Progressistas querem derrubar estátuas de intolerantes violentos? Comecem com as de Che Guevara
Na Argentina, um movimento vem ganhando atenção mundial
Rosário é a segunda cidade mais antiga da Argentina. Localizada às margens do rio Paraná, a cidade é o lar de pessoas trabalhadoras, possui um porto bastante movimentado, tem o nacionalmente famoso memorial à bandeira, e possui dois times de futebol cuja rivalidade é uma das mais ferrenhas do país: o Rosario Central e o Newell's Old Boys.
A cidade também é a terra natal de Ernesto "Che" Guevara.
Ao longo dos últimos 15 anos, coincidindo com a ascensão do populismo de esquerda na Argentina e no resto da América do Sul, várias homenagens à figura de Che foram feitas. Todas com dinheiro de impostos. A mais proeminente é uma estátua de 4 metros de altura localizada em uma praça pública de Rosário.
A Fundación Bases [instituto liberal clássico ao qual pertence o autor] possui sua sede em Rosário. Em conjunto com a Naumann Foundation, decidimos lançar uma campanha para abolir todas as homenagem a Che Guevara financiadas e mantidas com dinheiro de impostos. A começar pela estátua em Rosário.
É claro que já sabíamos que isso iria gerar uma grande controvérsia, mas, honestamente, não esperávamos o nível da reação que ocorreu.
Sobre o homem
Mas quem foi Che Guevara?
Ernesto Guevara de la Serna, mundialmente conhecido como Che, veio de uma família aristocrática. Estudou medicina e, quando estava prestes a se formar, decidiu abandonar tudo e fazer uma viagem de moto pela América Latina.
Durante sua jornada, ele testemunhou uma realidade cruel e hostil em alguns dos lugares que visitou, vendo até mesmo exploração. Essa parte de sua vida virou filme hollywoodiano — Diários de Motocicleta —, estrelando a sensação latina Gael García Bernal.
Até então, no entanto, ele ainda não era um ideólogo comunista. Como explicou o sociólogo e historiador Juan José Sebreli, ele era apenas um jovem aventureiro à procura de uma causa, qualquer que fosse ela. Com efeito, ele até estava pensando em ir para a Europa atrás de novas aventuras quando conheceu os irmãos Castro no México, em 1955. Ele conheceu os irmãos Castro por meio de um exilado cubano que conhecera na Guatemala um ano antes, chamado Nico Lopez.
A partir de então, Che se uniu aos irmãos Castro e se tornou um revolucionário pela "libertação" de Cuba.
Foi sob o comando de Fidel Castro que Che alcançou sua única vitória militar. Todas as suas outras aventuras revolucionárias foram desastrosas, principalmente a derradeira, na Bolívia, onde morreu em 1967 (confira todas aqui). No entanto, antes, durante e após a Revolução Cubana, ele rapidamente se tornou conhecido por sua violência e impiedade.
Segundo o jornalista cubano Luis Ortega, que conheceu Che ainda em 1954 e que escreveu o livro "Yo Soy El Che!", o número de pessoas que Guevara pessoalmente mandou fuzilar foi de 1.892. Isso ocorreu tanto durante o conflito quando depois que os revolucionários já estavam no poder.
No total, o regime castrista em Cuba assassinou diretamente 10.723 pessoas. Outras 78.000 morreram tentando fugir da ilha. Mais 14 mil morreram durante as intervenções militares cubanas em países estrangeiros (como os da África), e mais 5.300 morreram na rebelião de Escambray (majoritariamente operários, campesinos e crianças, que formaram uma frente anti-Castro). E gerou 1,5 milhão de exilados.
Che não apenas se regozijava ao descrever em detalhes como ele estourava os miolos de algum "reacionário" capturado pelo regime, como também reconheceu perante a Assembléia Geral das Nações Unidas que "fuzilamos, sim, e continuaremos fuzilando enquanto for necessário".
Che também foi o responsável pela criação do primeiro campo de concentração da América Latina — no qual homossexuais e cristãos eram torturados e re-educados. Guevara, pessoalmente — e com grande regozijo — executou vários homossexuais, os quais ele assumidamente detestava. Toda uma rede de campos de trabalho forçado ao longo de Cuba foi criada para torturar gays e efeminados com o intuito de fazê-los renunciar às suas "perversões malévolas", as quais eram vista como o produto do capitalismo moralmente corrosivo.
Em 1965, Fidel e Che criaram as Unidades Militares de Ajuda à Produção, que nada mais eram que acampamentos de trabalho agrícola em regime militar, com cercas de 4 metros de arame farpado, onde os homossexuais e outros "marginais" realizavam trabalho forçado nos canaviais, com jornadas de até 16 horas, em condições desumanas muito semelhantes aos campos de concentração nazistas. Inúmeros artistas e escritores homossexuais foram perseguidos: Virgílio Piñera, Lezama Lima, Gallagas, Anton Arrulat, Ana Maria Simo e Alien Ginsber foram os mais notórios.
