A era do “ideólogo oculto”
Fundo Branco
V
Você já se perguntou por que uma empresa continua dando voz aos ideólogos do seu departamento de marketing e criação, apesar da queda em vendas e reação negativa da maioria do público?
Você já se perguntou por que uma empresa continua dando voz aos ideólogos do seu departamento de marketing e criação, apesar da queda em vendas e reação negativa da maioria do público?
A resposta é bem simples e iluminadora – eles são ideólogos, ignorando fatos e provas para manter a sua visão de mundo pré-estabelecida. É claro, isso pode não ser nenhuma surpresa pra alguém observando de fora, mas a grande força da “justiça social/marxismo cultural/como você quiser chamar” é que ela se camufla do discurso político, conquistando adeptos que muitas vezes não notam que estão se tornando puros agentes partidários.
Um dos fundamentos mais primordiais do marketing é não politizar a sua marca se ela tenta atrair o público geral. Não tem como vencer, você vai acabar antagonizando uma enorme parcela do mercado e a devoção extra do grupo que foi favorecido dificilmente irá compensar por isso. Mas, então, eu lhes pergunto, como corporações multi-nacionais com décadas de experiência acabam veiculando campanhas tão absurdamente ridículas como a última da Skol?
Para eles, ao menos alguns, não estão politizando a marca. Marxismo cultural é um termo que jamais ouviram e ‘justiça social’ é visto como uma decisão de estilo de vida, não política. Veja, não é sobre querer o Lula presidente de novo, é sobre ser um ser humano e desejar o melhor para todos, independente de raça, gênero e orientação sexual.
Basicamente, a política da ‘justiça social’ está sendo vendida para essas empresas como o novo “apelar para todo o público”. No discurso do publicitário que escuta Katy Perry eles estão sendo inclusivos, chamando uma parcela do mercado que até então era ignorada. Porém, assim como o discurso não é visto como política, mas estilo de vida, seus detratores também não são. Logo, quem critica a campanha não são pessoas de posição política diferente com quem podemos debater, são neonazistas, racistas, misóginos. E assim, a ponte do diálogo desaparece por completo.
Mesmo que você escreva diretamente para a marca, dizendo que não consumirá mais o seu produto devido a uma campanha de marketing que o antagoniza, eles não vão aceitar aquilo como criticismo verdadeiro. Graças a Deus e ao livre mercado, no entanto, se eles não interpretarem uma queda nas vendas como necessidade de mudança, virá outra marca que preencherá o vazio. Logo, eles são forçados a dar mais prioridade a dados de vendas do que ao discurso enfeitado dos publicitários barbudos de óculos de aro redondo.
Tudo depende de cada marca, o energético TNT, por exemplo, um dos primeiros casos de campanha lacradora num produto que teoricamente tem um público alvo que abomina esse tipo de discurso, talvez ofuscada por Red Bull, Monster e outras marcas que já dominam grande parte do mercado, tenham decidido se fechar e conquistar um nicho de feministas, viadas, jornalistas e pessoas que acham um absurdo criticar o Bloco Soviético.
Mas no caso da Skol, um produto de massa, com grande representatividade nas prateleiras, cujo grande público são senhôzinhos de 50 anos bebendo durante o futebol no bar da esquina ou jovens que resolvem beber a cerveja mais barata na balada para pode beber mais com o seu orçamento limitado, a decisão de partir para o lacre, dizendo que “evoluiu” quando confrontado com comerciais antigos, é simplesmente um mistério – ou será que não?
Tendenciosos vivem gritando que, devido à teimosia de conservadores em não aceitarem a versão oficial de fatos, vivemos na era “pós-verdade”. Na minha visão, vivemos na era dos “ideólogos ocultos”, onde por todo lado somos bombardeados por talking points partidários vindos de fontes aparentemente isentas. Se a Skol não é de esquerda, então por que diabos ela tá querendo me dar lição de moral de feminismo de terceira onda? Por que eu to vendo agenda sendo avançada no meio do jornal da hora do almoço?
O que você precisa nos dias de hoje é saber identificar ideólogos ocultos, sabendo diferenciar os agentes partidários, dos simples elementos culturais, que ecoam o discurso político sem saber da sua verdadeira natureza – o que é mais difícil. Na prática, não existe diferença, mas é importante saber na hora de confronta-los, de criar seus argumentos contra.
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