Lula e Bolsonaro: mais de 70% dos eleitores não querem votar nem em um nem no outro (Jefferson Coppola/Dedoc e Cristiano Mariz/VEJA.com)
É provável que não exista no Brasil de hoje, para quem está interessado em acompanhar a nossa comédia política de cada dia, nenhuma maneira mais garantida de perder tempo do que ler pesquisas eleitorais – e, sobretudo, ficar pensando depois no que pode significar aquele angu de números, porcentagens e tabelas que nos jogam em cima. As pesquisas exibidas ao público asseguram que os dois candidatos com mais chances de chegarem à Presidência da República nas eleições de 2018 são o ex-presidente Lula, em primeiro lugar, e o deputado Jair Bolsonaro, em segundo. É isso, a cada vez que alguma dessas pesquisas é divulgada, que exclamam as manchetes da imprensa. Apresenta-se a sondagem, automaticamente, como a principal notícia do dia. Os “cientistas políticos” nos ensinam o que devemos pensar a respeito. Os partidos falam. Os editoriais se preocupam. O resultado é que os institutos de pesquisa e a mídia em geral acabaram construindo em suas telas de computador, ao longo das últimas semanas e meses, uma realidade própria para a situação eleitoral. Independente do que sejam ou não sejam os fatos, ficou estabelecido que a eleição do ano que vem será disputada entre Lula e Bolsonoro. Os pesquisadores e editores dirão que não é bem isso que estão fazendo. Mas é.
É provável que não exista no Brasil de hoje, para quem está interessado em acompanhar a nossa comédia política de cada dia, nenhuma maneira mais garantida de perder tempo do que ler pesquisas eleitorais – e, sobretudo, ficar pensando depois no que pode significar aquele angu de números, porcentagens e tabelas que nos jogam em cima. As pesquisas exibidas ao público asseguram que os dois candidatos com mais chances de chegarem à Presidência da República nas eleições de 2018 são o ex-presidente Lula, em primeiro lugar, e o deputado Jair Bolsonaro, em segundo. É isso, a cada vez que alguma dessas pesquisas é divulgada, que exclamam as manchetes da imprensa. Apresenta-se a sondagem, automaticamente, como a principal notícia do dia. Os “cientistas políticos” nos ensinam o que devemos pensar a respeito. Os partidos falam. Os editoriais se preocupam. O resultado é que os institutos de pesquisa e a mídia em geral acabaram construindo em suas telas de computador, ao longo das últimas semanas e meses, uma realidade própria para a situação eleitoral. Independente do que sejam ou não sejam os fatos, ficou estabelecido que a eleição do ano que vem será disputada entre Lula e Bolsonoro. Os pesquisadores e editores dirão que não é bem isso que estão fazendo. Mas é.
Eis aí uma modalidade educada de “fake news” — essa maré sempre montante de notícias falsas que tanto prospera nas “redes sociais” hoje em dia. As “pesquisas de intenção de voto”, como consta em seu nome e sobrenome, não são inventadas em cima de uma mesa, sem que se pergunte nada a ninguém – tanto quanto nos informam, há realmente entrevistadores e entrevistados, um número “X” de entrevistas, que são feitas em “X” lugares do Brasil e incluem “X” tipos diferentes de eleitores. Tudo bem – só que as pesquisas estão pesquisando o nada. Elas são “fake” porque revelam para o público uma realidade que não existe. E não existe porque não se sabe ainda quem serão os candidatos verdadeiros à presidência – aqueles nos quais o eleitor concretamente poderá votar no dia da eleição. Para que serve uma notícia sobre algo que pode, ou não, acontecer no futuro? É curioso: as duas figuras que segundo a imprensa aparecem “consolidadas” nas duas primeiras posições podem nem ser candidatos de verdade na eleição de verdade. Mais curioso ainda: pelos próprios números dessas pesquisas que “consolidam” Lula e Bolsonaro como os dois nomes que vão disputar o segundo turno em outubro de 2018, mais de 70% dos eleitores não querem votar nem em um e nem no outro. Quando as entrevistas são feitas de forma espontânea, ou não estimulada pelos questionários, os dois somam 28%.
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