Depois de gourmetizar a pedofilia, o #342artes de Paula Lavigne finge que a polêmica é sobre censurar a arte. Que tal discutir com Platão?
Guten Morgen, Brasilien! Como a polêmica da semana passada nunca termina, e como não é possível analisar as notícias e discussões atuais sem notar um continuum de temas forçando uma agenda numa direção, se analisamos a gourmetização da pedofilia nos casos do Queermuseu do Santander e do MAM, resta agora discutir arte – e com nada menos do que três pilares do pensamento ocidental: Platão, Aristóteles e Paula Lavigne!
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Se Paula Lavigne, Caetano Veloso, Fábio Porchat, Fernanda Montenegro, Cláudia Raia e demais outros atores da Globo e outros de igual QI querem tanto dizer que está acontecendo uma perigosíssima, violenta e ditatorial “censura” contra a arte no Brasil (ler fazendo “oohhhh” e com sussurros ao fundo), vamos discutir arte.
Mas vamos discutir arte mesmo. Nada de “ora, é um homem pelado, portanto é arte”. Tem de ser uma discussão sobre arte que vá desde Platão e Aristóteles até Paula Lavigne – três exemplos extremos na história do Ocidente – e entender, afinal, o que raios é arte, e que ela sempre teve relação com a política, e não é de hoje que enfrenta problemas com a censura.
Aliás, antes de fazer seu fracassadíssimo #342artes, produtores culturais sofreram com a censura de… Paula Lavigne, que junto a Caetano Veloso, tentaram censurar biografias “não-autorizadas”. Crianças podem estar perto de jebas, mas nunca adultos podem estar perto de informações que Paula Lavigne e Caetano Veloso não queiram em circulação, porque “é proibido proibir”.
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O próprio Platão parece descrever uma utopia perfeita na República em que os poetas teriam de ser expulsos, mas seus próprios diálogos são cheios de elementos poéticos. Sócrates também interpela o rapsodo Íon, em um diálogo socrático sobre inspiração poética, e discutem arte e como artistas se vêm na sociedade. Para não falar da Poética de Aristóteles: é a partir deste texto do Estagirita que podemos iniciar um estudo sobre filosofia da arte e entender o pensamento aristotélico sobre a mimesis, que será pedra de toque para definir o que é arte. E temos também Paula Lavigne, que contribui ao debate ocidental por… bem, por ter se oferecido em nudez precoce ao Caetano Veloso.
Afinal, o que impede que um bloco de mármore seja considerado arte, ou um bloco de mármore aleatoriamente esculpido seja considerado arte, mas cinzelado até ser transformado no David de Michelângelo, passe a ser tratado como arte? É fácil obter a resposta de uma criança ou dos maiores intelectuais do mundo – mas será que Paula Lavigne e nossos intelectuerdas de Facebook saberiam responder?
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Vamos até a arte moderna, e não adianta só falar do urinol de Marcel Duchamps – James Joyce, Virginia Woolf, O Grito de Edvard Münch são todas obras modernas que exigem mais conhecimento do que a piadinha do mictório no museu. Vamos discutir arte como gente grande?
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E mais: decadência ocidental, sexo infantil, bicordes de punk rock, o céu da Noruega, crítica literária, teoria das cores, a arte do jazz, Hesíodo e a Odisséia de Homero nesse episódio. (a gente sempre arruma uma desculpa pra falar da Odisséia…)
A produção é de Filipe Trielli e David Mazzuca Neto no estúdio Panela Produtora, com produção visual de Gustavo Finger da Agência Pier. Guten Morgen, Brasilien!
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FONTE http://sensoincomum.org/2017/10/14/guten-morgen-47-arte-paula-lavigne/
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