Israel fecha empresas que trabalhavam para canais do Hamas
Forças de segurança israelenses realizaram, nesta quarta-feira (18), operações de busca em produtoras da Cisjordânia e fecharam pelo menos duas delas, acusadas de fornecerem serviços aos canais de televisão do Hamas.
Realizadas durante a noite, as operações aconteceram menos de 24 horas depois do anúncio, por parte do governo israelense, de que não negociará com um governo de unidade palestino que inclua o movimento islamita, caso o Hamas não entregue as armas, não renuncie à violência e não reconheça Israel.
Neste momento, Hamas e Fatah se preparam para iniciar discussões para formar um governo de unidade.
O serviço de segurança israelense não anunciou qualquer medida concreta de represália a esta aproximação entre a Autoridade Palestina, reconhecida por Israel como interlocutora dos palestinos, e o movimento islamita, considerado pelo Estado hebreu como uma organização terrorista.
Antes do amanhecer, porém, as forças israelenses entraram nos escritórios de produtoras e companhias que operam no setor de mídia em Ramallah, Hebron, Nablus e Belém.
Ao que parece, esta foi a mais vasta operação do gênero em muito tempo, mesmo que o Exército israelense realize batidas com frequência, ou feche os escritórios de rádio e televisão da Cisjordânia, acusando os veículos de propagar ódio aos israelenses.
As forças israelenses fecharam durante seis meses os escritórios em Hebron de Palmedia, Ramsat e Transmedia, três produtoras que forneciam serviços para os canais de TV do Hamas, informou à AFP uma fonte do sindicato dos jornalistas palestinos.
Duas pessoas foram detidas, e material foi apreendido.
Outras cinco empresas da Cisjordânia, território palestino ocupado pelo Exército israelense há 50 anos, foram alvo de operações das forças israelenses.
O Exército de Israel informou o fechamento de duas empresas, Ramsat e Transmedia, no que chamou de uma operação de "grande envergadura".
As empresas envolvidas na operação das forças israelenses são suspeitas de "difundir conteúdos que incitam o ódio, de estimular, celebrar e promover a violência e o terrorismo contra os israelenses", completou o Exército.
Os militares colaram nas portas dos dois escritórios fechados ordens de encerramento alertando, em árabe: "Não apoiem o terrorismo, ou os incitamentos ao ódio. Assim vocês vão garantir seu ganha-pão e proteger suas famílias".
As oito sociedades visadas, segundo o general Yoav Mordechai, à frente da unidade que coordena parte das atividades israelenses nos Territórios palestinos, são acusadas de prestarem serviços à Al-Aqsa TV e à Al-Quds TV, dois canais do Hamas.
Al-Aqsa e Al-Quds "difundem incitações ao ódio contra o Estado de Israel. Não é segredo para ninguém que esses canais inspiraram terroristas que atacaram inocentes", acrescentou.
Um funcionário da Palmedia contestou as acusações israelenses, afirmando que a companhia não fornece conteúdo a qualquer um de seus clientes, limitando-se a prestar serviços técnicos, humanos e material.
"Seu fechamento ameaça a existência dos meios de comunicação palestinos e seu dever de dar voz à Palestina", reclama em um comunicado a Palmedia, afiliada à Paltel.
A Autoridade Palestina condenou a operação "nos termos mais duros".
Esta operação constitui uma "agressão flagrante e uma violação grosseira de todas as regras internacionais", disse o porta-voz do governo palestino, Yussef al-Mahmud.
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