinção de espécies caiu ainda mais em países industrializados, onde pessoas tendem a se preocupar mais com a riqueza ecológica. Capitalismo, ao criar riqueza e permitir à humanidade deixar para trás problemas básicos de sobrevivência, nos ajudou a preservar outras espécies.
Em segundo lugar, Hansen afirma que 6 milhões de hectares de floresta são perdidos todo ano. Enquanto a área de mata nativa é reduzida lentamente a cada ano, há diversas razões para otimismo.
Em uma publicação recente para o Breakthrough Institute, o cientista ambiental Jesse H. Ausubel descreve como florestas voltam a crescer na medida em que países ficam mais ricos e que sua população passa a se preocupar mais com o meio-ambiente:
Engenheiros florestais se referem à “transição florestal” quando uma nação deixa de perder e passa a ganhar área coberta por florestas. Em 1830, a França registrou a primeira transição florestal. Desde então, enquanto a população da França dobrou, as florestas francesas também dobraram. Em outras palavras, a perda florestal deixou de ser ligada ao aumento populacional. De acordo com medidas por crescimento do inventário florestal, os Estados Unidos entraram nessa transição florestal por volta de 1950, e, em medição por área, por volta de 1990. A transição florestal começou por volta do ano de 1900, quando estados como Connecticut quase não tinham florestas e que hoje englobam diversos estados.
Em terceiro, mas não menos importante, Hansen – citando o censo norte-americano de 2014 – notou que 15% dos norte-americanos vivem na pobreza. (O censo define pobreza como uma renda menor que 12.071 dólares americanos por ano em uma residência de um morador, ou 33 dólares por dia.).
Porém, o que significa ser pobre nos Estados Unidos? Como o economista Steve Horwitz escreve, “residências pobres nos Estados Unidos têm maior chance de ter equipamentos domésticos básicos do que a residência média durante os anos de 1970, levando em conta que esses equipamentos são de maior qualidade atualmente.”
Em 1984, por exemplo, 83% de todas as residências nos Estados Unidos tinham uma geladeira. Em 2005, 99% de todas as residências pobres dos Estados Unidos tinham uma geladeira. Essa é uma das muitas evidências disponíveis sobre o aumento da qualidade de vida do cidadão norte-americano pobre.
Hansen falha ao deixar de mencionar que viver com 33 dólares por dia não é pobreza de acordo com padrões históricos. Através da maior parte da história humana, quase todos viveram em pobreza absoluta. Apenas nos últimos dois séculos a riqueza aumentou exponencialmente. Países que adotaram o capitalismo mais cedo, como os Estados Unidos, viram a renda média nacional disparar.
Hansen, então, repete a velha e abandonada ideia de que a humanidade não será capaz de se alimentar na proporção do crescimento populacional. Thomas Malthus foi quem primeiro fez esse argumento em 1798. O erro de Malthus foi ignorar a habilidade dos seres humanos de resolver problemas através da inovação. Porém, como Julian Simon apontou em The Ultimate Resource, pessoas são excelentes resolvedoras de problemas e o livre mercado ajuda a coordenar soluções para a maioria de nossos desafios diários.
Um desafio (alimentar uma população crescente) levou a uma inovação tecnológica (a Revolução Verde e aos Organismos Geneticamente Modificados – OGMs) que então levou a uma solução (maior produtividade agrícola e queda no preço dos alimentos). Ao invés de levar à fome, o capitalismo garantiu que o suprimento de comida crescesse ao ponto de atender à demanda crescente.
Se a humanidade encontrar a fome no ano de 2050, não será por culpa do capitalismo – será porque visões anti-capitalistas como a de Hansen prevaleceram.
//Tradução de Vinicius Cintra | Artigo original.

Sobre o autor

Marian L. Tupy
Marian L. Tupy é analista político do Center for Global Liberty and Prosperity. É especialista em globalização e bem-estar global, e a economia-política da Europa e da África sub-saariana. Seus artigos foram publicados no Financial Times, Los Angeles Times, Wall Street Journal (EUA e Europa), The Atlantic, Spectator (UK), Reason Magazine e em vários outros órgãos da imprensa, tanto nos Estados Unidos como na Europa.
chelsea
Chelsea German trabalha no Cato Institute e é pesquisadora e editora administrativa do site HumanProgress.org





FONTE http://www.libertarianismo.org/index.php/artigos/capitalismo-alimenta-mundo-faminto/

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