Che sempre dizia que o ódio era a mais poderosa força propulsora de qualquer movimento. Ele era um grande admirador de Josef Stalin.
Como servidor público, ele foi presidente do Banco Central de Cuba e Ministro da Indústria. Em ambos os cargos, fracassou miseravelmente. Como presidente do Banco Central, ele basicamente destruiu o peso cubano — que, durante as décadas anteriores, valia o mesmo que o dólar americano. Como planejador industrial, sua administração foi tão caótica que até mesmo compraram, sem saber, máquinas removedoras de neve para um país caribenho.
O regime que Che ajudou a estabelecer em Cuba foi e continua um dos mais autoritários e violentos do mundo. A polícia cubana, supervisionada pelo KGB, capturou e enjaulou mais prisioneiros políticos em proporção à população do que Stalin e executou mais pessoas (em uma população de apenas 6,4 milhões) em seus primeiros 3 anos no poder do que Hitler (que comandava uma população de 70 milhões) em seus primeiros 6 anos.
Esse mesmo regime confiscou a poupança e a propriedade de 6,4 milhões de cidadãos e tornou refugiada 20% da população de uma nação até então inundada de imigrantes e cujos cidadãos haviam atingido um padrão de vida maior do que o padrão daqueles que residiam em metade da Europa.
A remoção de todas as homenagens a Che
Com tudo isso em mente, a Fundación Bases lançou a campanha para "Remover todos os tributos a Che Guevara". Estamos pedindo às prefeituras das cidades argentinas que eliminem todas as homenagens estatais a Che que explodiram nos últimos quinze anos.
Sabemos que será difícil alcançar isso porque os mesmos políticos que criaram essa indústria pró-Che ainda estão no poder. Mas também sabemos que estamos começando um diálogo e um debate extremamente necessário.
Queremos que aqueles jovens e "adultos descolados" que usam uma camisa com a foto de Che Guevara saibam que ele não é um ícone da moda, mas sim uma fria e impiedosa máquina de matar. Vestir uma camisa com a imagem de Che Guevara é o mesmo que usar uma com a imagem de Stalin, Mao, Pol-Pot ou Hitler.
Ademais, queremos explicar às pessoas em nossa cidade que esse culto a Che representa uma completa falsificação da história. As autoridades locais que o elevaram ao status de um santo pagão não apenas se recusam a mencionar todos os seus crimes extensivamente documentados e comprovados, como ainda ignoram o fato de que ele nada fez pela Argentina. Com efeito, ele só viveu em Rosário até completar um ano de idade.
A Fundación Bases defende o liberalismo clássico. E o liberalismo clássico é exatamente o oposto de Che. Acreditamos na cooperação entre indivíduos e nações, no livre comércio e na paz. Como nosso diretor-executivo Franco López disse em uma entrevista à mídia colombiana, "defendemos os direitos humanos para todos, independentemente de sua ideologia política".
Muitos amigos e vários inimigos
Imediatamente após ser lançada, a campanha chamou grande atenção da mídia local. E, em julho, a revista The Economist dedicou uma matéria inteira a ela.
Após o artigo, a atenção dada pela mídia disparou. Dali em diante, basicamente todos os jornais, canais de TV e programas de rádio da Argentina passaram a repercutir nossa campanha. Por exemplo, no jornal La Nación — o mais tradicional e mais lido da Argentina — nosso artigo foi o mais acessado do dia.
E não é só. Também chamamos a atenção da mídia internacional, como "La Razón"(Espanha), "El Mercurio" (Chile), "El Comercio" (Peru), "Radio Marti" (Miami), apenas para citar os principais.
Definitivamente, o ponto alto da campanha tem sido a inestimável ajuda que recebemos de pessoas e instituições pró-liberdade. Pessoas como Bob Murphy, Gustavo Lazzari, Javier Milei, Steve Horwitz, Roberto Cachanosky, Marcelo Duclos. E também de institutos como Libertad y Progreso, Atlas Network, Austrian Economics Center, Independent Institute, Relial, Mises Hispano, Instituto Juan de Mariana e outros.
Em geral, a reação do público à nossa campanha tem sido espetacular. Nossas postagens nas mídias sociais têm sido enormemente "retuitadas" e compartilhadas. Aproximadamente 65% dos comentários nas mídias sociais têm sido favoráveis à ideia. Ainda mais importante, nossa petição online já recebeu mais de 14 mil assinaturas.
Obviamente, é impossível escapar das reações histéricas da esquerda. Fomos chamados de todos os nomes que você puder imaginar, de "neoliberais" a "neonazistas".
Já recebemos várias ameaças de morte e vários desejos extremamente doentios. Por exemplo, um cidadão no Facebook diz estar clamando pela chegada de uma ditadura comunista que nos fará desaparecer por completo.
Eis um fiel seguidor de Che Guevara.
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