terça-feira, 12 de dezembro de 2017

O que é o 'excitonium', nova forma de matéria finalmente comprovada após 50 anos de buscas

Pesquisadores da Universidade de Illinois, nos EUA, confirmaram de cinco formas diferentes a existência do 'excitonium'  (Foto: L. Brian Stauffer/Universidade de Illinois)
Foto: L. Brian Stauffer/Universidade de Illinois
Na década de 1960, o físico americano Bertrand Halperin teorizou sobre a 
existência de uma nova forma de matéria, a qual ele batizou de "excitonium". 
Desde então, diversas equipes de pesquisadores conseguiram encontrar 
evidências de sua existência, mas nenhuma delas definitiva – até agora.
Cientistas da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, conseguiram provar 
que a tal matéria existe. Liderada pelo físico Peter Abbamonte, a equipe 
desenvolveu um método para demonstrar de cinco formas diferentes que o 
excitonium é real, segundo seu trabalho publicado na revista científica Science. 
"Esse resultado é de importância cósmica", disse Abbamonte.
O excitonium é um condensado, portanto, um sólido, formado por partículas 
chamadas "éxcitons". Essas partículas são compostas por um par improvável: 
um elétron que se excita, ou seja, se energiza, e passa de uma faixa de energia para 
outra, e o "buraco" que ele deixa ao se mover.
Esse buraco "se comporta como se fosse uma partícula com carga positiva e 
atrai o elétron que escapou". A interação entre ambos forma o éxciton, diz o 
comunicado da Universidade de Illinois.
A dupla "estranha e maravilhosa", nas palavras dos cientistas, compõe a partícula. 
Se isso parece complicado, é porque de fato é. Segundo os pesquisadores, o 
excitonium "desafia a razão".
Para que serve?
De acordo com Guilherme Matos Sipahi, do Instituto de Física de São Carlos da 
Universidade de São Paulo (USP), 
a descoberta permitirá explorar melhor a 
mecânica quântica e as previsões feitas nesse campo de conhecimento. "Isso
 promove um avanço da ciência e pode levar a novas tecnologias."
O trabalho foi realizado em parceira com pesquisadores da Universidade da 
Califórnia em Berkeley e da Universidade de Amsterdã, na Holanda. Levou-se 
tanto tempo para chegar a esse resultado porque os cientistas não tinham as 
técnicas necessárias para distinguir o excitonium sem margem de dúvidas, 
uma tarefa que exigiu seis anos.

Em uma entrevista para a revista "Newsweek", Abbamonte contou ter se 
encontrado com Halperin, cientista da Universidade de Harvard hoje 
com 76 anos, e ele teria demonstrado muita felicidade ao saber da 
confirmação empírica de sua teoria.
O excitonium existe na literatura especializada há cinco décadas, mas os 
cientistas ainda não sabem quais são suas propriedades. Tanto que existem 
hipóteses opostas: alguns pensam ser um material isolante, enquanto outros 
imaginam que funcione como um supercondutor ou um superfluido, 
transportando energia sem dissipação.
Teorias das propriedades do 'excitonium' ainda são conflituosas (Foto: Peter Abbamonte/Frederick Seitz)
(Foto: Peter Abbamonte/Frederick Seitz) 
Teorias das propriedades do 'excitonium' ainda são conflituosas 
O novo desafio da equipe da Universidade de Illinois será identificar as 
possíveis funções do excitonium e, assim, apontar futuras aplicações. 
Em entrevista ao jornal britânico The Independent, Abbamonte comparou 
esta descoberta com a do Bóson de Higgs, também conhecida como a 
"partícula de Deus".
"Provar sua existência é crítico para 
validar as leis da Física como as 
conhecemos hoje."

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