terça-feira, 19 de setembro de 2017

Panaceias

Panaceias
1 - Corta a glicose!
Ouço por aí que está se recomendando dietas sem a ingestão de carboidratos para que as células cancerígenas fiquem sem nutrição e não cresçam.
Uma nota: Fisiculturistas de ponta ficam com taxas de gordura de até 3% por alguns dias, mas mais que isso, não, pois é bastante perigoso. Atletas de ponta de diversos esportes mantém taxas de gordura corporal na faixa de 6%, que é meio que um limite seguro e neste nível de atividade, bastante útil.
Uma segunda nota: o que mais associo com células cancerosas são um agrupamento de protozoários, como as amebas em desespero por manterem-se vivas, agrupamento este que é evolutivamente similar ao que produziu os seres vivos multicelulares.
Bom, células não vivem só de carboidratos, e aliás, para “crescerem e se multiplicarem”, necessitam mais de aminoácidos para suas proteínas que propriamente de carboidratos, isentos de nitrogênio, enxofre e fósforo.
Mais uma nota: o cérebro não subsiste sem glicose, pois não depende de gorduras ou de ciclos de consumo de aminoácidos, a catabolia que aflige os fisiculturistas com grandes pretensões.
Assim, chegamos num dilema, e diria numa impossibilidade: como matar células de comportamento muito próximo da agressividade na nutrição, reprodução e sobrevivência como são os seres vivos mais simples e lembremos antigos da natureza com métodos que só poderiam causar real dano às células e quadro geral dos organismos mais complexos, como mostra qualquer criança mesmo intelectualmente brilhante subnutrida nos piores países da África ou Ásia?
Por outro lado, qual maneira mais óbvia de causar um grande problema para as “amebas” que enfiar substâncias tóxicas no seu meio, ou aplicar-lhes radiação, já que não contam com o suporte geral de um organismo sofisticado para sua manutenção e regeneração?
Por isso que quimioterapia e radioterapia funcionam, ainda que brutais.
Acrescento: novas terapias, como burla dos impedimentos que o sistema imunológico tem em atacar suas rebeldes células anteriormente “irmãs”, seguem por um caminho de lógica diferente, mas seguramente, terão eficiência, tanto que tal acontece, com evidências, para muitas curas “naturais” de tumores.
2 - E novamente, haja paciência, o bicarbonato…
Eu já tenho de ter paciência com “receitas domésticas de limpeza e higiene” com misturas de bicarbonato de sódio e vinagre, ou suco de limão, que o máximo que podem fazer é tornarem-se mais neutras que o alcalino bicarbonato ou os ácidos vinagre e suco de limão, com formação de acetato de sódio e citrato de sódio, respectivamente.
Temos de agradecer talvez ao preço para não aparecerem receitas mais mirabolantes com acerola ou camu-camu, com seus altos teores de ácido ascórbico (vitamina C), pois a neutralização também se daria, desta vez em inofensivo ascorbato de sódio.
Mas eis que aparece médico, consta que italiano, com recomendação de bicarbonato de sódio para combater o câncer.
Neste meu mundinho de Química mais rigorosa - no sentido de reações mais intensas - capta-se banalmente que o bicarbonato é um “anti-ácido” e atua contra a azia exatamente por reagir com o ácido clorídrico produzido em nosso sistema digestivo pois com este reage produzindo o relativamente inofensivo cloreto de sódio, o (principal constituinte) do dito “sal de cozinha”.
Esta mesma banalidade é que permite que acrescente-se em certos alimentos, como até mesmo laticínios, pequenas quantidades de hidróxido de sódio, a quando pura ou concentrada perigosa soda cáustica, com a mesma reação inofensiva nos nossos estômagos.
Problemas de aumento de sódio no organismo, como por exemplo, o aumento da retenção de líquido e consequente aumento da pressão arterial são “outros quinhentos”...
Então, não deveria ser a ingestão de mais cloreto de sódio, como num bacalhau bem salgado, ser também uma cura para o câncer?
Humildemente, sei que sou um nulidade da área das biológicas e poderia ser acusado por este texto simplório de charlatão, mas em tratando-se de outra ciência, peço que por favor, ao menos mais Química de secundário e menos charlatanismo irresponsável.
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