sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Irã detém 29 mulheres por retirarem véu em públicoCampanha de protesto 'Quartas-feiras Brancas' exige mais liberdades individuais

Irã detém 29 mulheres por retirarem véu em públicoCampanha de protesto 'Quartas-feiras Brancas' 
exige mais liberdades individuais 
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TEERÃ — A polícia iraniana informou na quinta-feira que deteve 29 mulheres que retiraram seus véus em público, em protesto contra a lei de 1983 que torna seu uso obrigatório. De acordo com as autoridades iranianas, as mulheres detidas fazem parte de uma campanha conhecida como "Quartas-feiras Brancas", em que mulheres retiram seus véus.


 

Imagens recentes mostram que os atos normalmente são feitos em lugares de grande circulação, com manifestantes subindo em plataformas, retirando a peça do vestuário e agitando o tecido no ar. Numa delas, uma mulher religiosa, de véu e chador (o traje negro que vai até os pés), apoia as manifestantes acenando ela própria com um lenço.
A agência de notícias semioficial Tasnin, ligada à Guarda Revolucionária, acusa o movimento de ter sido incentivado por canais de TV de fora do país, que transmitiriam a convocação das "Quartas Brancas" ilegalmente, via satélite. Uma jornalista e ativista radicada nos Estados Unidos, Masih Alinejad, iniciou a campanha em 2017. Masih, que trabalha para a emissora do governo americano Voz da América, negou, em entrevista ao jornal britânico "The Guardian", que receba fundos de governos estrangeiros para a campanha.
A agência Tasnin, no entanto, não especificou o intervalo entre as detenções nem o local em que foram realizadas. Mulheres que mostram o cabelo em público no país podem ser detidas por até dois meses ou pagar uma fiança equivalente US$ 25. O procurador-geral do Irã, Mohammad Jafar Montazeri, descreveu os atos como "infantis" e motivados por ativistas "de fora do país".
Apesar da reação da linha-dura, o tema tem sido debatido inclusive no Parlamento iraniano. De acordo com outra agência de notícias, a Ilna, uma deputada, Soheila Jolodarzadeh, disse em plenário que os protestos são consequência de restrições prolongadas. "Eles estão acontecendo por causa de uma abordagem errada da nossa parte", afirmou ela. "Nós impusemos restrições às mulheres, restrições desnecessárias. É por isso que as meninas estão colocando seus lenços em bastões."

A lei imposta pela República Islâmica em 1983 para o uso obrigatório do véu seguiu política oposta à da dinastia dos Pahlevi, derrubada na revolução de 1979, que proibiu o uso do véu pelas mulheres nos anos 1930. A proibição afastava da vida pública, incluindo das escolas e universidades, mulheres de famílias religiosas, em geral mais pobres. A proibição foi relaxada durante o regime do xá Mohammad Reza Pahlevi (1941-1979), mas o uso do véu ainda era visto como um empecilho à ascensão social.



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