Depois
do anúncio de retirada, por parte dos Estados Unidos, do Acordo de
Paris sobre o Clima, a França lançou uma convocação internacional a
climatologistas para que fossem trabalhar na França: pelo menos 250,
quase metade deles americanos, apresentaram sua candidatura.
A seleção está em curso para determinar quais serão os 50 projetos de pesquisa financiados pelo governo francês.
Após
uma primeira etapa eliminatória em meados de outubro, 90 pesquisadores
ainda continuam na disputa. Desse total, 62% trabalham nos Estados
Unidos, atualmente.
Os
nomes dos vencedores devem ser divulgados em 12 de dezembro pelo
presidente francês, Emmanuel Macron, que anunciou uma cúpula para essa
data - dois anos após a COP 21, que concluiu o Acordo de Paris contra as
mudanças climáticas.
Sob
o slogan "Make Our Planet Great Again", o programa foi lançado em 1º de
junho, depois que Trump disse que os Estados Unidos deixariam o acordo.
O nome é uma paródia ao lema de campanha do magnata americano, "Make
American Great Again".
"A
todos que a decisão do presidente dos Estados Unidos decepcionou, vocês
encontrarão na França uma segunda pátria", garantiu Macron, depois da
declaração de Trump.
Milhares de pessoas se registraram on-line, mas um número bem menor de fato atendeu aos critérios e pôde se candidatar.
Até
31 de agosto, prazo final para a inscrição, "255 candidaturas
concluídas" foram depositadas, anunciou nesta sexta-feira Anne Peyroche,
a diretora-geral delegada para Ciência do CNRS, o centro francês de
pesquisa científica responsável pela primeira triagem desse processo.
Da
luta contra o aquecimento global aos orçamentos das pesquisas em geral,
a comunidade científica americana manifestou várias vezes seus temores
em relação ao governo Trump.
- 'Muito, muito alto nível' -
"O
contraste não poderia ser mais impressionante entre Macron, que apoia a
ciência e ouve suas advertências, e Trump, que expressa apenas desprezo
pela ciência e representa apenas os interesses econômicos das energias
fósseis", disse à AFP o climatologista Michael Mann, da Universidade
Estadual da Pensilvânia.
O
edital se dirige a cientistas que tenham defendido sua tese de
Doutorado há mais de quatro anos, estabelecidos no exterior e que
trabalhem nas Ciências do Clima, da Observação e da Compreensão do
Sistema Terra, assim como nas ciências e tecnologias da transição
energética.
"Temos perfis de muito, muito alto nível", garantiu Anne Peyroche.
"É
uma verdadeira oportunidade para a França, mas, ao mesmo tempo, isso
lança interrogações sobre as condições de trabalho desses pesquisadores
nos Estados Unidos", completou.
Em
meados de junho, a França anunciou o desbloqueio de 30 milhões de euros
para financiar 50 projetos. Uma quantia similar também será destinada
por parte dos centros de estudo que receberão os pesquisadores.
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