segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Quem são os cientistas que querem encontrar o DNA de Jesus Cristo Amostras de relíquias sagradas podem conter material genético do Messias?

Quem são os cientistas 

que querem encontrar o

 DNA de Jesus 

Cristo

19/04/2017 - 15H04/ ATUALIZADO 15H0404 / POR GEORGE BUSBY*  





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Professor Kasimir Popkonstantinov e a caixa de mármore que pode conter a ossada de João Batista (Foto:  George Busby)
F
oi a primeira parada de uma jornada extraordinária. Numa tarde de janeiro brilhante e um pouco fria, me encontrava em uma pequena ilha do Mar Negro, fora de Sozopol, na costa leste da Bulgária. A ilha de Sveti Ivan tem sido um destino para viajantes: o lugar vangloriou-se do Templo de Apolo na antiguidade. Mas eu estava lá para falar com um velho arqueólogo búlgaro sobre a maior descoberta de sua carreira.
Em 2010, Kasimir Popkonstantinov descobriu o que ele acredita serem os ossos de um dos santos mais famosos: João Batista. Eu estava interessado no que a análise do DNA poderia nos falar sobre esses e outros ossos. Juntamente com estudante bíblico Joe Basile, eu trabalhava ao redor do mundo filmando um documentário sobre religião e evidências científicas, ligando fatos arqueológicos a Jesus Cristo.
Popkonstantinov fez sua descoberta escavando uma igreja do século 6 d.C. na ilha, construída em cima de uma basílica do século anterior. Enquanto ele raspava cuidadosamente a lama onde o altar deveria estar, encontrou uma placa de pedra e ficou encantado ao se deparar com uma pequena caixa de mármore embaixo dela.
Ele soube imediatamente o que era aquilo. Para uma igreja ser consagrada naquela parte da Europa no século 5, ela precisaria conter alguma relíquia de um santo ou personalidade religiosa. Aquela caixa, conhecida como relicário, deveria possuir tal objeto.
O arqueólogo continuou escavando e encontrou outra caixa menor a mais ou menos um metro de distância. Na beirada inferior do objeto estava escrito: “Que Deus te salve, servente Thomas. De São João.” Quando Kasimir abriu a caixa depois, encontrou cinco fragmentos de ossos.
O epitáfio na caixinha, provavelmente usada para transportar os ossos durante viagens, foi a evidência chave que o levou acreditar que a ossada pertencia a São João Batista. A descoberta é muito importante, em parte porque João Batista era discípulo e primo de Jesus — o que significa que eles dividem parte do DNA.
Vista da cidade de Jerusalém do Monte das Oliveiras (Foto:  George Busby)
Graças ao número de avanços científicos, o campo de DNA antigo (extração e análise de material genético de ossos e fósseis escavados) está bombando. Agora temos DNA de centenas de pessoas que morreram há muito tempo. Seu estudo está refinando nosso entendimento sobre a história da humanidade.
DNA como prova de identidade
Em um primeiro momento, eu estava um pouco cético sobre o que os ossos búlgaros poderiam nos ensinar. A princípio, nenhum teste de DNA pode provar que eles eram partes de João Batista, de Jesus ou de qualquer outra pessoa. Não podemos extrair e analisar um DNA e simplesmente dizer que ele pertenceu a alguém. Para isso, precisamos de uma amostra que veio com certeza de João Batista e então compará-la aos ossos. Só sequenciar o DNA não ajuda.
Outra consideração a ser feita é o risco de contaminação. No cenário ideal, antiguidades que queremos analisar geneticamente não deveriam ter sido tocadas por ninguém desde a morte da pessoa. As melhores amostras são escavadas, colocadas num saco e mandadas diretamente para estudo. Nos 500 anos entre a morte de João e o enterro dos ossos na igreja, qualquer um pode ter deixado seu DNA no material.
Mas nem tudo está perdido. DNA degenera com o tempo, então é possível testar qualquer amostra extraída de restos mortais para entender os sinais de degradação. Isso significa que podemos diferenciar as “contaminações modernas”. Também é possível extrair DNA de dentro dos ossos e tentar sequenciá-lo para diferenciá-lo do material genético mais recente já conhecido.
O que o DNA pode te contar
O DNA deveria ser usado como uma ferramenta adicional à arqueologia. Na minha opinião, existem dois benefícios que a análise de material genético pode trazer para essa festinha particular. Podemos comparar o DNA de uma relíquia com o DNA de outros objetos.
Se acharmos outras coisas que supostamente são de João Batista ou de parentes de Jesus, então poderíamos usar a genética para comparar os dois e ver se podem ser da mesma pessoa ou de alguém próximo. Além disso, nossa coleção de genes de pessoas de todo mundo está crescendo, e podemos usá-la para tentar adivinhar as origens geográficas dessas relíquias.
Então, o que os ossos búlgaros nos contam? A datação de carbono sugeriu que eles têm 2 mil anos de idade. Sua sequência de DNA apareceu para mostrar uma afinidade com populações do Oriente Médio.
Infelizmente, quando falei com o geneticista que fez a pesquisa, ele me contou que o DNA era pertencente à pessoa que extraiu o material dos ossos — o que significa que eles foram contaminados. Eles tinham pouco material para trabalhar, então é improvável que tenham material suficiente para descobrir a quem pertencia a ossada.
Material da ossada de Tiago, que alguns acreditam ter carregado os ossos do irmão de Jesus, está sendo sequenciado por geneticistas (Foto: English Wikipedia, CC BY-SA)
Mesmo assim também visitei outros cientistas que tinha relíquias em que a análise de DNA era possível. Por exemplo, pesquisas recentes identificaram DNA de várias pessoas no Sudário de Turim, um pedaço de roupa que alguns acreditam terem arrancadas de Jesus quando foi tirado na cruz.
Em Jerusalém também nos encontramos com um homem que estava no processo de sequenciamento do material de Tiago, uma caixa de giz do século 1 que pode ter guardado os ossos do irmão de Jesus. Também conhecemos um arqueólogo em Israel com vários pregos da crucificação, um dos quais ainda estava pregado no calcanhar de uma pobre alma crucificada. Infelizmente, é impossível extrair DNA do ferro.
Enquanto as análises não podem provar que esses artefatos são o que alguns pensam que são, a esperança é que algum dia eles possam promover uma descoberta da relação com seus descendentes modernos.
Vamos assumir por um momento que a contaminação pode ser completamente descartada e a análise demonstrasse que o Sudário se relaciona com o DNA da ossada de Tiago — e que ambos estão relacionados com os ossos búlgaros. Esse poderia ser o material genético da família de Jesus? Para responder a isso, tudo o que você precisa é um pouco de crença.
* George Busby é pesquisador associado no Statistical Genomics, da University de Oxford. Esta matéria foi publicada originalmente em inglês no site The Conversation. Leia o artigo original.
FONTE http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2017/04/quem-sao-os-cientistas-que-querem-encontrar-o-dna-de-jesus-cristo.html

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