Texto de Lillian Witte Fibe, publicado na revista Veja:
Pois é, ministra Cármen Lúcia, políticos presos seguem sendo libertados em todo o Brasil graças a seu voto de minerva.
Em nome do que, mesmo? Da segurança institucional?
Ora bolas, conta outra.
Quando a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, se reuniu com o presidente do Congresso, Eunício Oliveira, às vésperas da histórica decisão sobre o recolhimento noturno do senador Aécio Neves, minhas antenas jornalísticas me alertaram.
Mas não deu pra imaginar que as consequências seriam tão graves. Tão tristes para uma sociedade que clama pelo combate à corrupção endêmica.
Pelo fim dos bancos paralelos, das planilhas de propinas, pelo fim dos carros fortes transportando as nossas cédulas por ordem dos chefões das organizações criminosas.
A presidente do Supremo, tão experiente também em política, pois não há novatos nem ingênuos na corte, recuou num momento chave.
Poderia ter optado pela tolerância zero à corrupção, que até então parecia lhe pautar a vida. Os senadores ameaçaram desacatar o Supremo, que tremeu. Ela se reuniu com Eunício, e, em seguida, convocou o plenário. Quando deixou de lado a tolerância zero, optando pela negociação. E desempatou uma votação: cabe aos “legislativos” (câmaras municipais, assembleias estaduais, além do próprio Congresso) a última palavra sobre a punição a seus pares, a despeito do que diz a lei sobre o assalto contínuo que nos vitima a todos, o crime de roubo.
Em outras palavras: os juízes julgam, mas parlamentares… pensando bem, a única palavra que me ocorre é uma inexistente: “desjulgam”.
Parlamentares “desjulgam”.
Não há na língua portuguesa outro verbo para isso.
Aécio, foro privilegiado, foi penalizado pelo Supremo e “despunido” pelo Senado.
Daí em diante, a febre de soltura de outros corruptos reverberou pelo Brasil.
E os “legislativos”, imbuídos da autoridade que lhes foi concedida pelo mesmo Supremo, não demoraram a agir.
Portanto, a família Picciani, alvo, como sabemos, de uma das mais recentes e maiores operações da Polícia Federal, nada tem a temer.
Independente do que desembargadores decidirem hoje sobre os pedidos de prisão do Ministério Público, está tudo pronto na Assembleia para manter em liberdade seu líder máximo.
Que vem a ser pai do ministro do Esporte de Temer, Leonardo Picciani, mencionado em delação premiada.
Que pena, ministra Cármen Lúcia. Que pena.
Em nome do que, mesmo? Da segurança institucional?
Ora bolas, conta outra.
Quando a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, se reuniu com o presidente do Congresso, Eunício Oliveira, às vésperas da histórica decisão sobre o recolhimento noturno do senador Aécio Neves, minhas antenas jornalísticas me alertaram.
Mas não deu pra imaginar que as consequências seriam tão graves. Tão tristes para uma sociedade que clama pelo combate à corrupção endêmica.
Pelo fim dos bancos paralelos, das planilhas de propinas, pelo fim dos carros fortes transportando as nossas cédulas por ordem dos chefões das organizações criminosas.
A presidente do Supremo, tão experiente também em política, pois não há novatos nem ingênuos na corte, recuou num momento chave.
Poderia ter optado pela tolerância zero à corrupção, que até então parecia lhe pautar a vida. Os senadores ameaçaram desacatar o Supremo, que tremeu. Ela se reuniu com Eunício, e, em seguida, convocou o plenário. Quando deixou de lado a tolerância zero, optando pela negociação. E desempatou uma votação: cabe aos “legislativos” (câmaras municipais, assembleias estaduais, além do próprio Congresso) a última palavra sobre a punição a seus pares, a despeito do que diz a lei sobre o assalto contínuo que nos vitima a todos, o crime de roubo.
Em outras palavras: os juízes julgam, mas parlamentares… pensando bem, a única palavra que me ocorre é uma inexistente: “desjulgam”.
Parlamentares “desjulgam”.
Não há na língua portuguesa outro verbo para isso.
Aécio, foro privilegiado, foi penalizado pelo Supremo e “despunido” pelo Senado.
Daí em diante, a febre de soltura de outros corruptos reverberou pelo Brasil.
E os “legislativos”, imbuídos da autoridade que lhes foi concedida pelo mesmo Supremo, não demoraram a agir.
Portanto, a família Picciani, alvo, como sabemos, de uma das mais recentes e maiores operações da Polícia Federal, nada tem a temer.
Independente do que desembargadores decidirem hoje sobre os pedidos de prisão do Ministério Público, está tudo pronto na Assembleia para manter em liberdade seu líder máximo.
Que vem a ser pai do ministro do Esporte de Temer, Leonardo Picciani, mencionado em delação premiada.
Que pena, ministra Cármen Lúcia. Que pena.
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