Dona Regina mostrou que o problema não é apenas a classe política: a mídia hoje consegue a façanha de ser ainda mais inimiga do povo. #SomosTodosDonaRegina
Se o Brasil enfrenta uma crise de representatividade política como nunca se viu em uma história que não prezou muito pela representatividade política, tente analisar a quantas anda a crise de representatividade midiática.
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Até a classe política conseguiu, sobretudo nas últimas eleições, eleger uma meia dúzia de políticos com alguma admiração popular. É dificílimo fechar tal número na grande mídia, ainda mais em veículos consolidados pela lacração, como a TV e a mídia impressa.
Pergunte à Dona Regina. Na apresentação do programa Encontro, apresentado via de regra por Fátima Bernardes, e hoje por Ana Furtado, Dona Regina ousou dizer sua opinião ao, digamos, “debate” que o programa promove. Meu Deus. O caos reinou e provavelmente a Globo está a essa hora organizando reuniões de emergência. Como assim, alguém deixou uma pessoa dar sua opinião no ar, ao invés de deixar que o Brasil fique nas mãos de artistas defidamente lacradores?
No caso, Andreia Horta e Bruno Ferrari comentavam, com ares e esgares de um debate entre Umberto Eco e Benedetto Croce, as “performances” em que alguém ganhava dinheiro ficando parado pelado para algumas pessoas sem louça pra lavar e Estado Islâmico pra enfrentar faziam caras e bocas boquirrotas pegando no cara pelado aqui, ali e tratando aquilo como a Sagração da Primavera.
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Horta e Ferrari proferiam aqueles clichês que todos nós aprendemos em 10 minutos lendo textinhos nos ensinando o que falar se o assunto é gente com o cu aparecendo (“Ah, é arte”, “Se não expor é censura”, “Se não puder fazer em público é nazismo”, “preconceito”, “obscurantismo”, “o nazismo começou assim”, “fanáticos religiosos”, onda conservadora”, “igual ao nazismo”, “não entendem de arte”, “artista causa reflexão ao pôr o bilau pra fora”, “mas o nazismo” etc), às 11 fodendo horas da manhã, nas fauces do incréu telespectador, a este momento já benzendo um busto da Priscila da TV Colosso e berrando: “Poustas que las caceta, eu não vi o final de Caverna do Dragão pra testemunhar isso?!??!“, quando não mais do que de repente, surge Dona Regina.
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Dona Regina estava na platéia e pediu para dar sua opinião em meio aos clichês de lacração do Projacstão. Começou atacando o óbvio: não é contra a arte em si, mas sim contra a exposição de crianças a jirombas como se fosse algo normal.
Como já havíamos avisado, há verdades tão simples que só um intelectual é incapaz de perceber. Ou, no caso, alguém da massa falante, da intelligentsia, dos ídolos progressistas que fazem esquerdistas universitários que chamam a mídia de golpista e a Rede Globo de alienante vociferarem de tesão reprimido nas redes sociais aos berros de “lacrou”: atores da Globo.
Ora, por acaso alguém por aí é tão contra as aulas de Educação Artística que está querendo censurar artistas aleatoriamente? Ou por um moralismo carola? Ou a mando e soldo do MBL, o Gênese ao Apocalipse de tudo o que a esquerda e os progressistas globais sabem sobre o que não é eles próprios?
Não, nada disso. É tudo conversa fiada para fazê-los parecer heróis de resistência contra ditadores brutais que ameaçam o país desde o impeachment. Até mesmo a “arte” contemporânea, resumida a gente feia pelada tentando chocar a sociedade por dizer que faz sexo (spoiler: até nossas tatatatataravós fizeram), não sofreu nenhuma suposta censura por parte dos “obscurantistas” (i. e., nós, o povão).
Vide a performance Macaquinhos, constituída por gente feia pelada enfiando o indicador um no oritimbó do outro, numa centopéia humana de mau cheiro e falta do que fazer (realmente, a sociedade se choca ao descobrir o que gente feia precisa fazer pra conseguir fazer sexo). Ninguém quis que Macaquinhos fosse tirada do ar: o problema da performance do MAM foi colocar criança no meio. Mais alguma dúvida? No more questions, Your Honor.
Dona Regina, com uma simples frase que todo mundo sabe ser verdadeira, a não ser quem acredita na Rede Globo (ou seja, a esquerda), desmontou toda a falsa polêmica em voga na última semana. A crise de representatividade midiática estava escancarada: não tinha nada a ver com arte ou censura, tem a ver com proteção de crianças.
Ou melhor: só havia começado. Mais elementos da crise de representatividade midiática se seguiram, ordenados, coordenados e obedientemente condensados em pouco mais de um minuto.
Andreia Horta, diante de uma obviedade da vida, mas que não tem nada a ver com o discurso progressista feito por clichês roboticamente repetidos da esquerda e do Projacstão, deixou escapar um sorrisinho nervoso e disse que preferia não comentar.
Ora, a super atriz, cheia de prêmios e estudando nas melhores faculdades, a pessoa que entende de “arte” (*uivo da platéia fazendo “ooohhh”*) não consegue comentar uma frase simples como “uma criança não deve ser exposta a um homem nu”?
Basta alguém simplesmente descrever objetivamente a realidade para toda a esquerda, a progressistosfera chic que acha que entende de arte porque já teve uma aulinha sobre o mijódromo do Duchamps, toda a turminha que se matou por um semestre pra conseguir ler 30 páginas de Adorno e Benjamin na faculdade se calarem.
Como é fácil deixar um esquerdista calado. Life is short, but this time it was bigger. A vida é um pouco mais complexa, justamente ao se apresentar uma simplicidade que não é encoberta pelo discurso de clichês. Como Andreia Horta não podia gritar “Fora Temer!” (sem vírgula), “fascismo”, “nazismo”, “reacionários”, “ditadura militar”, “Inquisição”, “nazismo”, “obscurantistas”, “fanáticos religiosos”, “discurso de ódio” e “nazismo” de novo para Dona Regina, lá se foi todo o discurso que tinha montado. O progressismo tem alergia de realidade.
Bruno Ferrari, então, deu uma de desentendido, tergiversou, girou os olhos nos globos e tentou mudar o foco do status quæstionis perguntando ao que a criança havia sido exposta.
Não que Bruno Ferrari tenha a inteligência para perceber a sua jogada, mas a tática era fazer Dona Regina passar vergonha, por ser uma mulher de costume, que não iria responder: “A uma caralha” ao ator global. Dona Regina, na verdade, nitidamente embaraçada e com a voz trêmula, não cedeu terreno e respondeu que, pelo vídeo, testemunhar a criança tocando o homem nu não foi legal.
Nova obviedade, e agora Bruno Ferrari foi quem ficou calado. Será que era preciso desenhar?
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Andreia Horta, sem perceber que estava sendo vítima de uma sociedade em que a crise de masculinidade não permite que um homem sequer consiga terçar armas argumentativas, teve de ligar a metralhadora de clichês na posição hiper-automática e começou a papagaiada: “Ah, eu não concordo com a sua opinião, mas o que importa é que você não pode impor a sua opinião sobre a minha e nem o contrário”, como se criança diante de uma piroca fosse questão de “opinião” que conseguisse se afogar nessa poça de clichês.
Afinal, Andreia Horta comentou que sofreu muitas agressões ao defender a performance nas redes sociais. Sofreu. Muitas. Agressões. Nas. Redes. Sociais. Uma mulher adulta, vacinada, que já fez nu em cena, 34 anos, discursinho empoderado, conta bancária de quem nunca sofreu na vida (nem pra fazer Escola Paulista de Artes), preocupações de burguesia, reclamando que “sofreu agressões nas redes sociais”. Oooooohhh. Que pessoas xingavam a pobre coitada por ela defender criança junto a homem com jumelo pra fora. Puta merda. Mandá-la ir catar coquinho é agressão nas redes sociais? Tome uma de presente. É bem melhor do que passar a infância cercada de jonjolos.
E mais: para Andreia Horta, quem testemunhou o caso no MAM saberia que é uma performance muito “sensível”. Qualquer um poderia convidar Andreia Horta para ver psicóticos em crise de crack rasgando as roupas até cair sem se mover na Cracolândia e ver quão “sensível” é uma cena dessas, mas adiantamos que a moça talvez sinta nojinho. Também não mostrou por que acha aquilo “sensível” (a premissa oculta é a própria tentativa de sensibilização de crianças sendo sexualizadas diante de adultos, ou há alguma outra razão para o adjetivo?).
E, para tentar salvar o fiasco da tentativa de resposta de Bruno Ferrari, a espadachim Andreia Horta tentou terminar afirmando que é terrível o fato de os brasileiros ficarem escandalizados com um homem nu, como se fosse o homem nu o problema.
Dona Regina, que ouvia toda a surra de clichês impávida e colossa, destruiu todo o discursinho pré-fabricado em linha de produção fordista de esquerdista de showbizz e progressismo de Projacstão interrompendo a criatura e dizendo simplesmente o óbvio: Mas e a criança?
Para não ouvirmos o silêncio estrepitoso que seria a resposta de Horta e Ferrari, a apresentadora Ana Furtado tomou a voz e tentou cortar rapidamente, emendando: “É, [a criança] que estava acompanhada da mãe”, como se isso fosse alguma vantagem, e não um demérito desgraçado (no dia seguinte, a notícia de um menino encontrado nu na cela de um homem acusado de pedofilia, levado ali pelos próprios pais, poderia render algum comentário idêntico de Ana Furtado?).
Se as pessoas do Brasil reclamam da crise de representatividade política, a grande verdade é que ela é calcada, aprofundada e desgraçadamente embargada pela crise de representatividade midiática, que afeta até mesmo quem não tem interesse nenhum pela política.
Nunca os jornalistas, artistas, intelectuais e demais membros da classe falante estiveram tão contra o povo, protegidos do povo, com valores inimigos do povo, tentando falar em nome do povo apenas para tentar transformar o povo em massa de manobra de transformação revolucionária.
Ou seja: tenta-se criar uma meia dúzia de adjetivos (obscurantistas, fanáticos religiosos, nazistas, preconceituosos, extremistas, nazistas, censores, ditatoriais, nazistas… e já falamos em “nazistas”?) para que as pessoas tenham medo de dizer certas coisas, ainda que óbvias.
É o que jornalistas, atores, apresentadores e uma massa indescritivelmente homogênea, em que todos os jornalistas de um país continental têm uma única e mesma opinião formada sobre tudo, querem fazer com o povo.
O problema é: temas como pedofilia só conseguiriam ter uma mudança se o povo não levasse a dessensibilização para o centro do debate público. Foi o que o brasileiro, sobretudo a geração meme das redes sociais, fez com o Queermuseu e a performance do MAM: algo que funcionaria se feito lenta e paulatinamente, fazendo com que pessoas que acreditam em jornalistas acreditassem que não tem nada de pedofilia, que é isso, o problema são pessoas censoras e autoritárias e nazistas.
Basta alguém falar o óbvio, e melhor ainda quando é Dona Regina em cadeia nacional, que toda a logorréia cai por terra.
Como ninguém mais presta atenção ao Encontro, foi só no meio da tarde que uma reportagem avisando do que tinha ocorrido pela manhã tomou as redes sociais, e logo a hashtag #SomosTodosDonaRegina ficou em primeiro lugar nos Trending Topics do Twitter. O povo mesmo está contra jornalistas, atores, celebridades e demais profissionais da manipulação da opinião pública: nem o Twitter quis explicar o que era aquela hashtag, preferindo explicar outras de muito menor expressão.
O que farão agora? Chamarão Dona Regina de populista? De autoritária? De defender a tortura e a censura? De dizer que o nazismo começou com Dona Regina? Que Dona Regina é financiada pelo MBL e pela CIA e pelos Irmãos Koch? Ou usarão o clichê de “que bom que vivemos num sistema onde você, Dona Regina, possa falar” para não ter de passar vergonha tendo de responder à verdade que ela diz? Ah, ops. Isso eles fizeram.
O povo é Dona Regina. Não adianta os jornalistas falarem tanto em nome do povo, e tratar todos nós, Donas Reginas pelo Brasil, como se fossem Adolf Hitler. Os manipuladores ficarão cada vez mais calados e passando vergonha por seu discursinho pré-fabricado feito de clichês e palavras-passe como Andreia Horta, Bruno Ferrari e Ana Furtado.
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